segunda-feira, 13 de junho de 2022

A operacionalização (?) da Periodização Táctica em contexto amador - o Dia "Intencionalmente" Verde

 Dia “Intencionalmente” Verde

 

quinta

Preocupações Fundamentais

Fazer com todos juntos joguem o mesmo Jogo.

Preocupações Complementares

Melhoria da Manutenção da Posse de Bola.

Escalas de Complexidade

Grandes Princípios e sub- princípios; Relações no plano Coletivo, Intersetorial.

Variáveis Quantitativas

Aproximação do 11v11 – de forma condicionada para a Propensão de comportamentos desejados;

Espaço com largura e profundidade o mais parecida ao terreno de jogo; períodos de 15' a 20'.

 

Fazendo um balanço para aquilo que foram os treinos de quinta-feira podemos considerar que talvez tenham sido os treinos mais ricos.

Embora de uma forma menos constante do que gostaríamos, sentimos que acabámos a época com quase todos os jogadores a jogar o mesmo jogo, sabendo que essa matriz colectiva foi fundamentalmente desenvolvida no treino de quinta-feira.

Os jogadores manifestavam uma linguagem corporal mais positiva e predisposta para treinar, o que é compreensível já que à terça-feira nem todos estão plenamente aptos para a dimensão aquisitiva que se pretende.

Direitos da Imagem - This is Anfield


Paralelamente, julgamos também que acabámos a época com bons índices de performance. Mesmo com alguns jogadores lesionados, a equipa mostrou-se bastante superior aos últimos adversários, acabando os jogos com alguma “frescura física”.

No entanto existiram sobretudo três dificuldades que se foram manifestando de uma forma mais ou menos recorrente ao longo dos treinos de quinta-feira:

De todas, a mais recorrente foi a dificuldade em gerir as áreas de jogo dos exercícios. Pelo facto de grande parte das nossas vivências no Futebol enquanto treinadores, estarem ligadas aos escalões de iniciação, sentimos que algumas vezes não conseguimos ir de encontro aos objectivos Tácticos do exercício, quer na sua dimensão mais estratégica, quer na dimensão mais fisiológica.

Se em contexto amador não é tão fácil auferirmos o grau de eficácia das áreas de acção dos diferentes exercícios no que ao impacto fisiológico diz respeito, ao nível estratégico, temos todos os domingos um bom momento para avaliarmos o que fomos treinando ao logo da semana. E se através do treino, o contexto criado não está ajustado em função do espaço que vai ocorrer em jogo, não podemos esperar muito que a equipa tenha em jogo um desempenho tão eficaz como aquele desempenhado em treino. Isto porque o treino pode não conseguir ter a representatividade Macro, procurada através de uma escala mais Micro. Relação de escalas essa que muitas das vezes falhou.

E foi esta dificuldade operacional, que sentimos que temos que melhorar bastante para os próximos tempos. Sobretudo quando nos deparávamos com certas dificuldades em campos grandes como o nosso.

Uma outra situação que sentimos que temos de melhorar no futuro próximo, se queremos tirar ainda maior riqueza do treino de quinta-feira, é na eficácia dos constrangimentos dos exercícios de aproximação do jogo formal, em função dos comportamentos que queremos modelar.

Se acima falámos de uma questão de espaço, nem sempre adequada a uma realidade específica (terrenos de jogo de grande dimensão), neste problema estamos a falar em algo mais profundo e transversal a qualquer circunstância.

Ou seja, nem sempre os constrangimentos nas “peladinhas” dos treinos de quinta-feira, por mais básicos que fossem, eram incorporados pelos jogadores. Isto porque alguns jogadores nem sempre valorizavam ou reconheciam esses mesmos constrangimentos como uma mais-valia para o desempenho individual e colectivo no dia de jogo.

Cabíamos a nós enquanto líderes intervir o mais rápido possível no sentido dos jogadores irem de encontro às nossas intenções. Tarefa nem sempre fácil, em especial quando o próprio jogador tem dúvidas dos benefícios dos tais constrangimentos. Ou então quando até está num nível superior e até consegue ver “mais à frente” que o Treinador que esses mesmos constrangimentos podem castrar mais do que estimular o jogador e a equipa. Este constante conflito ideológico acaba a nosso ver por trazer mais benefícios, já que promove uma reflexão constante do Jogo por parte de jogadores e treinadores.

No nosso caso, por vezes reconhecíamos o nosso erro, e acabávamos por ajustar os constrangimentos definidos na “peladinha”, porque ao contrário do que era nossa intenção acabavam por ser contraditórios ou incompatíveis com os objectivos que pretendíamos alcançar.

Para finalizar, partilhamos ainda que, reconhecendo a importância de termos uma visão sistémica do Treinar, sentimos que acabávamos o treino de quinta-feira no timing errado, devido à preocupação de não querer “treino a mais” para quinta-feira em função do treino de sexta-feira.

Isto é, muitas vezes, quando a “peladinha” estava num grau de intensidade Táctica brutal, por mais que nos custasse, sentíamos que deveríamos terminá-la para que no dia seguinte os jogadores estivessem minimamente “frescos” e “limpos” para treinar. Fosse na dimensão fisiológica, fosse fundamentalmente na dimensão Táctica.  

 

Contextualização

Na quinta-feira anterior à J5 da divisão principal da AF Guarda, aceitámos o desafio de orientar a equipa principal do GD Foz Côa, naquela que foi a nossa primeira experiência no futebol sénior. A equipa vinha de um início algo atribulado, quer em termos de processo (um período pré-competitivo com bastantes ausências), quer em termos de resultado (uma 1V e 3D).

Uma equipa experiente, que variou entre os 18 e os 23 jogadores com alguns dos mais influentes acima dos 35 anos e com percursos muito heterogéneos, havendo desde o jogador internacional jovem por Portugal, ao jogador com menos de 10 jogos na principal divisão do distrito da Guarda.

Escusado será dizer que neste grupo, nenhum jogador era profissional. Pelo contrário, alguns jogadores nem sempre estavam disponíveis para o jogo e/ou treino. Aliado a esse constrangimento, muitos dos jogadores têm profissões muito desgastantes ao nível físico, numa zona geográfica onde a agricultura é uma das áreas com maior empregabilidade.

Importa ainda referir que numa zona cada vez mais desertificada, a equipa viu-se órfã de defesas-centrais (apenas um de raiz) e laterais-esquerdos (apenas um jogador tinha desempenhado anteriormente essas funções e já como “adaptação”).

Esta “escassez” teve também reflexo na equipa técnica, centrada apenas na pessoa do Treinador, acumulando todas as outras funções mais técnicas.

Para finalizar, é também importante salientar que o clube não possui equipa de juniores, que tão importante poderia ter sido para enriquecer este processo.

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