quinta-feira, 20 de maio de 2021

E se só se pudessem convocar para o Euro'2020 os que jogam em Portugal?

Semanas antes do Euro’2016, fizemos a seguinte pergunta: “e se existisse uma competição europeia de selecções onde apenas se pudessem levar os jogadores nacionais a actuar no próprio país?”

Em preparação para o Euro’2020, voltámos a querer entrar na “brincadeira” e voltámos a fazer a selecção dos nossos 23. Há 5 anos falhámos com alguns nomes, acertámos com outros e até repetimos escolhas que continuam a preencher as nossas medidas enquanto Treinadores.

Horas antes da convocatória final de Fernando Santos para o Euro, eis a nossa escolha segundo o nosso critério:

Beto – a experiência de quem já defendeu muitas balizas por essa Europa fora. O facto de aos 39 anos, ter passado da Segunda para a Primeira Liga, mostra que a informação que vem no cartão de cidadão pouco importa quando se trata de avaliar a competência de um profissional. Aliado aos seus atributos técnicos está uma personalidade muito carismática e apreciada por grande parte dos seus pares. O papel que poderá ter como tutor junto de guarda-redes mais novos, é algo que também apreciamos bastante e também por aí justificativo para esta nossa convocatória.

Diogo Costa – não é fácil escolher um suplente. A nossa sorte é que vamos tendo oportunidade de o ir vendo em acção no Porto, mas sobretudo na selecção Sub21. Parece-nos, sobretudo um guarda-redes de equipa grande, sempre muito comunicativo e muito concentrado tacticamente. Ou seja, faz muito do seu trabalho como guarda-redes sem ter necessariamente de defender. Já quando o tem de fazer, parece ter de trabalhar um pouco mais o seu preenchimento da baliza, ficando por vezes a sensação que poderia ter feito um pouco melhor.

Bruno Varela – dos guarda-redes mais influentes da época. Ou muito nos enganamos ou o Vitória de Guimarães poderia ter tido uma época ainda mais conturbada caso Bruno Varela não se tivesse apresentado com tanta qualidade. Num sector tão instável, foi o guarda-redes a salvar muitas vezes a equipa, em especial nos jogos em que o clube apresentou os resultados mais positivos. É verdade que poderia ter sido ainda melhor (como toda a equipa vitoriana) mas dentro de um descalabro total, foi dos que mais se salvou.   

Nuno Mendes - talvez, dos melhores jogadores do Mundo nascido em 2002. Tem de tudo, e tudo de bom. Não é fácil apontar algo mais negativo ou menos bom ao jovem lateral leonino. Mesmo assim, e para além da sua tenra idade, admitimos que poderá vir a ser ainda melhor quando vier a dar o "salto" para um clube ainda melhor a nível europeu. Clube esse que com certeza, será do Top10 do Futebol europeu.

Rúben Vinagre - ataca e defende como um extremo, o que para defesa-lateral não é muito positivo. Após uma leitura mais racional de alguns golos sofridos pelo Famalicão, verificámos que o seu posicionamento deixou algo a desejar. Já quando está em processo ofensivo, é um dos defesas-esquerdos que mais promete nessa Europa fora.

Pepe – categoria pura! Não é a idade que o limita. Pelo contrário, poucos jogadores devem reconhecer as suas limitações tão bem como o Pepe. Cada vez mais preciso na dimensão Táctica do jogo, apostando na antecipação e num correcto posicionamento para corrigir uma eventual perda de velocidade e agilidade fruto dos seus 38 anos. Sempre agressivo, parece ter perdido alguma imprudência que o caracterizou ao longo dos anos. Quem jogar ao seu lado, tem tudo para crescer e se tornar também ele num central d topo.

Gonçalo Inácio – uma das surpresas da época. Admitimos que não conhecíamos este miúdo, e que bela surpresa se mostrou este jovem defesa-central. Numa linha bastante experiente, com Coates e Feddal, Gonçalo Inácio conquistou a titularidade como central do lado direito, corporalizando uma das palavras mais importantes do Futebol: eficácia. Sem ser muito exuberante, passando muitas vezes despercebido em relação a Coates e Feddal, Inácio não precisou de muitos jogos para ganhar o seu espaço e acabar como titular indiscutível dos campeões portugueses.

Fábio Cardoso – um dos casos mais peculiares da nossa liga. Bastante elogiado por muitos colegas de profissão, há algum tempo que se lhe antecipa um “salto” para outros voos. Curiosamente, acabou a época sem ter que o fazer, visto ter ajudado e muitas vezes capitaneado o Santa Clara para a 6º posição, alcançando a vaga da nova Conference League. Defesa a 3 (5) ou defesa a 4, Fábio Cardoso é um dos defesa-centrais tacticamente mais competentes do campeonato, tentando corrigir dessa forma, algumas debilidades mais individuais ao nível da agilidade e da mudança de velocidade.

Diogo Leite – está a tardar a confirmar todo o potencial que se lhe antecipava. E talvez por isso hesitámos tanto em inseri-lo na convocatória. Mas o facto de ser esquerdino, permite-lhe ganhar terreno perante muitos outros concorrentes. Pode parecer um preciosismo mas a verdade é que valorizamos bastante a relação do pé dominante com o espaço que os jogadores ocupam no campo. Diogo Leite parece estar muito preso à sua relação com Diogo Queirós, onde ambos se transformam para muito melhor, complementando-se de uma forma única. Contudo, a verdade é que quando jogam separados a qualidade acaba por ficar mais condicionada.  

Ricardo Esgaio – está-se a tornar cada vez mais num jogador bastante completo. Daquelas adaptações de extremo para lateral que correram muito bem. Nota-se que é um jogador que tem “escola” e que ao longo dos anos tem aprimorado e corrigido algumas debilidades no seu jogo. Parece-nos mais competente numa defesa a 3 (ou 5), podendo oferecer mais ao jogo com essa estrutura, mas mesmo numa defesa a 4, não deixa de cumprir com as suas tarefas defensivas. O facto de ser um dos capitães do Braga, mostra a importância que o jogador também tem dentro do balneário.

Fernando Fonseca – parece que tem pilhas que nunca mais acabam. Velocidade, agilidade, agressividade, tem aquilo que um bom defesa direito deve ter, mostrando que quando chegou a ser apontado à Juventus, o feito não foi por acaso. A esses atributos mais “físicos” juntam-se outros que lhe permitem antecipar qualidade num jogar mais apoiado e posicional. Valorizou-se bastante ao longo da boa época do Paços, esperando-se contudo, que venha a melhorar ainda mais na próxima época, em especial na ligação com o sector mais ofensivo.

Palhinha – considerado por muitos o melhor jogador do campeonato, Palhinha é daqueles médios que qualquer treinador (arriscamo-nos a dizer) do Futebol europeu gostaria de ter no seu plantel. Não lhe chegava ser muito competente a nível táctico-técnico, Palhinha é um verdadeiro “Bicho” ocupando o meio-campo de uma forma brutal como um gigante que é. Parece estar sempre comprometido com o jogo a 110%, tentando corrigir potencias incorrecções posicionais dos seus colegas. Recorde-se que joga normalmente apenas com mais um colega no eixo do meio-campo leonino, mas isso, nem se chega a notar, tal é a sua competência em preencher todo o meio-campo.

Pepê – contratação importantíssima para o Famalicão, mas em que estranhámos a incapacidade que teve em se assumir no Olympiakos. Felizmente para o campeonato português, regressou e logo para ser um dos melhores jogadores da segunda volta da Liga. Sempre muito cerebral, poderá não ter a “intensidade” ou “agressividade” que muitos treinadores gostam de ver para a posição mais recuada do meio-campo – não é por acaso que temos tão poucos jogadores portugueses a actuar nessa posição em Portugal. Pensa, mas também, executa sempre muito bem, saindo a bola sempre muito “redondinha” dos seus pés. Deixou muita água na boca para a próxima época.    

Sérgio Oliveira - quem o viu e quem o vê. Quanto a nós, das maiores evoluções do Futebol português nos últimos anos. Com um estilo muito próprio e sem ser um jogador muito exuberante, é extremamente competente a nível táctico, compensando dessa maneira alguma falta de pujança "física" tão valorizada por Sérgio Conceição. Já a nível técnico, atingiu um nível que o coloca como um dos melhores médios-centro do Futebol europeu.

João Mário – tornou-se um jogador diferente daquele que o conhecemos quando se assumiu no Sporting. Mesmo ao longo da época não teve a consistência que a sua grandeza se lhe exigia. Fez jogos absolutamente deliciosos, sempre com a conquista de espaços como referência, fosse com bola através do passe, fosse sem bola à procura de a receber. A exigência de um meio-campo a dois, talvez tenha exigido dele algo que não estaria preparado para assumir com tanta disponibilidade, depois de anos em que não foi escolha indiscutível no seu clube. Por vezes parecia mesmo algo envergonhado e alienado do jogo, mas isso era “só” a sua concentração máxima como grande médio que é.

Daniel Bragança - a suplesse em forma de jogador de Futebol. Digam que funções querem que ele desempenhe no meio-campo que ele as fará com superior qualidade - qualidade essa também muito dependente de quem tiver ao seu lado, como já escrevemos aqui no blog. Dos jogadores mais competentes no plano táctico-técnico que Portugal tem ao seu dispor. Joga, mas também faz jogar. Há quem diga que lhe falta isto e aquilo, em especial nas capacidades menos cerebrais do Jogo. Mas o que ele tem, têm-no de muito bom!Fábio Vieira - requinte e elegância, são duas das melhores qualidades que definem este miúdo. Sem "perfil" para ter um papel constante no FC Porto, deverá, quanto a nós, procurar uma equipa que apresente um outro jogar, mais propenso ao seu jogo mais técnico e cerebral. O Porto encaixaria muito dinheiro, e ele ganharia uma importância maior no panorama do Futebol nacional.

Pote – parece que não tem nada de especial. Nem tão pouco é fácil defini-lo quanto ao conceito de “posição” e de “função”. A verdade é que foi campeão e o melhor marcador do campeonato. Este antigo gordinho transmontano fez-se um verdadeiro jogador, com características muito próprias e um talento enorme para vir a ser uma peça importantíssima para a história do Sporting. Cerca de 25 anos depois, voltámos a ter um “Melhor Marcador” português, bastando ver o último jogo do campeonato para conhecer melhor o faro, inteligência e leitura que este médio e/ou avançado tem.

Ricardo Horta – dos jogadores mais subvalorizados (do mundo?) do Futebol. Lamentamos muito como ainda não conseguiu ter o seu espaço junto de Fernando Santos, até quando se apresentava numa “forma” única em comparação com outros compatriotas. Lá na frente consegue apresentar qualidade a jogar por dentro, por forma, mais como médio, mais como avançado. Peçam-lhe o que quiserem que ele cumpre com muita irreverência e competência. Por vezes vamos longe à procura de Talento, com jogadores desta qualidade aqui tão perto. Dos nossos preferidos!

Nuno Santos – tem crescido degrau a degrau. As duas roturas de ligamentos que sofreu há anos atrás faziam crer que dificilmente conseguiria alcançar todo o potencial que se lhe previa, primeiro no Porto e depois no Benfica. Curiosamente alcançou a glória num terceiro “grande”, com um papel mais ofensivo do que aquele que mostrou em Rio Ave. Agressividade e objectividade, são as suas melhores armas para atacar a profundidade do ataque leonino, e como isso foi importante em certos jogos do campeonato!   

Rafa Silva – uma carreira de altos e baixos, fruto de uma inconsistência que persegue o seu Futebol, tal como as constantes mudanças de velocidade que imprime no seu jogo. O melhor Rafa Silva que já tivemos oportunidade de ver, é sem dúvida um jogador diferenciado. Contudo, o pior Rafa Silva, é um jogador que roça o mediano, com um poder de finalização muito aquém do esperado. Como optimistas, preferimos o primeiro e assumiríamos a sua convocatória.

Paulinho – talvez o jogador mais “bipolar” da convocatória. Desde logo pelas suas características únicas, de ser um ponta-de-lança bastante altruísta que mais do que jogar, faz jogar os outros. A sua especificidade é algo de tão belo como complexo, que exige à equipa, mas sobretudo ao Treinador, saber “espremê-lo até ao tutano” para ele ser capaz de oferecer à equipa tudo o que de melhor sabe fazer. Acreditamos que mesmo já não sendo nenhum jovem, tem capacidade para crescer ainda mais e limar algumas arestas que o fazem ainda ser “odiado” por alguns adeptos. Mesmo os sportinguistas.

Tiago Tomás – a flecha em forma de jogador de futebol: rápido, esguio e objectivo, julgamos que é a melhor forma para caracterizar o futebol de Tiago Tomás. Na nossa opinião, falta-lhe curiosamente a capacidade de carregar no “pause” para fugir um pouco ao seu estilo demasiadamente vertiginoso, já que acreditamos que o Futebol não deva ser sempre jogado a “mil à hora” como ele gostaria. Também por todo o crescimento que se lhe prevê, acreditamos que tem um potencial enorme para vir a ser um jogador de topo. Mas também acreditamos que tanto ele como quem o rodeia, terá de olhar para essa dimensão potencial, e não querer queimar etapas que o queiram colocar aonde ele (ainda) não está.



 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

O vai e vem do Futebol do Interior de Portugal

Fonte: Facebook GD Bragança
Com a realização da última jornada do Campeonato de Portugal durante o último fim-de-semana, ficámos a conhecer os resultados finais dos diferentes destinos das equipas deste campeonato. Entre lutas pelo acesso à Liga 2 e à Liga 3, manutenção no Campeonato de Portugal e descidas aos distritais, tudo ficou decidido.

No meio de algumas surpresas houve um padrão comum que se manteve: a descida aos distritais dos clubes do Interior mais profundo de Portugal.

Clubes como o Bragança, Águia Vimioso, Vila Cortez, Alcains, Lusitano Évora e Moura, são exemplos disso. Felizmente também existiram equipas que contrariam essa tendência, mas os exemplos são poucos para aquilo que gostaríamos de ver.

Nessa reflexão, e tendo a noção que estamos longe de ser “experts” na matéria, temos para nós que uma pequena alteração nos quadros competitivos iria criar mais justiça nesta questão: A necessidade de ajustar a divisão das Séries, fugindo da lógica meramente horizontal, tanto a nível sénior, como ao nível da Formação.

Ou seja, sabendo de antemão que qualquer tipo de divisão acabaria por ser injusta para alguém, acreditamos que uma divisão das séries tendo por base feixes horizontais, que vão da costa portuguesa até à fronteira com Espanha, está completamente desajustado de uma realidade que ultrapassa o plano desportivo.

Para se ter uma ideia, relembramos aqui que em 2015/2016, a equipa de Sub17 do SC Mêda do campeonato nacional, da qual fazíamos parte, realizou mais de 1900km para as suas deslocações como visitante, só na primeira fase, em que para a sua viagem mais curta teve que fazer 189km. Só de ida!


Ora, se enquanto contexto formativo, os jogadores do Interior já sofrem bastante do desajustamento dos quadros competitivos, não se espere que quando alcançam o patamar sénior consigam “bater-se” de igual para igual com as equipas do litoral, que fruto das circunstâncias sócio-económicas do país, já são bem mais propensas a alcançar melhores resultados desportivos.

Embora esta proposta esteja ligada às questões da gestão e organização dos quadros competitivos, acreditamos que as suas repercussões seriam bem mais técnicas do que possa parecer, criando um contexto de desenvolvimento muito mais rico e ajustado para os jovens do Interior.

Em suma, fica aqui apenas uma ideia de quem é natural e reside nesse mesmo Interior profundo, apaixonado pelo Fenómeno EcoAntropoSocialTotal que o Futebol é…

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Quando Sterling e Diogo Jota bateram Holding nas alturas - uma reflexão sobre a "Estatura"

Dois golos sofridos pelo Arsenal em jogos diferentes com o mesmo padrão comum: cruzamento ao segundo poste e um baixinho ganha o duelo aéreo ao grandalhão.


No caso, primeiro Sterling e depois Diogo Jota, 1,70m e 1,78, respectivamente, "bateram" Rob Holding, de 1,88m, nas alturas.

Não queremos aqui parecer fundamentalistas. Mas a verdade é que acabamos muitas vezes por questionar o porquê de valorizarmos tanto a questão da estatura em certas posições como a de defesa-central e a de guarda-redes.

Temos consciência que com uma elevada estatura, estamos mais propensos a ter sucesso em determinadas situações de jogo, mas a realidade é que lances como estes a top provam que essa característica possa não ser assim tão determinante como possa parecer.

Além disso, acreditamos que ao sobrevalorizar a questão da estatura para um defesa-central, corremos o risco de estar a “reduzir” muito a potencialidade deste jogador, correndo mesmo o risco de retirar ao Jogo o seu lado Táctico. Ou seja, considerando a estatura como um filtro indispensável para a selecção de um defesa-central, podemos não estar a olhar para todo o lado mais colectivo e complexo do Jogo.

Até porque uma boa estatura não implica directamente uma boa capacidade de cabeceamento. Para isso é também importante uma boa técnica de corrida e de chamada, uma boa capacidade de impulsão, uma boa noção de timing de salto… além do tal lado mais Táctico como o posicionamento, a colocação dos apoios, a antecipação…

Coisa que Rob Holding não teve contra Sterling e Diogo Jota.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Daniel Bragança e mais uma reflexão sobre o conceito de Posição

Foto: Observador
“As posições são importantes para potenciarem as relações que queremos criar no nosso jogo, seja a defender ou atacar, mas são mais importantes as relações do que as posições. É mais importante a capacidade de jogadores de interpretarem diferentes timings e diferentes momentos.” Vítor Matos in Descodificando o Treinador e o Jogo

Ao vermos Daniel Bragança jogar nos Sub21 como vértice recuado de um losango de meio-campo, ficamos mais uma vez a reflectir sobre aquilo que é o conceito de “Posição”. Ainda para mais condicionados pelo nº 10 que tem na camisola, perguntamos-mos… afinal qual é a “Posição” de Daniel Bragança?

Não é nada fácil responder. O comentador do jogo contra a Suíça, Blessing Lumueno, sugere que mais do que médio-defensivo, médio-centro ou médio- ofensivo, Daniel Bragança é “médio”, mostrando o quão difícil é, por vezes, catalogarmos alguns jogadores em função da sua posição.

Reportando-nos à reflexão inicial do Vítor Matos, imaginamos como seria ver o Daniel Bragança ocupando aqueles espaços à frente da linha-defensiva, se tivesse à sua frente outros jogadores que não Vitinha, Pote ou Fábio Vieira. Ou seja, consideramos que Daniel Bragança realizou a exibição que realizou, sendo mesmo considerado o “Melhor em Campo”, porque estava inserido numa rede de conexões muito própria e propensa a que ele conseguisse manifestar toda a sua qualidade. Qualidade essa sustentada num jogar muito técnico, apoiado e associativo.

Ou seja, de um ponto de vista fractal, dificilmente Bragança pudesse estar melhor contextualizado para poder exprimir toda a sua qualidade. Em todas as escalas (individual – micro – meso e macro) assistíamos a circunstâncias quase perfeitas, mas sobretudo muito semelhantes para a tal propensão de comportamentos positivos.

Imaginemos agora o mesmo jogar, a mesma estrutura, mas com outro perfil de jogadores. E com Daniel Bragança no vértice contrário. Acreditamos que, se esses jogadores se conseguissem relacionar com a mesma eficácia e eficiência deste meio-campo frente à Suíça, Daniel Bragança se pudesse apresentar na mesma com tanta ou mais qualidade. Mesmo, ocupando posicionalmente outros espaços em campo que necessitam, logicamente, de ajustes corporais e funcionais, Bragança parece ter a qualidade suficiente para apresentar o mesmo grau de eficiência e eficácia.

Resta-nos lamentar que no seu clube ainda essa rede de conexões não tenha o espaço necessário para Bragança. Seja em que posição for…

segunda-feira, 29 de março de 2021

A retoma do Futebol de Formação e os Essugos desta vida

"No regresso, na retoma, vão aparecer aqueles que são mais empenhados, dedicados, aqueles que realmente fazem do Futebol a sua Paixão." (Luís Dias, Futebol Total - Canal 11)

Ainda a propósito de Dário Essugo.

Vivemos um momento muito interessante para avaliarmos aqueles que realmente estão na busca do sonho do Futebol profissional. Aqueles que aproveitaram o tempo de pandemia de uma forma tão positiva quanto possível, continuando com a força emocional e mental necessárias para virem a atingir o sonho que tanto dizer querer alcançar.

Numa altura em que, se tudo correr bem, estamos perto da retoma do Futebol de Formação, existe muita expectativa daquilo que será o nível motor (já nem diremos técnico) das crianças e jovens.

Fica assim preparada a nossa pergunta para o primeiro dia de regresso aos treinos:
- será que te empenhaste e dedicaste o suficiente para alcançar o teu sonho no Futebol!?

quinta-feira, 25 de março de 2021

Relatório de Scouting #1 - Andreas Schjelderup

Parecem estar na moda os miúdos de 16 anos que jogam! Andreas Schjelderup tem estado em altas na últimas semanas. Um verdadeiro diamante nascido no
FK BODØ/GLIMT que está ser limado no FC Nordsjaelland.

👍É daqueles jogadores excitantes só pela forma como se relaciona com bola. O seu jogo de pés faz lembrar o daqueles jogadores habilidosos de Futsal, dada a relação tão próxima que ele tem com a bola, sendo por isso natural que a qualidade de drible é aquilo que nos chama mais a atenção no Andreas.
É um jogador muito ágil no 1v1, fazendo valer uma superioridade qualitativa individual num enquadramento colectivo. Ou seja, embora se faça valer do individual, não é individualista.
Destro, já marcou e assistiu com a canhota.

👎Precisa de melhorar a sua capacidade defensiva. Tanto a uma escala mais individual como colectiva, o Andreas mostra pouca agressividade e determinação no processo defensivo. Muitas vezes apenas "esboça" uma ligeira pressão ao portador da bola, permitindo que este tenha bastante liberdade para atacar.
Dado o posicionamento que ocupa muitas vezes em campo, que lhe exige maior competência defensiva, esta sua abordagem mais ligeira pode comprometer bastante a sua equipa, pelo que poderá ser necessário reflectir melhor sobre o seu posicionamento.

💡Fazer parte de um clube com a cultura de juventude do Nordsjaelland assim como de toda uma geração de talentos noruegueses, permite antever uma boa oportunidade de investimento neste jogador.
O facto de ter passado ainda pela formação do Bodø/Glimt antevê que Andreas esteja a criar boas bases desportivas e humanas para o futuro.
Mantendo a irreverência, imaginação e criatividade no seu jogar, estamos perante um miúdo que pode desbloquear individual e colectivamente uma estrutura defensiva adversária bastante coesa.

⚠️Trata-se de um miúdo com enorme potencial, podendo assim chamar a atenção de grandes clubes europeus, à semelhança do que fez outro talento adolescente Norueguês, Martin Odegaard. Caso desperte a atenção de colossos europeus, fica mais difícil para clubes mais humildes conseguirem adquirir o seu passe.
O facto de ainda ser bastante novo e vir a ser contratado por um clube de topo mundial, pode criar no jogador algum deslumbramento, sendo assim necessário avaliar melhor a componente emocional do jogador.



segunda-feira, 22 de março de 2021

Antony e a sua auto-avaliação

"Tenho muito que melhorar ainda...
A perna direita tenho que melhorar... Algumas vezes a moviementação, o posicionamento tenho que melhorar." (Antony)

Acreditamos que todos os jogadores queiram melhorar.

Aliás, através das redes sociais vemos que são muitos os exemplos de jogadores que tentam melhorar através da realização de treino complementares.

Treinos esses, maioritariamente realizados em ginásio. Ou seja, é hábito vermos jogadores a treinar "por fora" para serem mais rápidos ou mais fortes.

Mas não faria mais sentido vermos os jogadores que optam por realizar treino complementar a irem mais de encontro ao pensamento de Antony do Ajax!?

Se os jogadores dispendessem tempo de treino complementar a melhorar o pé não-dominante, a melhor a imprevisibilidade, a melhorar recepção, etc. como passam a dispender para tentarem ser mais rápidos e mais fortes, de certeza que teríamos um Futebol bem mais rico!

terça-feira, 16 de março de 2021

José Fonte e as suas parelhas


"Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és"

Johann van Goethe foi o autor desta célebre expressão que parece estar a ser imortalizada por José Fonte.

O defesa-central português tem mostrado que a idade é apenas um detalhe que está no cartão de cidadão, e não pára de ajudar jovens defesas-centrais a potenciar todo o seu Talento.

Virgil Van Dijk
Tiago Djaló
Dejan Lovren
Sven Botman
Toby Alderweireld
Gabriel Magalhães

Com esta lista podemos concluir que:

"Joga com o José Fonte, e serás dos melhores defesas-centrais da Europa."

quarta-feira, 10 de março de 2021

O orgasmo e a primeira fase de construção

"Agora o orgasmo no Futebol já não é o golo, é a primeira fase de construção. Atingem o orgasmo na primeira fase, para depois, por vezes, passarem aquela pressão e esticarem para a profundidade…”
Fernando Valente in Descodificando o Treino e o Jogo, de Rémulo Jónatas

Muitos dizem que é para atrair e ganhar espaço nas costas dos médios adversários... mas será mesmo com essa intencionalidade? 

domingo, 7 de março de 2021

Crítica de Leitura - "Descodificando o Treinador e o Jogo" de Rémulo Jónatas

Depois de termos acompanhado o Rémulo Jónatas e a sua “Quarentena da Bola” através das suas partilhas diárias em vídeo, achamos importantíssimo que as mesmas tivessem sido escritas em papel.

O autor do fenómeno achou o mesmo e criou o livro “Descodificando o Treinador e o Jogo – Do Jogo Pensado ao Jogo Jogado – Um guia completo” da editora Prime Books.

Contudo, desengane-se quem achaque o livro é uma transcrição linear das conversas em directo das redes sociais. Como o próprio disse “não escrevemos como falamos”, já que “a linguagem escrita pressupõe maior objectividade e uma maior atenção às normas gramaticais”. Além disso, com tantos “episódios” seria normal não ser possível passar todo o conteúdo das conversas para um só livro.

Ao contrário dos diferentes programas em directo, em que o mesmo estava direccionado para os treinadores convidados, e a temática subjacente ao seu domínio, o livro tem uma estruturação orientada para os diferentes tópicos descritos. Ou seja, dentro dos seus 11 capítulos, existem depois diferentes sub-temas que são abordados, estando aí descritos as linhas de pensamento de cada Treinador.

Por exemplo, no Capítulo 2 “Descodificando o Treino”, vários treinadores falam sobre “Exercícios de Treino; Criação de Exercícios; A Importância do Exercício; O Treino como Espelho do Jogo e como Mola e Molde de Comportamentos”.

 

O facto de ficarmos a saber através desta “Quarentena” como pensam e operacionalizam alguns dos melhores treinadores portugueses da actualidade, por si só, já era um facto de leitura obrigatória.

O livro está muito bem estruturado, ajudando o leitor a ter uma fluidez de leitura bastante interessante e conectada sobre as diferentes temáticas.

Por ser um livro em que achamos ser, fundamentalmente, de “Treinadores para Treinadores”, é muito rico e completo, já que toca nos mais diversos pontos de interesse sobre o Jogo e sobre o Treino.

Torna-se ainda mais importante para aqueles treinadores de equipas mais humildes que muitas vezes têm de assumir quase na totalidade os diferentes papéis de uma equipa técnica, sendo por isso e ao mesmo tempo os Treinadores Principais, Treinadores-Adjuntos, Treinadores de Guarda-Redes, Scouts, etc.

No entanto, por questões de proximidade de pensamento e de admiração profissional gostaríamos de ter lido mais vezes ao longo do livro, as ideias do Vítor Matos, Jorge Maciel e Vítor Severino.

 

Mesmo assim, foram vários os pensamentos sublinhados, podendo encher uma dúzia de folhas de citações que nos irão acompanhar nos próximos tempos. Para não sermos demasiadamente maçudos, deixamos aqui três transcrições de pensamentos de três treinadores diferentes.

Sobre o Jogo.

“Agora o orgasmo no Futebol já não é o golo, é a primeira fase de construção. Atingem o orgasmo na primeira fase, para depois, por vezes, passarem aquela pressão e esticarem para a profundidade…” Fernando Valente

Sobre o Treino.

“Num exercício o importante é avaliar o grau de satisfação dos jogadores, e não do treinador. Podemos achar que criamos um excelente exercício, mas se os jogadores não estão satisfeitos a realizá-lo, se não estão a conseguir captar o que queremos daquele exercício para o jogo, então temos que perceber que aquele não é o exercício certo. Porque os jogadores são quem defendem a forma de pensar do seu treinador.” Luís Castro

Sobre a Formação.

“Quando falo de futebol de formação em Portugal relembro sempre os casos do Bernardo Silva e do João Félix. Dois jogadores com um talento extraordinário, ninguém dirá o contrário, mas que tiveram muitas dificuldades em impor-se em algumas fases do seu percurso formativo. Ou seja, suscitaram muitas dúvidas àqueles que foram responsáveis pelo seu percurso de formação. E para mim isso só pode ser visto por um prisma: aquilo que as pessoas queriam não era que aparecesse o Bernardo Silva ou o João Félix que vemos hoje. Queriam sim era ganhar jogos e campeonatos.” José Boto

 

Para além de recomendarmos a sua aquisição e leitura, julgamos que este livro está muito bem elaborado para que todos os treinadores estruturem a sua linha de pensamento sobre as temáticas abordadas.

Ou seja, sugerimos que, através dos diferentes tópicos, criem o seu próprio livro, assentando em papel as ideias que têm sobre o treinador, o treino, sobre o jogo, sobre o treino dos guarda-redes, sobre a análise, o scouting e a identificação de talento, sobre o seu desenvolvimento, sobre a formação e sobre a gestão… a nós tem-nos ajudado imenso.

 

Assim sendo, resta-nos agradecer ao Rémulo e à sua “Quarentena da Bola” por este maravilhoso projecto transcrito para papel. Bem-haja.

segunda-feira, 1 de março de 2021

Simão Sabrosa e a questão de quem joga em função de quem

"Antes os laterais jogavam em função dos extremos.
Agora são os extremos que jogam em função dos laterais." Simão Sabrosa

Será uma simples moda!? Será uma evolução estratégica dos jogares!? Será uma necessidade das alterações funcionais destes jogadores!?

Ou estará Simão Sabrosa errado na sua visão!?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

As cores da Aprendizagem

🧠⚽ Uma das frases que mais me tem feito reflectir nos últimos tempos, é esta frase do Professor Vítor Frade: "o Futebol não se ensina, Aprende-se."

Curiosamente, o mesmo acontece a uma infinidade de fenómenos quotidianos, como o tanto provam os bebés e crianças na sua aquisição de competências no seu dia-a-dia.

Contudo, mais que reconhecer esta qualidade do ser Humano, importa muito saber operacionalizá-la no Treino, quando a aplicamos no Futebol. E aí é que está a grande beleza e o grande desafio da questão...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

A legitimidade de um golo: Marché - Corona - Taremi

Pontapé longo de Marchesín. Fantasia de Corona. Finalização de Taremi.

Assim se fez o segundo golo do FC Porto frente ao SC Braga. Uma simplicidade de processos aparente que não é assim tão básica quanto possa parecer. Senão, vejamos…

Marchesín reconhece a superioridade numérica dos jogadores do Porto na extrema-esquerda, em 3v2 ou 2v1, dependendo da perspectiva.

Luiz Diaz disputa o lance, permitindo a Corona ficar em situação de antecipação para eventual ressalto.

Corona em situação de 1v1 ofensivo é propenso a ter sucesso.

Agressividade táctica no ataque à baliza do Braga por parte de muitos jogadores do Porto.

Taremi reconhece o melhor espaço para poder ficar em óptima situação de finalização.

Por vezes temos a tendência de sobrevalorizar golos consequentes de 30 passes, mas a verdade é que este golo do Porto é tão legítimo quanto esses.   




segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Entre-Linhas com Bruno Pereira

Nesta edição do espaço “Entre-Linhas” convidámos o treinador Bruno Pereira, a propósito dos seus artigos que tem escrito na plataforma “Futebol de Formação”. 

Ele tem-se debruçado em temas como o Talento, o seu Desenvolvimento, a sua Identificação, o Futebol de Rua e mais recentemente, a Técnica, que tanto nos interessam ver debatidos e reflectidos. 

Isto tudo, enquanto desempenha as funções de treinador-adjunto na equipa grega Episkopi. 



1. Aquando da abordagem ao tema do Futebol de Rua, falas de “levar a rua para dentro do treino”, onde utilizas as referências ao “local/espaço”, a “autonomia”, as “horas de prática” e a “emotividade”. Ora, mais que lamentar a inevitabilidade do desaparecimento do Futebol de Rua, é urgente trazê-lo para o Treino. Podes explicar-nos melhor como tentas fazê-lo? 

Na minha opinião, o Futebol de Rua, ou melhor a sua essência e o seu espírito (intrinsecamente ligado às “Regras do Futebol de Rua”, mas também ao local/espaço e condições de onde e como era jogado) devem fazer parte do processo de treino, em particular no âmbito do Futebol de Formação. Acredito que pode enriquecer de forma substancial o treino e potenciar o desenvolvimento do Talento. 

Portanto, no processo e operacionalização do treino é necessário assegurar a presença desses quatro “ingredientes”: variabilidade e diversidade da prática, promoção da autonomia, elevado número de horas de prática e ambiente de grande emotividade. 

Neste sentido, procuro que tudo aquilo que se faz valorize o espírito competitivo, isto é, associo sempre competição (“jogar para ganhar”) aos contextos de treino (exercícios) e, consequentemente, apelo à cooperação (mecanismo fundamental nos processos de evolução). Ao fazê-lo sei que vou criar uma atmosfera de elevada emotividade que favorece e fortalece a aprendizagem e apela à paixão, resiliência (antifragilidade), transcendência e superação. 

No que diz respeito à variabilidade e diversidade da prática, recorro a diferentes estratégias relacionadas não só com o local/espaço de jogo, mas também com o tamanho do campo, bem como, com o tipo de bola. Vou utilizar aqui um exemplo (onde associo também os restantes “ingredientes”) para explicar a forma como concretizo estas questões: 

· Torneio Sobe e Desce 3x3 (“x” jogos de “y” tempo; dimensões “C x L” – podem variar de divisão para divisão; quem perde desce, quem ganha sobe; prémio para quem termina em primeiro lugar e castigo para quem termina em último). 

o Campo 1 (1ª Divisão), campo com baliza normal e guarda-redes; jogado no sintético, com bolas de jogo e treinador a repor bolas. 

o Campo 2 (2ª Divisão), campo com mini-baliza e sem guarda-redes; jogado no sintético, com uma única bola de jogo de tamanho inferior. 

o Campo 3 (3ª Divisão), campo com mini-baliza e sem guarda-redes; jogado fora do sintético, com uma única bola e já muito gasta e vazia. 

Nota: esta lógica pode ser aplicada a situações jogadas, bem como, a situações de agilização Técnica, por exemplo, Torneio de Ténis-Fut. 

Para promoção da autonomia, no meu processo de treino não abdico de momentos em que os jogadores possam jogar em “modo selvagem”. No fundo é “jogar à bola”, por exemplo GR+5x5+GR, recorrendo a regras do Futebol de Rua, como por exemplo, jogadores a fazer equipas e jogo em modo “bota-fora” (quem sofre sai). No entanto, para mim é fundamental que a liberdade destes momentos também respeite uma determinada ordem (o jogar), presente implicitamente seja pela estrutura ou por determinadas regras (exemplo: golo de primeira vale 2). 

Por fim, quanto ao número de horas, para mim em primeiro lugar há que rentabilizar e maximizar o tempo de treino. Para tal, aquilo que se faz tem de ser relevante, isto é, o treino de qualidade tem de ser focar no essencial (tem de ser jogo). Em segundo, podem criar-se estratégias para que os jogadores joguem futebol e estejam em contacto com a bola para lá do treino. Nomeadamente, pedir aos jogadores que venham para o treino mais cedo e nesse período deixá-los jogar (aqui também se pode estimular a prática de jogos que também existiam na rua: jogo da parede, jogo dos cruzamentos, “bota-atrás”, bola na barra, ...) e brincar com a bola (mais um momento em que os restantes “ingredientes” aparecem, em particular a autonomia). Também se poderão dar tarefas para casa, como realização de habilidades com bola, em jeito de desafio. 


2. Até onde o Treino e o Jogo que valorizam “a inteligência de jogo e a capacidade táctica” e “a relação do corpo com a bola e a capacidade técnica” andam de mãos dadas? É que parece que é proibido trabalhar a “relação do corpo com a bola” quando se chega ao escalão sénior… 

Na minha opinião, a relacção do corpo com a bola não só pode como deve ter espaço naquilo que é o processo de uma equipa sénior. Os contextos de agilização Técnica têm um papel muito importante, alargando as possibilidades dos jogadores, em termos de adaptabilidade e gestualidade (aumento de graus de liberdade do corpo) e, por sua vez, enriquecendo o jogar da equipa. Em consequência, acredito que o corpo, com maiores graus de liberdade, mais agilizado, sensível e coordenado, estará menos propenso a lesão, ou seja, a equipa terá menor probabilidade de perder jogadores. 

Quanto à questão da Táctica e da Técnica, no meu ponto de vista, a Técnica está sobrecondicionada à Táctica – enquanto dimensão hierarquicamente superior que guia todo o processo e que coordena a dimensão Técnica, bem como as restantes. De tal forma, elas andam necessariamente de mãos dadas, na medida em que é em função do jogar que se aspira, isto é, da intencionalidade (Táctica) que a Técnica se incorpora, se desenvolve e se manifesta. Em resumo, diria que do meu jogar (e treinar) emerge uma determinada Técnica (Específica) – que não é fechada, ela deve estar em aberto e ter abertura para que o jogador possa dar resposta à imprevisibilidade do jogo, sobretudo, em termos de detalhe (plano micro). 


3. Dizes-nos que “segundo Pereira (2014), as crianças e jovens devem tornar-se especialistas no que melhor fazem”. Como poderemos recuperar a “Individualidade” de cada jogador? É que o Processo de Formação (seja desportivo ou académico) parece estar a ser caminhar precisamente para a uniformização em vez da diferenciação, por mais esforço que haja por parte de muitos investigadores… 

Esta é uma questão que nos devia preocupar a todos, enquanto sociedade. 

No Futebol, assistimos a uma contradição: uma procura incessante pelo Talento (jogadores diferenciados), ao mesmo tempo, que os processos de formação/desenvolvimento tendem em grande parte para uniformização. Tendência essa que tem de ser necessariamente contrariada, em toda sociedade, nomeadamente na Escola e no Desporto. 

Neste sentido, em particular no Futebol de Formação, os treinadores no plano conceptual e no plano da concretização, isto é, a ideia de jogo e o processo de treino tem de respeitar a natureza caótica e imprevisível do jogo, sobretudo, no plano micro. Portanto, o treinador tem de perceber que não pode controlar tudo, muito menos controlar o jogo ao nível do detalhe. De tal forma, a ideia de jogo do treinador é concebida em termos de princípios e subprincípios (dinâmicas colectivas), sendo os sub-subprincípios uma emergência do “aqui e agora” (dinamismo da dinâmica) em função daquilo que é a individualidade de cada jogador. No que diz respeito ao treino, o treinador não deve procurar controlar ou definir aquilo que é o seu jogar ao nível do comportamento individual. O Professor Vítor Frade tem uma expressão que ilustra bem esta questão: “O jogador é livre de agir, sem agir livremente”. Portanto, o jogar e o treinar têm de dar espaço à expressão da individualidade, estando sobrecondicionada à intencionalidade Táctica (colectiva) – o todo (macro) tem de estar sempre presente. Se assim não for, isto é, se o colectivo não estiver a priori facilmente caímos no individualismo (outro problema da nossa sociedade). 

Na minha opinião, o jogar (e o treinar) de qualidade tem de ser manifestamente colectivo, dando espaço à expressão e potenciando a individualidade e acredito que assim poderemos ajudar a contrair estas duas tendências: uniformização e individualismo.


4. Citando Barreira (2020) num outro artigo teu, “O jogador para ser identificado tem de ser desenvolvido previamente.” Por mais que gostemos da área da “Identificação do Talento”, tendo mesmo até já desempenhado essas funções, não achas que estamos a ir pela sobrevalorização desta área em detrimento da área do “Desenvolvimento do Talento”? 

No meu ponto de vista, no Futebol de Formação o foco tem de se orientar para o Desenvolvimento do Talento e, por isso, a grande preocupação dos clubes deve ser a de aumentar a qualidade do seu processo. O que não invalida que o clube invista na Identificação do Talento (e no Selecção do Talento, porque tal também contribui para a melhoria da qualidade do processo). Porém a fiabilidade da identificação será tanto maior quanto mais tarde ocorrer, porque o processo de Desenvolvimento do Talento é longo e não linear. 

Aquilo que sinto é que os clubes muitas vezes não dão tempo aos jogadores de se desenvolverem, de confirmarem e de expressarem o seu potencial. Isto porque já há outros jogadores identificados que naquele momento já têm um rendimento mais elevado – tendência para “ver ao perto”. No entanto, por vezes, anos mais tarde, o jogador que tinha saído desse clube acabou por crescer noutro contexto e confirmar o seu potencial e aquele que veio substitui-lo acabou, eventualmente, também por ser substituído e não atingiu o potencial que o seu rendimento parecia indicar. 


Sei que acompanhaste o Documentário da RTP, “Deus Cérebro”. Esta questão acaba por ser um reflexo daquilo que os neurocientistas diziam: estamos reféns do hemisfério esquerdo (foca-se no detalhe, na informação mais próxima em termos espaciais e temporais) e parece que temos uma lesão no hemisfério direito (permite-nos compreender o Mundo e ter uma visão ampla no tempo e no espaço). É urgente equilibrar estes dois “mundos”. 


5. Por mais que uma vez falas na “regra das 10.000 horas”. Ao mesmo tempo que assistimos a uma “Vertigem da Pressa” na procura de sucesso imediato por alguns miúdos (e por as pessoas que os rodeiam), vemos alguns veteranos a darem verdadeiras lições de compromisso, disciplina e determinação através da forma como Treinam e Jogam… Até que ponto é perigoso para a Formação de um jovem jogador, esta “Vertigem da Pressa”? 

Ora, é um pouco aquilo que já indicava na resposta anterior... Há que ter paciência, porque o processo é longo e não linear. 

A “Vertigem da Pressa”, tal como a tendência de uniformização e o individualismo são problemas sociais. Hoje quer-se tudo imediato, instantâneo. No Futebol vemos isso no próprio jogo e no processo de formação. 

Na minha opinião, como diriam os antigos “a pressa é inimiga da perfeição” e no que diz respeito ao Talento e ao seu desenvolvimento, diversos autores em diferentes áreas já demonstraram que para se atingir a excelência (Futebol de Alto de Rendimento) é necessário cumprir a “regra das 10 mil horas” ou a “regras dos 10 anos”. Só mediante o acumular deste número de horas de prática se pode aspirar aos patamares de rendimento elevados. Mas tem de ser prática de qualidade! Por isso, a “Vertigem da Pressa” no jogo (e no treino) em nada contribuem para o Desenvolvimento Talento – processo que tem necessariamente de fugir à pressa, há que dar tempo para os jogadores se desenvolverem e há que entender que este processo não vai ser sempre a subir, vai ter altos e baixos. Nos altos há que ter cautela para não cair no endeusamento (pode ser em causa o futuro) e nos baixos há que ter sensibilidade para entender a razão e para perceber que esse baixo pode vir a tornar-se um impulsionador para o futuro desenvolvimento.


6. Abordas o versículo do Evangelho de S. Mateus: “Porque àquele que tem, mais lhe será dado, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até o que tem lhe será tirado.” Parafraseando-te “Em termos práticos verifica-se que os jogadores selecionados são expostos a processos de treino de maior qualidade e têm oportunidade de competir em contextos de nível mais elevado. Em sentido oposto, os jogadores não selecionados têm acesso a processos de treino de menor qualidade e a competições de menor exigência.” Em que medida, Treinar e Jogar com os melhores potencia um desenvolvimento mais eficaz dos jogadores? É que esta “regra” poderá ir muito para além do Efeito da Idade Relativa, passando, por exemplo, pelo contexto geográfico de desenvolvimento… 

Novamente entra aqui a questão de se tratar de um processo longo e não linear... 

Frequentemente, a Identificação e Selecção do Talento é contaminada por aquilo que é o rendimento no momento do jogador, o que leva os clubes a recrutarem os melhores e não necessariamente aqueles com mais potencial. De tal forma, tendem-se a dar mais e melhores oportunidades a alguns jogadores e prejudicando-se outros... Por isso subescrevo o Professor Daniel Barreira: previamente à Identificação e Selecção tem de estar o Desenvolvimento, só assim asseguramos uma maior fiabilidade do processo. 

Quanto à questão, a minha opinião é que treinar e jogar com os melhores potencia o desenvolvimento dos jogadores. Agora, aquilo que me parece é que os clubes ao querem ter todos os melhores dentro do seu processo leva a que haja uma perda de qualidade nos outros clubes (que por sua vez também irão perder qualidade no seu processo de formação), ou seja, o nível de treino pode aumentar no clube que recruta, mas o nível das equipas que se irá defrontar ficará diminuído pela perda dos seus melhores jogadores. 

Concretamente ao contexto geográfico, parece-me que pode ser importante para o Futebol Português criarem-se regras que limitem a área de recrutamento dos clubes, pelo menos até uma determinada idade. Ao mesmo tempo que se devem dar maiores apoios aos clubes de regiões interiores e das periferias no sentido dos mesmos terem capacidade para ter melhores profissionais, nomeadamente treinadores e em situações não precárias. 


7. Em relação ao processo de treino da sub-dimensão mais técnica, consideras que o mesmo deve ser operacionalizado numa perspectiva mais integrada ou numa perspectiva mais complementar? 

O Professor Vítor Frade diz-nos que o “O Futebol não se ensina, aprende-se.” Nesse sentido, considero que o desenvolvimento da Técnica (Específica) deve acontecer, fundamentalmente, pela vivenciação do jogo (do jogar da equipa). Sendo que o treino tem de ser jogo. 

Todavia, como já referi, os contextos de agilização Técnica também devem ter espaço no processo de treino enquanto momentos potenciadores da Técnica (devem também ser “jogo”) – relacção do corpo com a bola (sensibilidade e habilidade motora) e gestualidade. Sendo que podem surgir antes ou depois do treino, na parte inicial do treino e até na parte fundamental, por exemplo, no treino de recuperação. No entanto, para mim, não são momentos complementares, são fundamentais, porque visam o enriquecimento do meu jogar e dos meus jogadores. 


8. Tens a mesma opinião num contexto de exigência de nível mais regional, onde o tempo/espaço aquisitivo da sub-dimensão estratégica é menor e a emergência do “individual” sobrepõe-se muitas vezes sobre o “colectivo”? 

Na minha opinião, a essência do processo é a mesma. Seja num clube de formação de dimensão nacional ou numa academia local, num clube profissional ou numa distrital de séniores o processo deve aspirar o desenvolvimento de um jogar (colectivo). De tal forma, nada se sobrepõe ao jogar (entenda-se Dimensão Táctica), porque é em função dele que a equipa e os jogadores (individual) se desenvolvem (nas dimensões Técnica, Física, Psicológica e Estratégica). 

Pessoalmente, recordando as experiências pelas quais passei, com os devidos ajustes face aos diferentes contextos e comtemplando aquilo que também foi/é o meu processo de crescimento, os processos sempre obedeceram a uma determinada forma se ser, a um determinado sentir e a um determinado saber.


9. Como periodizas em termos de conteúdo o Processo de Treino do “Desenvolvimento Individual” para uma época desportiva? Infelizmente não encontramos muita informação sobre essa matéria, sendo este “tipo” de treino muitas vezes tratado de forma muito aleatória… 

Dentro daquilo que é o processo de treino da equipa, como disse anteriormente, aquilo que guia, direcciona e coordena o desenvolvimento individual é o jogar a que se aspira. É em função desse jogar (colectivo) que se têm determinadas preocupações no sentido de potenciar os jogadores. 

Atualmente, os clubes possuem departamentos dedicados ao desenvolvimento individual, sendo que na minha opinião, também neste âmbito aquilo que orienta o processo deve ser a forma de jogar da equipa (pode ou não ser transversal ao clube). O Vítor Matos, adjunto no Liverpool, recentemente referiu que uma determinada ideia de jogo, força um determinado desenvolvimento individual. Pelo que, aquilo que se faz em termos individuais tem de fazer sentido para o colectivo e mais que isso tem de contribuir para o crescimento colectivo e, claro, individual. 

No que diz respeito às escolas de treino individual, externas e independentes aos clubes, parece-me que há algumas questões importantes. Em primeiro, os responsáveis devem perceber junto dos jogadores ou até dos treinadores aquilo que são as suas ideias para que o processo de treino individual se possa alinhar com aquilo que é o colectivo. Depois, estas entidades devem desenvolver um trabalho no sentido de perceber que competências são transversais aos jogadores de alto nível e procurar desenvolvê-las. 

Porém, na minha opinião, a lógica deve ser a de fazer aprender, mais do que ensinar. De tal forma, tudo tem de ser jogo, no sentido, em que são situações com abertura e imprevisibilidade. Assim, também o processo se afastará de uma lógica de ensino “por gavetas”, no sentido em que não há uma periodização prévia de conteúdos, isto é, hoje “isto”, amanhã “aquilo” e para a semana “aqueloutro”. O processo é que nos vai levando a hierarquizar e definir determinadas prioridades. 


10. Por mais contraditório que possa parecer, olhamos para o Treino de “Desenvolvimento Individual” com uma necessidade muito grande de decorrer com adversários e colegas de equipa, para assim poder acolher a dimensão Complexa, Sistémica e Caótica que o Jogo oferece… Logicamente, admitimos e utilizamos até contextos mais “fechados” dentro desse treino, mas sem nunca esquecer, pelo menos uma destas dimensões. Concordas? 

No meu entendimento é fundamental que o processo de treino de Desenvolvimento Individual respeite aquilo que é o jogo, pelo que é necessária uma visão sistémica e complexa de forma a que o treino seja representativo do caos e imprevisibilidade associada ao jogo. 

Portanto, eu prefiro ir pelo Treino Individual por pequenos grupos e não pelo Treino Individualizado, porque no Treino Individual consigo criar contextos representativos do jogo, enquanto que no Treino Individualizado fico sempre aquém daquilo que é o jogo... Os contextos tornam-se mais fechados e analíticos. Ainda assim, neste âmbito individualizado procuro criar contextos que impliquem abertura, imprevisibilidade... O treino aqui é muito direcionado para a relacção do corpo com a bola (habilidade motora e sensibilidade), para o desenvolvimento da gestualidade (e adaptabilidade) e para o refinamento das acções táctico-técnicas – recaindo o foco sobre a precisão e eficácia, mais do que no “gesto técnico” (em termos biomecânicos), só assim poderemos respeitar aquilo que é o jogador (Corpo), na sua individualidade. 


11. Na mesma altura em que “choramos” pela ausência de um maior grau de Criatividade no Futebol, os treinadores de formação em Portugal vêem-se castrados de oferecer aos miúdos um processo rico desse ponto de vista. As restrições e os constrangimentos causados pela pandemia são tantos, que já chegámos a uma altura onde esses treinadores estejam a treinar tudo menos Futebol… Que prática é possível proporcionar ao longo de uma época inteira na Formação, respeitando, por exemplo, o distanciamento obrigatório entre jogadores? 

Esta questão tem muito a ver com aquilo que respondi anteriormente... 

A minha experiência profissional relacionada com o treino em pandemia levou-me a criar treinos para os jogadores realizarem em casa e numa outra fase passei pela situação de treinos em grupo. Na primeira situação, aquilo que me parece ser importante é procurar dar aos jogadores propostas que contrariam a tendência deste momento para “fechar” (porque não há jogo). Nesse sentido, devem se propor as mais diversas e variáveis situações de agilização Técnica e aqui os treinadores têm de ser altamente criativos. Depois em termos Físicos é importante que se façam coisas que respeitem aquilo que é o padrão de solicitação e implicação muscular (gestualidade e adaptabilidade). 

No âmbito do treino por grupos, não vivenciei essa restrição de distanciamento obrigatório. Ainda assim, nessa situação (muito difícil e que realmente de Futebol pode ter muito pouco) parece-me que se podem recorrer a diferentes contextos de agilização Técnica, no sentido de desenvolver a relacção do corpo com a bola (habilidade motora e sensibilidade), a gestualidade (e adaptabilidade) e de refinar das acções táctico-técnicas. Esses contextos podem ser desde os mais fechados, analíticos e individuais, como os toques de sustentação, as habilidades com bola e os gestos técnicos, até aos mais abertos, como por exemplo, jogo baliza-a-baliza ou o Ténis-Fut. 

Outra abordagem que pode ser pertinente e benéfico é os treinadores criarem tarefas relacionadas com a visualização e análise de jogos e de jogadores. Os mais novos podem ser incentivados a ver as suas equipas preferidas e os seus ídolos, no sentido de terem referências sobre aquilo que é o jogo de alto nível e de terem modelos para “copiar”. Os mais velhos podem ser estimulados a ver determinadas equipas a jogar (importante que vejam o jogo todo e não apenas resumos) e a analisarem essas mesmas equipas, questões colectivas e individuais. 

Finalizando, parece-me muitíssimo importante, para o País, para a Sociedade, para o Desporto e para o Futebol que o Futebol de Formação (e também o Futebol Amador!) possam voltar a treinar com normalidade (urgentemente)! Estamos a colocar em causa o futuro de milhares de crianças e jovens e o seu desenvolvimento integral e, consequentemente, o futuro de Portugal.

sábado, 30 de janeiro de 2021

O que "nasceu" primeiro, Firmino ou o jogar do Liverpool?

Firmino e o Liverpool Football Club confundem-se.
Não sabemos se Firmino se adaptou ao jogar do Liverpool, se foi o Liverpool que se adaptou ao jogar de Firmino. Mas como aqui defendemos que as coisas estão relacionadas, acreditamos que o Talento de Firmino é potenciado pelo Jogar do Liverpool, sabendo o Liverpool da Talento Específico que Firmino tem. 

Mesmo sem tocar na bola, é à sua volta que este golo acontece. Um golo que tem tanto de Liverpool como de Firmino.

Paciência na construção.

Atrair num corredor para libertar no outro.

Sobreocupação do sector intermédio com o recuo do avançado.

Atrair para conquistar a profundidade.

Metrica Sports


terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Um dos golos mais "simples" do época - o primeiro do Liverpool contra o United

Vimos no jogo entre o Manchester United e o Liverpool Football Club a um dos golos tacticamente mais bonitos desta época – na nossa opinião.

A simplicidade com que o Liverpool conquistou espaços, com e sem bola, através da sua dinâmica de recuos e projecções de jogadores, fez com que, com apenas 4 ligações em progressão constante, inaugurasse o marcador no jogo da Taça.

Reconhecendo a dificuldade do ManU em defender o corredor central na sua 1ª linha de pressão, Fabinho encontrou em Wijnaldum o seu “construtor de jogo”, que com o tempo e espaço para o pensar, escolheu Firmino. 

Este, mostra-nos como o conceito das “Posições” está esgotado, dado o papel de médio de ligação no jogo do Liverpool. Com muita qualidade, fez mais uma assistência para Salah.

O egípcio, com os pés trocados – se é que nos percebem, teve um timing de ataque à profundidade fantástico e com a sua habilidade, recebeu e rematou de forma (aparentemente) fácil para golo.

Contudo, os nossos olhos não se podem focar só aos jogadores com bola. O papel de Thiago em desmontar o primeiro bloqueio, as projecções dos dois laterais, e até o arrastar de Milner a criar espaço para o passe de Firmino, são de uma simplicidade brutal.




Tudo belo. Haja “corpo” para executar este jogar “cerebral”.

Metrica Sports
The Emirates FA Cup

sábado, 16 de janeiro de 2021

O que é "decidir mal"? - Antony e a sua decisão no primeiro golo do Ajax frente ao Twente

O que é decidir mal?

Muitos de nós pensaríamos que Antony deveria ter passado a bola para Klaassen, completamente desmarcado já dentro da grande-área adversária. Contudo, o extremo brasileiro opta pela maior aleatoriedade do cruzamento… Que dá golo!!!

Será que os jogadores ao verem o jogo com as suas particularidades individuais não vêem muitas vezes um jogo diferente do seu treinador, muitas vezes para melhor?

Terá Antony tomado uma “má” decisão?