sexta-feira, 24 de junho de 2022

A operacionalização (?) da Periodização Táctica em contexto amador - o Dia "Intencionalmente" Amarelo

 Dia “Intencionalmente” Amarelo

sexta

Preocupações Fundamentais

Afinar o Jogo que todos devem saber jogar.

Preocupações Complementares

Desenvolvimento estruturado do passe e recepção.

Escalas de Complexidade

Grandes Princípios e sub- princípios; Relações no plano Coletivo (pouco tempo), Intersetorial, Setorial, Grupal e Individual.

Variáveis Quantitativas

Adaptabilidade máxima aos problemas tidos do jogo anterior e potenciais do jogo posterior; períodos de 10' a 15'. Colocação de pouco estorvo nas dinâmicas pretendidas – aproveitamento do contexto de  Finalização.

 

Podemos dizer que o treino de sexta-feira, teve um grau de riqueza bastante interessante, muito embora não fosse com a regularidade que desejaríamos.

Era aqui que pretendíamos aprofundar as escalas dos princípios de jogo, valorizando determinados detalhes, sobretudo relativos ao nosso Jogar, já que ao longo da época foi sobretudo com a nossa equipa que nos preocupámos. Porém, e ao contrário do que era nosso desejo, nem sempre conseguimos aproveitar este dia para afinar o nosso jogo, fruto de algumas ausências de jogadores potencialmente titulares. Era neste treino que pretendíamos explorar determinadas ideias, mas nem sempre o conseguimos fazer por faltarem ao treino os intervenientes e intérpretes dessa intenção.

Direitos de imagem - B/R Football

Felizmente, tais ausências não foram tão habituais neste dia, o que nos permitiu fazer um balanço positivo do rescaldo dos treinos de sexta-feira.   

Sobre a riqueza do treino de sexta, é importante realçar o valor que os “simples” exercícios estruturados de passe e recepção tiveram ao longo da época. Este tipo de exercícios, onde os jogadores basicamente iam do sinalizador A para o sinalizador B cumprindo determinada tarefa, mostraram ser bastante ricos do ponto de vista aquisitivo.

Isto porque, embora possam ser operacionalizados segundo uma lógica muito “analítica” e “fechada”, no nosso caso tinham bastante ligação às nossas ideias relativas ao Jogar construído. Mesmo dentro dos seus constrangimentos próprios, havia espaço para ser específico com o nosso Jogar. Curiosamente, numa fase da época onde não operacionalizámos tanto este tipo de exercícios, foi também um período mais pobre relativo ao nosso momento de organização ofensiva.       

Tal como nos treinos de quinta-feira, voltámos a ter problemas relacionados com a área do exercício. Nos nossos primeiros treinos de sexta-feira, quando queríamos potenciar a melhoria da velocidade de contracção muscular, apostámos em distâncias longas, “convidando” os jogadores a terem de desempenhar sprints de 30-40m, sem grande “ruído”.

Ou seja, eram exercícios orientados para situações de finalização, sem grandes constrangimentos ou graus de complexidade, e até, muitas vezes, sem oposição.

“Na sexta-feira (…) o fundamental, ao ser algo sem estorvo, (isto é, sem travagens, mudanças de direcção, saltos), ao ser sobre a maximização da velocidade de contracção, importa que se garanta uma certa distância de forma a que os indivíduos possam alcançar a sua velocidade máxima (30 metros mínimo aprox.)” (Reis, 2020)

Contudo, contrariando esta lógica, a partir do primeiro terço da época alterámos significativamente as distâncias de acção deste tipo de exercícios, indo de encontro à ideia manifestada por alguns jogadores que diziam que era muito espaço para percorrer em velocidade máxima. Ou seja, mesmo reconhecendo que parte da intenção prévia do objectivo do dia de sexta-feira não estava a ser concretizado, achámos que deveríamos ceder e ir de encontro ao conforto desses jogadores.

No entanto, numa próxima oportunidade, voltaremos a tentar recuperar as tais distâncias inicialmente idealizadas, já que, através do seu encurtamento é notório ver que alguns jogadores estão longe de alcançar a sua velocidade máxima, pois não têm tempo-espaço para isso.

Por fim, resta-nos ainda abordar a constante preocupação que tínhamos na planificação deste treino em função do que tinha sido o treino do dia anterior. Fruto de algum desgaste conquistado no treino de quinta, era nossa preocupação no treino de sexta-feira que a relação esforço-recuperação fosse muito bem equilibrada.

Este nosso cuidado, para além de se ocupar na dimensão fisiológica, estava fundamentalmente atento aos indicadores emocionais e psicológicos dos jogadores. Ou seja, como era habitualmente um treino em que através dos exercícios “fundamentais” procurávamos “afinar” e “aprofundar” o nosso Jogar, tendo assim uma alta exigência emocional e psicológica, conferíamos aos primeiros exercícios do treino, um grau de complexidade menos exigente do ponto de vista emocional e psicológico. Isto para não sobrecarregar os jogadores que manifestavam corporalmente ainda algum desconforto em relação ao treino do dia anterior.   

 

Contextualização

Na quinta-feira anterior à J5 da divisão principal da AF Guarda, aceitámos o desafio de orientar a equipa principal do GD Foz Côa, naquela que foi a nossa primeira experiência no futebol sénior. A equipa vinha de um início algo atribulado, quer em termos de processo (um período pré-competitivo com bastantes ausências), quer em termos de resultado (uma 1V e 3D).

Uma equipa experiente, que variou entre os 18 e os 23 jogadores com alguns dos mais influentes acima dos 35 anos e com percursos muito heterogéneos, havendo desde o jogador internacional jovem por Portugal, ao jogador com menos de 10 jogos na principal divisão do distrito da Guarda.

Escusado será dizer que neste grupo, nenhum jogador era profissional. Pelo contrário, alguns jogadores nem sempre estavam disponíveis para o jogo e/ou treino. Aliado a esse constrangimento, muitos dos jogadores têm profissões muito desgastantes ao nível físico, numa zona geográfica onde a agricultura é uma das áreas com maior empregabilidade.

Importa ainda referir que numa zona cada vez mais desertificada, a equipa viu-se órfã de defesas-centrais (apenas um de raiz) e laterais-esquerdos (apenas um jogador tinha desempenhado anteriormente essas funções e já como “adaptação”).

Esta “escassez” teve também reflexo na equipa técnica, centrada apenas na pessoa do Treinador, acumulando todas as outras funções mais técnicas.

Para finalizar, é também importante salientar que o clube não possui equipa de juniores, que tão importante poderia ter sido para enriquecer este processo.

 

Bibliografia

Reis, J. (2020). A Sustentabilidade do Morfociclo Padrão: A «Célula Mãe» da Periodização Táctica. Vigo: MCSports.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

A operacionalização (?) da Periodização Táctica em contexto amador - o Dia "Intencionalmente" Verde

 Dia “Intencionalmente” Verde

 

quinta

Preocupações Fundamentais

Fazer com todos juntos joguem o mesmo Jogo.

Preocupações Complementares

Melhoria da Manutenção da Posse de Bola.

Escalas de Complexidade

Grandes Princípios e sub- princípios; Relações no plano Coletivo, Intersetorial.

Variáveis Quantitativas

Aproximação do 11v11 – de forma condicionada para a Propensão de comportamentos desejados;

Espaço com largura e profundidade o mais parecida ao terreno de jogo; períodos de 15' a 20'.

 

Fazendo um balanço para aquilo que foram os treinos de quinta-feira podemos considerar que talvez tenham sido os treinos mais ricos.

Embora de uma forma menos constante do que gostaríamos, sentimos que acabámos a época com quase todos os jogadores a jogar o mesmo jogo, sabendo que essa matriz colectiva foi fundamentalmente desenvolvida no treino de quinta-feira.

Os jogadores manifestavam uma linguagem corporal mais positiva e predisposta para treinar, o que é compreensível já que à terça-feira nem todos estão plenamente aptos para a dimensão aquisitiva que se pretende.

Direitos da Imagem - This is Anfield


Paralelamente, julgamos também que acabámos a época com bons índices de performance. Mesmo com alguns jogadores lesionados, a equipa mostrou-se bastante superior aos últimos adversários, acabando os jogos com alguma “frescura física”.

No entanto existiram sobretudo três dificuldades que se foram manifestando de uma forma mais ou menos recorrente ao longo dos treinos de quinta-feira:

De todas, a mais recorrente foi a dificuldade em gerir as áreas de jogo dos exercícios. Pelo facto de grande parte das nossas vivências no Futebol enquanto treinadores, estarem ligadas aos escalões de iniciação, sentimos que algumas vezes não conseguimos ir de encontro aos objectivos Tácticos do exercício, quer na sua dimensão mais estratégica, quer na dimensão mais fisiológica.

Se em contexto amador não é tão fácil auferirmos o grau de eficácia das áreas de acção dos diferentes exercícios no que ao impacto fisiológico diz respeito, ao nível estratégico, temos todos os domingos um bom momento para avaliarmos o que fomos treinando ao logo da semana. E se através do treino, o contexto criado não está ajustado em função do espaço que vai ocorrer em jogo, não podemos esperar muito que a equipa tenha em jogo um desempenho tão eficaz como aquele desempenhado em treino. Isto porque o treino pode não conseguir ter a representatividade Macro, procurada através de uma escala mais Micro. Relação de escalas essa que muitas das vezes falhou.

E foi esta dificuldade operacional, que sentimos que temos que melhorar bastante para os próximos tempos. Sobretudo quando nos deparávamos com certas dificuldades em campos grandes como o nosso.

Uma outra situação que sentimos que temos de melhorar no futuro próximo, se queremos tirar ainda maior riqueza do treino de quinta-feira, é na eficácia dos constrangimentos dos exercícios de aproximação do jogo formal, em função dos comportamentos que queremos modelar.

Se acima falámos de uma questão de espaço, nem sempre adequada a uma realidade específica (terrenos de jogo de grande dimensão), neste problema estamos a falar em algo mais profundo e transversal a qualquer circunstância.

Ou seja, nem sempre os constrangimentos nas “peladinhas” dos treinos de quinta-feira, por mais básicos que fossem, eram incorporados pelos jogadores. Isto porque alguns jogadores nem sempre valorizavam ou reconheciam esses mesmos constrangimentos como uma mais-valia para o desempenho individual e colectivo no dia de jogo.

Cabíamos a nós enquanto líderes intervir o mais rápido possível no sentido dos jogadores irem de encontro às nossas intenções. Tarefa nem sempre fácil, em especial quando o próprio jogador tem dúvidas dos benefícios dos tais constrangimentos. Ou então quando até está num nível superior e até consegue ver “mais à frente” que o Treinador que esses mesmos constrangimentos podem castrar mais do que estimular o jogador e a equipa. Este constante conflito ideológico acaba a nosso ver por trazer mais benefícios, já que promove uma reflexão constante do Jogo por parte de jogadores e treinadores.

No nosso caso, por vezes reconhecíamos o nosso erro, e acabávamos por ajustar os constrangimentos definidos na “peladinha”, porque ao contrário do que era nossa intenção acabavam por ser contraditórios ou incompatíveis com os objectivos que pretendíamos alcançar.

Para finalizar, partilhamos ainda que, reconhecendo a importância de termos uma visão sistémica do Treinar, sentimos que acabávamos o treino de quinta-feira no timing errado, devido à preocupação de não querer “treino a mais” para quinta-feira em função do treino de sexta-feira.

Isto é, muitas vezes, quando a “peladinha” estava num grau de intensidade Táctica brutal, por mais que nos custasse, sentíamos que deveríamos terminá-la para que no dia seguinte os jogadores estivessem minimamente “frescos” e “limpos” para treinar. Fosse na dimensão fisiológica, fosse fundamentalmente na dimensão Táctica.  

 

Contextualização

Na quinta-feira anterior à J5 da divisão principal da AF Guarda, aceitámos o desafio de orientar a equipa principal do GD Foz Côa, naquela que foi a nossa primeira experiência no futebol sénior. A equipa vinha de um início algo atribulado, quer em termos de processo (um período pré-competitivo com bastantes ausências), quer em termos de resultado (uma 1V e 3D).

Uma equipa experiente, que variou entre os 18 e os 23 jogadores com alguns dos mais influentes acima dos 35 anos e com percursos muito heterogéneos, havendo desde o jogador internacional jovem por Portugal, ao jogador com menos de 10 jogos na principal divisão do distrito da Guarda.

Escusado será dizer que neste grupo, nenhum jogador era profissional. Pelo contrário, alguns jogadores nem sempre estavam disponíveis para o jogo e/ou treino. Aliado a esse constrangimento, muitos dos jogadores têm profissões muito desgastantes ao nível físico, numa zona geográfica onde a agricultura é uma das áreas com maior empregabilidade.

Importa ainda referir que numa zona cada vez mais desertificada, a equipa viu-se órfã de defesas-centrais (apenas um de raiz) e laterais-esquerdos (apenas um jogador tinha desempenhado anteriormente essas funções e já como “adaptação”).

Esta “escassez” teve também reflexo na equipa técnica, centrada apenas na pessoa do Treinador, acumulando todas as outras funções mais técnicas.

Para finalizar, é também importante salientar que o clube não possui equipa de juniores, que tão importante poderia ter sido para enriquecer este processo.

sexta-feira, 10 de junho de 2022

A operacionalização (?) da Periodização Táctica em contexto amador - o Dia "Intencionalmente" Azul

 
Dia “Intencionalmente” Azul


terça

Preocupações Fundamentais

Recuperar/Estimular o Corpo, em função do último jogo.

Preocupações Complementares

Desenvolvimento da técnica “mais individual.”

Escalas de Complexidade

Sub-princípios . Relações no plano intersetorial, Setorial, Grupal e individual

Variáveis Quantitativas

Exercícios com complexidade máxima de GR+6v6+GR;

Espaços relativamente curtos; períodos maiores de 8´ a 12' de exercício. Marcado pela descontinuidade: joga-descansa.

 

De todos os dias os dias de treino, foi o treino de terça-feira que mais dificuldades sentimos em o planificar.

As nossas preocupações fundamentais para este treino baseavam-se maioritariamente naquilo que se tinha passado no jogo anterior. Em especial na dimensão emocional e na dimensão fisiológica dos jogadores.

Por um lado, julgamos ser importante que logo no início da semana sejam incrementadas as cargas motivacionais necessárias para encarar a semana de treinos de uma forma positiva. Tanto mantendo um espírito alegremente humilde após um bom resultado, como encorajar os jogadores após um resultado menos bom. Dessa forma, valorizámos o treino de terça para melhorarmos a sócio-afectividade dos jogadores, tanto em termos de escolha de exercícios, como ao nível da instrução.


Vítor Severino e Luís Castro - direitos da imagem "Terra"


Sempre que possível tentámos definir dois grupos neste treino. O grupo de jogadores com maior necessidade de recuperação e o grupo de maior necessidade de jogo.

O primeiro grupo era normalmente aquele que fazia bastantes minutos no jogo de domingo, e onde a nossa preocupação passava por “afinar porcas e parafusos” ou seja agilizar a zona pélvica e todas as estruturas ósteo-articulares que a rodeiam, através de jogos de futvólei, por exemplo, para dessa forma estarem mais “oleadas” para o resto da semana. Por outro lado, tentávamos que a participação desse grupo nos outros exercícios fosse a uma escala de muito maior recuperação do que desempenho, sem que a intensidade em acção fosse perdida. Ou seja, os jogadores passavam mais tempo a recuperar do que a treinar, mas no momento de desempenho era-lhes exigido sempre uma postura muito intensa a nível Táctico.

Já ao segundo grupo, tentámos oferecer o máximo de jogo possível. Em espaços curtos, muitas das vezes pouco maiores que a grande-área, com equipas pequenas, tentámos que os jogadores vivenciassem uma fatia do bolo que o jogo de domingo habitualmente é.

Através deste tipo de jogo, tentámos que este segundo grupo fosse sempre nivelado por cima o que nem sempre aconteceu, já que, curiosamente ou não, era neste dia em que as ausências dos jogadores tendencialmente suplentes mais se notavam.  

Intrinsecamente a esta preocupação do Recuperação/Esforço (em que a palavra Recuperação vem em primeiro por hierarquia de prioridades), eram escolhidos exercícios em espaços reduzidos que conseguissem promover alguma tensão muscular aos jogadores. Segundo a lógica de necessidades dos tais grupos mencionados acima.

Pelo facto de queremos gerir a relação Recuperação/Esforço da melhor forma, admitimos que ao longo do desgaste da época fomos utilizando cada vez menos este dia como dia aquisitivo. Ou seja, fomos utilizando este dia para tentar melhorar o Corpo de cada um dos jogadores (mais do que o Corpo da equipa), potenciando-o para que quinta e sexta-feira estivessem mais limpos para a tal aquisição.

Com maior ou menor grau de especificidade aquisitiva, este dia foi sempre aquele que procurámos ser o menos instrutivos quanto possível. O facto de grande parte dos jogadores chegar ao treino ainda com algum desgaste, fez-nos adoptar esta postura bastante neutra, deixando espaço para os jogadores desfrutarem ao máximo do seu treino, puxando um bocado do espírito do “Futebol de Rua”, mais rebelde e imprevisível, para os diferentes exercícios.

Por fim, resta reconhecer que embora estivesse presente a intenção de trabalharmos neste dia da semana de forma “mais individual”, tal não aconteceu ao longo da época. Gostaríamos de ter trazido para o treino de terça-feira o desenvolvimento de certas ferramentas individuais mais ligadas à dimensão técnica do jogo, fosse o passe, a recepção, o drible, a finalização, a colocação de apoios, o cabeceamento, o pé não-dominante… mas que por diversas circunstâncias não foi possível concretizar. Sempre com a reflexão de Aristóteles presente, que nos diz que “o todo é maior que a soma das partes”, consideramos ser importante agirmos mais directamente ao longo do nosso processo sobre o Todo, mas também sobre as Partes.

Sendo uma área do Treinar que tanto prazer nos dá em operacionalizar, esperamos ter oportunidade para concretizar esta nossa intenção na próxima época.


*Contextualização

Na quinta-feira anterior à J5 da divisão principal da AF Guarda, aceitámos o desafio de orientar a equipa principal do GD Foz Côa, naquela que foi a nossa primeira experiência no futebol sénior. A equipa vinha de um início algo atribulado, quer em termos de processo (um período pré-competitivo com bastantes ausências), quer em termos de resultado (uma 1V e 3D).

Uma equipa experiente, que variou entre os 18 e os 23 jogadores com alguns dos mais influentes acima dos 35 anos e com percursos muito heterogéneos, havendo desde o jogador internacional jovem por Portugal, ao jogador com menos de 10 jogos na principal divisão do distrito da Guarda.

Escusado será dizer que neste grupo, nenhum jogador era profissional. Pelo contrário, alguns jogadores nem sempre estavam disponíveis para o jogo e/ou treino. Aliado a esse constrangimento, muitos dos jogadores têm profissões muito desgastantes ao nível físico, numa zona geográfica onde a agricultura é uma das áreas com maior empregabilidade.

Importa ainda referir que numa zona cada vez mais desertificada, a equipa viu-se órfã de defesas-centrais (apenas um de raiz) e laterais-esquerdos (apenas um jogador tinha desempenhado anteriormente essas funções e já como “adaptação”).

Esta “escassez” teve também reflexo na equipa técnica, centrada apenas na pessoa do Treinador, acumulando todas as outras funções mais técnicas.

Para finalizar, é também importante salientar que o clube não possui equipa de juniores, que tão importante poderia ter sido para enriquecer este processo.

 

 

quarta-feira, 8 de junho de 2022

A operacionalização (?) da Periodização Táctica em contexto amador - o Morfociclo Padrão

Direitos da Imagem @ INAF

A dias de findarmos a nossa época desportiva, é tempo de começarmos a reflectir sobre a mesma. E mais do que nos questionarmos sobre o resultado, importa-nos ser bastante autocríticos em relação ao processo.

Com necessidade de crescermos do ponto de vista metodológico, partilhamos aquilo que podemos considerar “A operacionalização (?) da Periodização Táctica em contexto amador”, que é nesse que desenvolvemos o nosso treinar. Extremamente influenciados pelo Professor Vítor Frade, tentámos aplicar na prática aquilo que fomos “bebendo” ao longo de anos em teoria, reconhecendo que esta Metodologia é sobretudo orientada para contextos de rendimento superior, com outro tipo de circunstâncias que não as que nós encontrámos na equipa.

Antes de mais, acreditamos que para uma melhor compreensão das nossas decisões é importar enquadrá-las naquilo que foi a nossa realidade.

 

Contextualização

Na quinta-feira anterior à J5 da divisão principal da AF Guarda, aceitámos o desafio de orientar a equipa principal do GD Foz Côa, naquela que foi a nossa primeira experiência no futebol sénior. A equipa vinha de um início algo atribulado, quer em termos de processo (um período pré-competitivo com bastantes ausências), quer em termos de resultado (uma 1V e 3D).

Uma equipa experiente, que variou entre os 18 e os 23 jogadores com alguns dos mais influentes acima dos 35 anos e com percursos muito heterogéneos, havendo desde o jogador internacional jovem por Portugal, ao jogador com menos de 10 jogos na principal divisão do distrito da Guarda.

Escusado será dizer que neste grupo, nenhum jogador era profissional. Pelo contrário, alguns jogadores nem sempre estavam disponíveis para o jogo e/ou treino. Aliado a esse constrangimento, muitos dos jogadores têm profissões muito desgastantes ao nível físico, numa zona geográfica onde a agricultura é uma das áreas com maior empregabilidade.

Importa ainda referir que numa zona cada vez mais desertificada, a equipa viu-se órfã de defesas-centrais (apenas um de raiz) e laterais-esquerdos (apenas um jogador tinha desempenhado anteriormente essas funções e já como “adaptação”).

Esta “escassez” teve também reflexo na equipa técnica, centrada apenas na pessoa do Treinador, acumulando todas as outras funções mais técnicas.

Para finalizar, é também importante salientar que o clube não possui equipa de juniores, que tão importante poderia ter sido para enriquecer este processo.

 

Morfociclo-Padrão

Mantendo as referências metodológicas da Periodização Táctica, tentámos adaptar esta Metodologia de Treino de rendimento superior a um contexto bastante amador. Foi uma tarefa de construção diária, em que algumas nuances foram sendo ajustadas, mas sempre com o propósito de melhor operacionalizar esta Metodologia em função do que foram as circunstâncias que rondaram a nossa equipa.

Seguindo sempre uma lógica de pensamento Sistémico e Complexo tentámos que existisse sempre uma Relação entre o dia da semana em que treinámos e aquilo que foi e poderá vir a ser o jogo, aquilo que é o nosso Jogar e aquilo que é o Corpo. Seja de Todos, seja de cada um dos jogadores.

Nesse sentido, e admitindo que o mesmo possa ter bastantes falhas ou seja completamente desajustado para outras realidades amadoras, adoptámos o seguinte Morfociclo Padrão como matriz de periodização e operacionalização dos nossos treinos:

terça

quinta

sexta

Preocupações Fundamentais

Recuperar/Estimular o Corpo, em função do último jogo.

Fazer com todos juntos joguem o mesmo Jogo.

Afinar o Jogo que todos devem saber jogar.

Preocupações Complementares

Desenvolvimento da técnica “mais individual.”

Melhoria da Manutenção da Posse de Bola.

Desenvolvimento estruturado do passe e recepção.

Escalas de Complexidade

Sub-princípios . Relações no plano intersetorial, Setorial, Grupal e individual

Grandes Princípios e sub- princípios; Relações no plano Coletivo, Intersetorial.

Grandes Princípios e sub- princípios; Relações no plano Coletivo (pouco tempo), Intersetorial, Setorial, Grupal e Individual.

Variáveis Quantitativas

Exercícios com complexidade máxima de GR+6v6+GR;

Espaços relativamente curtos; períodos maiores de 8´ a 12' de exercício. Marcado pela descontinuidade: joga-descansa.

Aproximação do 11v11 – de forma condicionada para a Propensão de comportamentos desejados;

Espaço com largura e profundidade o mais parecida ao terreno de jogo; períodos de 15' a 20'.

Adaptabilidade máxima aos problemas tidos do jogo anterior e potenciais do jogo posterior; períodos de 10' a 15'. Colocação de pouco estorvo nas dinâmicas pretendidas – aproveitamento do contexto de  Finalização.

 

A escolha das cores não foi aleatória. As mesmas estão relacionadas com a escolha das cores do Morfociclo Padrão utilizado pela Periodização Táctica para o Alto Rendimento.

Contudo, temos noção que nesta nossa adaptação falta muita cor branca para ajudar a colorir alguns dias da semana. Sobretudo no dia de terça-feira, onde admitimos que o Corpo de alguns possa ainda não estar muito preparado para determinado tipo de esforços. Mas mesmo sem marcar presença neste quadro, a preocupação com a recuperação foi sempre presente ao longo dos treinos.       

Reconhecendo o benefício de termos esta matriz a orientar o nosso processo de treino, acreditamos que possa ter algumas falhas. Seja no plano intencional, seja depois na operacionalização das dinâmicas referentes de cada dia, que possam vir a ser diferentes na prática do que aquilo que era na intenção-prévia.

Prova disso, foram algumas lesões musculares que tivemos, tanto ao nível dos adutores como dos isquiotibiais, que nos fizeram continuar a questionar determinadas nuances do nosso processo. Muito embora alguns desses mesmos problemas terem surgido no decorrer de jogos em relvado natural, diferente do nosso relvado de treino e jogo que é sintético.

Nas próximas reflexões iremos abordar cada um dos dias de treino, onde falaremos de forma mais particular de cada um deles, e da relação dos treinos entre si.


quinta-feira, 20 de maio de 2021

E se só se pudessem convocar para o Euro'2020 os que jogam em Portugal?

Semanas antes do Euro’2016, fizemos a seguinte pergunta: “e se existisse uma competição europeia de selecções onde apenas se pudessem levar os jogadores nacionais a actuar no próprio país?”

Em preparação para o Euro’2020, voltámos a querer entrar na “brincadeira” e voltámos a fazer a selecção dos nossos 23. Há 5 anos falhámos com alguns nomes, acertámos com outros e até repetimos escolhas que continuam a preencher as nossas medidas enquanto Treinadores.

Horas antes da convocatória final de Fernando Santos para o Euro, eis a nossa escolha segundo o nosso critério:

Beto – a experiência de quem já defendeu muitas balizas por essa Europa fora. O facto de aos 39 anos, ter passado da Segunda para a Primeira Liga, mostra que a informação que vem no cartão de cidadão pouco importa quando se trata de avaliar a competência de um profissional. Aliado aos seus atributos técnicos está uma personalidade muito carismática e apreciada por grande parte dos seus pares. O papel que poderá ter como tutor junto de guarda-redes mais novos, é algo que também apreciamos bastante e também por aí justificativo para esta nossa convocatória.

Diogo Costa – não é fácil escolher um suplente. A nossa sorte é que vamos tendo oportunidade de o ir vendo em acção no Porto, mas sobretudo na selecção Sub21. Parece-nos, sobretudo um guarda-redes de equipa grande, sempre muito comunicativo e muito concentrado tacticamente. Ou seja, faz muito do seu trabalho como guarda-redes sem ter necessariamente de defender. Já quando o tem de fazer, parece ter de trabalhar um pouco mais o seu preenchimento da baliza, ficando por vezes a sensação que poderia ter feito um pouco melhor.

Bruno Varela – dos guarda-redes mais influentes da época. Ou muito nos enganamos ou o Vitória de Guimarães poderia ter tido uma época ainda mais conturbada caso Bruno Varela não se tivesse apresentado com tanta qualidade. Num sector tão instável, foi o guarda-redes a salvar muitas vezes a equipa, em especial nos jogos em que o clube apresentou os resultados mais positivos. É verdade que poderia ter sido ainda melhor (como toda a equipa vitoriana) mas dentro de um descalabro total, foi dos que mais se salvou.   

Nuno Mendes - talvez, dos melhores jogadores do Mundo nascido em 2002. Tem de tudo, e tudo de bom. Não é fácil apontar algo mais negativo ou menos bom ao jovem lateral leonino. Mesmo assim, e para além da sua tenra idade, admitimos que poderá vir a ser ainda melhor quando vier a dar o "salto" para um clube ainda melhor a nível europeu. Clube esse que com certeza, será do Top10 do Futebol europeu.

Rúben Vinagre - ataca e defende como um extremo, o que para defesa-lateral não é muito positivo. Após uma leitura mais racional de alguns golos sofridos pelo Famalicão, verificámos que o seu posicionamento deixou algo a desejar. Já quando está em processo ofensivo, é um dos defesas-esquerdos que mais promete nessa Europa fora.

Pepe – categoria pura! Não é a idade que o limita. Pelo contrário, poucos jogadores devem reconhecer as suas limitações tão bem como o Pepe. Cada vez mais preciso na dimensão Táctica do jogo, apostando na antecipação e num correcto posicionamento para corrigir uma eventual perda de velocidade e agilidade fruto dos seus 38 anos. Sempre agressivo, parece ter perdido alguma imprudência que o caracterizou ao longo dos anos. Quem jogar ao seu lado, tem tudo para crescer e se tornar também ele num central d topo.

Gonçalo Inácio – uma das surpresas da época. Admitimos que não conhecíamos este miúdo, e que bela surpresa se mostrou este jovem defesa-central. Numa linha bastante experiente, com Coates e Feddal, Gonçalo Inácio conquistou a titularidade como central do lado direito, corporalizando uma das palavras mais importantes do Futebol: eficácia. Sem ser muito exuberante, passando muitas vezes despercebido em relação a Coates e Feddal, Inácio não precisou de muitos jogos para ganhar o seu espaço e acabar como titular indiscutível dos campeões portugueses.

Fábio Cardoso – um dos casos mais peculiares da nossa liga. Bastante elogiado por muitos colegas de profissão, há algum tempo que se lhe antecipa um “salto” para outros voos. Curiosamente, acabou a época sem ter que o fazer, visto ter ajudado e muitas vezes capitaneado o Santa Clara para a 6º posição, alcançando a vaga da nova Conference League. Defesa a 3 (5) ou defesa a 4, Fábio Cardoso é um dos defesa-centrais tacticamente mais competentes do campeonato, tentando corrigir dessa forma, algumas debilidades mais individuais ao nível da agilidade e da mudança de velocidade.

Diogo Leite – está a tardar a confirmar todo o potencial que se lhe antecipava. E talvez por isso hesitámos tanto em inseri-lo na convocatória. Mas o facto de ser esquerdino, permite-lhe ganhar terreno perante muitos outros concorrentes. Pode parecer um preciosismo mas a verdade é que valorizamos bastante a relação do pé dominante com o espaço que os jogadores ocupam no campo. Diogo Leite parece estar muito preso à sua relação com Diogo Queirós, onde ambos se transformam para muito melhor, complementando-se de uma forma única. Contudo, a verdade é que quando jogam separados a qualidade acaba por ficar mais condicionada.  

Ricardo Esgaio – está-se a tornar cada vez mais num jogador bastante completo. Daquelas adaptações de extremo para lateral que correram muito bem. Nota-se que é um jogador que tem “escola” e que ao longo dos anos tem aprimorado e corrigido algumas debilidades no seu jogo. Parece-nos mais competente numa defesa a 3 (ou 5), podendo oferecer mais ao jogo com essa estrutura, mas mesmo numa defesa a 4, não deixa de cumprir com as suas tarefas defensivas. O facto de ser um dos capitães do Braga, mostra a importância que o jogador também tem dentro do balneário.

Fernando Fonseca – parece que tem pilhas que nunca mais acabam. Velocidade, agilidade, agressividade, tem aquilo que um bom defesa direito deve ter, mostrando que quando chegou a ser apontado à Juventus, o feito não foi por acaso. A esses atributos mais “físicos” juntam-se outros que lhe permitem antecipar qualidade num jogar mais apoiado e posicional. Valorizou-se bastante ao longo da boa época do Paços, esperando-se contudo, que venha a melhorar ainda mais na próxima época, em especial na ligação com o sector mais ofensivo.

Palhinha – considerado por muitos o melhor jogador do campeonato, Palhinha é daqueles médios que qualquer treinador (arriscamo-nos a dizer) do Futebol europeu gostaria de ter no seu plantel. Não lhe chegava ser muito competente a nível táctico-técnico, Palhinha é um verdadeiro “Bicho” ocupando o meio-campo de uma forma brutal como um gigante que é. Parece estar sempre comprometido com o jogo a 110%, tentando corrigir potencias incorrecções posicionais dos seus colegas. Recorde-se que joga normalmente apenas com mais um colega no eixo do meio-campo leonino, mas isso, nem se chega a notar, tal é a sua competência em preencher todo o meio-campo.

Pepê – contratação importantíssima para o Famalicão, mas em que estranhámos a incapacidade que teve em se assumir no Olympiakos. Felizmente para o campeonato português, regressou e logo para ser um dos melhores jogadores da segunda volta da Liga. Sempre muito cerebral, poderá não ter a “intensidade” ou “agressividade” que muitos treinadores gostam de ver para a posição mais recuada do meio-campo – não é por acaso que temos tão poucos jogadores portugueses a actuar nessa posição em Portugal. Pensa, mas também, executa sempre muito bem, saindo a bola sempre muito “redondinha” dos seus pés. Deixou muita água na boca para a próxima época.    

Sérgio Oliveira - quem o viu e quem o vê. Quanto a nós, das maiores evoluções do Futebol português nos últimos anos. Com um estilo muito próprio e sem ser um jogador muito exuberante, é extremamente competente a nível táctico, compensando dessa maneira alguma falta de pujança "física" tão valorizada por Sérgio Conceição. Já a nível técnico, atingiu um nível que o coloca como um dos melhores médios-centro do Futebol europeu.

João Mário – tornou-se um jogador diferente daquele que o conhecemos quando se assumiu no Sporting. Mesmo ao longo da época não teve a consistência que a sua grandeza se lhe exigia. Fez jogos absolutamente deliciosos, sempre com a conquista de espaços como referência, fosse com bola através do passe, fosse sem bola à procura de a receber. A exigência de um meio-campo a dois, talvez tenha exigido dele algo que não estaria preparado para assumir com tanta disponibilidade, depois de anos em que não foi escolha indiscutível no seu clube. Por vezes parecia mesmo algo envergonhado e alienado do jogo, mas isso era “só” a sua concentração máxima como grande médio que é.

Daniel Bragança - a suplesse em forma de jogador de Futebol. Digam que funções querem que ele desempenhe no meio-campo que ele as fará com superior qualidade - qualidade essa também muito dependente de quem tiver ao seu lado, como já escrevemos aqui no blog. Dos jogadores mais competentes no plano táctico-técnico que Portugal tem ao seu dispor. Joga, mas também faz jogar. Há quem diga que lhe falta isto e aquilo, em especial nas capacidades menos cerebrais do Jogo. Mas o que ele tem, têm-no de muito bom!Fábio Vieira - requinte e elegância, são duas das melhores qualidades que definem este miúdo. Sem "perfil" para ter um papel constante no FC Porto, deverá, quanto a nós, procurar uma equipa que apresente um outro jogar, mais propenso ao seu jogo mais técnico e cerebral. O Porto encaixaria muito dinheiro, e ele ganharia uma importância maior no panorama do Futebol nacional.

Pote – parece que não tem nada de especial. Nem tão pouco é fácil defini-lo quanto ao conceito de “posição” e de “função”. A verdade é que foi campeão e o melhor marcador do campeonato. Este antigo gordinho transmontano fez-se um verdadeiro jogador, com características muito próprias e um talento enorme para vir a ser uma peça importantíssima para a história do Sporting. Cerca de 25 anos depois, voltámos a ter um “Melhor Marcador” português, bastando ver o último jogo do campeonato para conhecer melhor o faro, inteligência e leitura que este médio e/ou avançado tem.

Ricardo Horta – dos jogadores mais subvalorizados (do mundo?) do Futebol. Lamentamos muito como ainda não conseguiu ter o seu espaço junto de Fernando Santos, até quando se apresentava numa “forma” única em comparação com outros compatriotas. Lá na frente consegue apresentar qualidade a jogar por dentro, por forma, mais como médio, mais como avançado. Peçam-lhe o que quiserem que ele cumpre com muita irreverência e competência. Por vezes vamos longe à procura de Talento, com jogadores desta qualidade aqui tão perto. Dos nossos preferidos!

Nuno Santos – tem crescido degrau a degrau. As duas roturas de ligamentos que sofreu há anos atrás faziam crer que dificilmente conseguiria alcançar todo o potencial que se lhe previa, primeiro no Porto e depois no Benfica. Curiosamente alcançou a glória num terceiro “grande”, com um papel mais ofensivo do que aquele que mostrou em Rio Ave. Agressividade e objectividade, são as suas melhores armas para atacar a profundidade do ataque leonino, e como isso foi importante em certos jogos do campeonato!   

Rafa Silva – uma carreira de altos e baixos, fruto de uma inconsistência que persegue o seu Futebol, tal como as constantes mudanças de velocidade que imprime no seu jogo. O melhor Rafa Silva que já tivemos oportunidade de ver, é sem dúvida um jogador diferenciado. Contudo, o pior Rafa Silva, é um jogador que roça o mediano, com um poder de finalização muito aquém do esperado. Como optimistas, preferimos o primeiro e assumiríamos a sua convocatória.

Paulinho – talvez o jogador mais “bipolar” da convocatória. Desde logo pelas suas características únicas, de ser um ponta-de-lança bastante altruísta que mais do que jogar, faz jogar os outros. A sua especificidade é algo de tão belo como complexo, que exige à equipa, mas sobretudo ao Treinador, saber “espremê-lo até ao tutano” para ele ser capaz de oferecer à equipa tudo o que de melhor sabe fazer. Acreditamos que mesmo já não sendo nenhum jovem, tem capacidade para crescer ainda mais e limar algumas arestas que o fazem ainda ser “odiado” por alguns adeptos. Mesmo os sportinguistas.

Tiago Tomás – a flecha em forma de jogador de futebol: rápido, esguio e objectivo, julgamos que é a melhor forma para caracterizar o futebol de Tiago Tomás. Na nossa opinião, falta-lhe curiosamente a capacidade de carregar no “pause” para fugir um pouco ao seu estilo demasiadamente vertiginoso, já que acreditamos que o Futebol não deva ser sempre jogado a “mil à hora” como ele gostaria. Também por todo o crescimento que se lhe prevê, acreditamos que tem um potencial enorme para vir a ser um jogador de topo. Mas também acreditamos que tanto ele como quem o rodeia, terá de olhar para essa dimensão potencial, e não querer queimar etapas que o queiram colocar aonde ele (ainda) não está.