Dia “Intencionalmente” Amarelo
sexta |
|
Preocupações Fundamentais |
Afinar
o Jogo que todos devem saber jogar. |
Preocupações Complementares |
Desenvolvimento
estruturado do passe e recepção. |
Escalas de Complexidade |
Grandes
Princípios e sub- princípios; Relações no plano Coletivo (pouco tempo),
Intersetorial, Setorial, Grupal e Individual. |
Variáveis Quantitativas |
Adaptabilidade
máxima aos problemas tidos do jogo anterior e potenciais do jogo posterior;
períodos de 10' a 15'. Colocação de pouco estorvo nas dinâmicas pretendidas –
aproveitamento do contexto de Finalização. |
Podemos
dizer que o treino de sexta-feira, teve um grau de riqueza bastante
interessante, muito embora não fosse com a regularidade que desejaríamos.
Era
aqui que pretendíamos aprofundar as escalas dos princípios de jogo, valorizando
determinados detalhes, sobretudo relativos ao nosso Jogar, já que ao longo da
época foi sobretudo com a nossa equipa que nos preocupámos. Porém, e ao
contrário do que era nosso desejo, nem sempre conseguimos aproveitar este dia
para afinar o nosso jogo, fruto de algumas ausências de jogadores potencialmente
titulares. Era neste treino que pretendíamos explorar determinadas ideias, mas nem
sempre o conseguimos fazer por faltarem ao treino os intervenientes e
intérpretes dessa intenção.Direitos de imagem - B/R Football
Felizmente,
tais ausências não foram tão habituais neste dia, o que nos permitiu fazer um
balanço positivo do rescaldo dos treinos de sexta-feira.
Sobre
a riqueza do treino de sexta, é importante realçar o valor que os “simples”
exercícios estruturados de passe e recepção tiveram ao longo da época. Este
tipo de exercícios, onde os jogadores basicamente iam do sinalizador A para o
sinalizador B cumprindo determinada tarefa, mostraram ser bastante ricos do
ponto de vista aquisitivo.
Isto
porque, embora possam ser operacionalizados segundo uma lógica muito “analítica”
e “fechada”, no nosso caso tinham bastante ligação às nossas ideias relativas
ao Jogar construído. Mesmo dentro dos seus constrangimentos próprios, havia
espaço para ser específico com o nosso Jogar. Curiosamente, numa fase da época
onde não operacionalizámos tanto este tipo de exercícios, foi também um período
mais pobre relativo ao nosso momento de organização ofensiva.
Tal
como nos treinos de quinta-feira, voltámos a ter problemas relacionados com a
área do exercício. Nos nossos primeiros treinos de sexta-feira, quando
queríamos potenciar a melhoria da velocidade de contracção muscular, apostámos
em distâncias longas, “convidando” os jogadores a terem de desempenhar sprints de
30-40m, sem grande “ruído”.
Ou
seja, eram exercícios orientados para situações de finalização, sem grandes
constrangimentos ou graus de complexidade, e até, muitas vezes, sem oposição.
“Na
sexta-feira (…) o fundamental, ao ser algo sem estorvo, (isto é, sem travagens,
mudanças de direcção, saltos), ao ser sobre a maximização da velocidade de contracção,
importa que se garanta uma certa distância de forma a que os indivíduos possam
alcançar a sua velocidade máxima (30 metros mínimo aprox.)” (Reis, 2020)
Contudo,
contrariando esta lógica, a partir do primeiro terço da época alterámos
significativamente as distâncias de acção deste tipo de exercícios, indo de
encontro à ideia manifestada por alguns jogadores que diziam que era muito
espaço para percorrer em velocidade máxima. Ou seja, mesmo reconhecendo que
parte da intenção prévia do objectivo do dia de sexta-feira não estava a ser
concretizado, achámos que deveríamos ceder e ir de encontro ao conforto desses
jogadores.
No
entanto, numa próxima oportunidade, voltaremos a tentar recuperar as tais
distâncias inicialmente idealizadas, já que, através do seu encurtamento é
notório ver que alguns jogadores estão longe de alcançar a sua velocidade
máxima, pois não têm tempo-espaço para isso.
Por
fim, resta-nos ainda abordar a constante preocupação que tínhamos na
planificação deste treino em função do que tinha sido o treino do dia anterior.
Fruto de algum desgaste conquistado no treino de quinta, era nossa preocupação no
treino de sexta-feira que a relação esforço-recuperação fosse muito bem
equilibrada.
Este
nosso cuidado, para além de se ocupar na dimensão fisiológica, estava fundamentalmente
atento aos indicadores emocionais e psicológicos dos jogadores. Ou seja, como
era habitualmente um treino em que através dos exercícios “fundamentais” procurávamos
“afinar” e “aprofundar” o nosso Jogar, tendo assim uma alta exigência emocional
e psicológica, conferíamos aos primeiros exercícios do treino, um grau de complexidade
menos exigente do ponto de vista emocional e psicológico. Isto para não sobrecarregar
os jogadores que manifestavam corporalmente ainda algum desconforto em relação
ao treino do dia anterior.
Contextualização
Na
quinta-feira anterior à J5 da divisão principal da AF Guarda, aceitámos o
desafio de orientar a equipa principal do GD Foz Côa, naquela que foi a nossa
primeira experiência no futebol sénior. A equipa vinha de um início algo
atribulado, quer em termos de processo (um período pré-competitivo com
bastantes ausências), quer em termos de resultado (uma 1V e 3D).
Uma
equipa experiente, que variou entre os 18 e os 23 jogadores com alguns dos mais
influentes acima dos 35 anos e com percursos muito heterogéneos, havendo desde
o jogador internacional jovem por Portugal, ao jogador com menos de 10 jogos na
principal divisão do distrito da Guarda.
Escusado
será dizer que neste grupo, nenhum jogador era profissional. Pelo contrário,
alguns jogadores nem sempre estavam disponíveis para o jogo e/ou treino. Aliado
a esse constrangimento, muitos dos jogadores têm profissões muito desgastantes
ao nível físico, numa zona geográfica onde a agricultura é uma das áreas com
maior empregabilidade.
Importa
ainda referir que numa zona cada vez mais desertificada, a equipa viu-se órfã
de defesas-centrais (apenas um de raiz) e laterais-esquerdos (apenas um jogador
tinha desempenhado anteriormente essas funções e já como “adaptação”).
Esta
“escassez” teve também reflexo na equipa técnica, centrada apenas na pessoa do
Treinador, acumulando todas as outras funções mais técnicas.
Para
finalizar, é também importante salientar que o clube não possui equipa de
juniores, que tão importante poderia ter sido para enriquecer este processo.
Bibliografia
Reis,
J. (2020). A Sustentabilidade do
Morfociclo Padrão: A «Célula Mãe» da Periodização Táctica. Vigo: MCSports.
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