segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Entre-Linhas com Michael Carvalho / Entre Les Lignes avec Michael Carvalho


PT Não podia ser num momento mais oportuno. A conversa “Entre-Linhas” de hoje é com o nosso amigo luso-francês Michael Carvalho. 

Ainda jovem, conta já no seu currículo com colaboração com a equipa técnica de Carlos Secretário no Créteil-Lusitanos, tendo ajudado o clube a alcançar o “National”, como Observador e Analista de Jogo. Conhecemos o Michael através das redes sociais, por termos uma forma de ver o Jogo e o Treino bastante semelhante e quisemos aproveitar um período extremamente positivo do Futebol Francês. 

A presença do Paris Saint-Germain na final da Champions League e do Lyon na meia-final da Champions e nos quartos na Youth League, assim como o estabelecimento de muitos protocolos entre clubes lusos e franceses, levou-nos a que quiséssemos que o Michael partilhasse connosco o seu conhecimento da realidade gaulesa para melhor percebermos como é o Jogar e o Treinar em França. E ele aceitou… 


1. Começamos por uma contextualização do Futebol de Formação em França. Em Portugal, crescemos a ouvir maravilhas da “Escola Francesa”, mas o que tem o Futebol de Formação em França de especial para conseguir “produzir” um número tão elevado de jogadores de Futebol de elevada qualidade? 

O grande número de jogadores de futebol de elevada qualidade que conseguem se profissionalizar é consequência de vários fatores. 
Em primeiro lugar, a França é um país com uma população elevada e onde a atividade física faz parte da sociedade com muitos desportos populares, como o atletismo, o andebol, ou o râguebi, mas a atividade mais popular é o futebol. É a primeira federação com muitas pessoas motivadas dentro dos clubes amadores para aprender e formar os jovens a atividade futebolística. Os resultados desportivos da seleção nacional aumentam cada ano o número de praticantes. 
A região de Paris é uma área muito grande, e contém muitos bairros (também em Lyon, Marselha e em todas as cidades) onde os jovens jogam futebol de rua, sem regras, com idades diferentes, em pequenos espaços com terrenos irregulares que potenciam a criação de uma perceção própria do jogo. Essa prática livre quase sempre com oposição/cooperação, com erros e sucessos, onde o miúdo tem muitos contactos com a bola permite uma estimulação da coordenação motora, das capacidades cognitivas, motoras, de antecipação e de decisão. 
Em França tudo está feito para que os jovens que gostam de jogar futebol possam jogar quando quiserem, o estado investiu na criação de campos de futebol de rua, em pavilhão, e os jovens tem espaço para joga futebol durante o tempo livre, mas também na escola. 
Desde o secundo ciclo até o ensino secundário, os jovens podem praticar e treinar na escola (chama-se UNSS) e jogar torneios contra outras escolas. Também existe as aulas especiais “Sport-étude” e “Pôle Espoir” que são turmas que contêm jovens futebolistas com horários de aulas mais leves para poder treinar durante a semana. 
Por último, os clubes de futebol de primeira e segunda divisão têm a obrigação de criar academias. São academias de boa qualidade equipadas de campos de futebol, de ginásio, de internato, onde estão reunidas todas as condições para um desenvolvimento ótimo. Esses centros de treinos cobrem todo o espaço nacional e permite detetar jogadores de todas as regiões. 
Como dito anteriormente existe uma grande cultura desportiva em França com muita prática diversificada. Muitos jovens iniciam-se no futebol e no ano seguinte praticam outra modalidade, retornando ao futebol. Podem praticar duas ativadas físicas ao mesmo tempo, ou ainda tocar música ou xadrez ao mesmo tempo que a prática desportiva e acho que no desenvolvimento das qualidades motoras e cognitivas a prática variada é benéfica. 
Em França, a formação dos jovens jogadores, seja em academias ou em clubes de futebol amador, centra-se muito na técnica individual e nas qualidades físicas. Forma-se primeiro um jogador com técnica individual e um atleta para depois lhe ensinar a resolver as situações de jogo. 
Infelizmente, muitas vezes os exercícios são abstratos e descontextualizados da realidade do jogo, onde é ensinada o passe de forma isolada. Muitas vezes isso retira o prazer no treino porque os jovens não encontram o prazer que tiverem na rua, vários exercícios analíticos com fila de jogadores e os treinadores a retirarem a parte de iniciativas da tomada de decisão dos jogadores. E estamos todos convencidos que sem prazer a aprendizagem fica mais difícil. O excesso desse tipo de exercícios faz que os jogadores não aprendem a reagir à imprevisibilidade das situações do jogo e acho que temos que encontrar um equilíbrio. 
Os exercícios de técnica e velocidade de forma isolada não permitem uma aprendizagem da tomada de decisão ou uma reflexão sobre como ocupar e atacar espaços, o desenvolvimento do entendimento e compreensão do jogo, da criatividade. 
O enfoque está ainda na compressão das dimensões do jogo de forma isolada por exemplo, ainda há competições de toques durante os testes de entrada nas academias para avaliar a técnica dos jogadores. Um jogador como o Griezmann entrou na academia da Real Sociedad porque quando fez os testes para entrar nas academias francesas não tinha condições físicas suficientes. Eu pergunto quantos jovens foram rejeitados das academias por causa da avaliação das capacidades física ou do tamanho e não pela sua capacidade em resolver as situações do jogo? 

2. Sobre esses jogadores de qualidade, como poderemos então caracterizar o jogador francês, se é que lhe encontras algum padrão? 

Não creio que possamos caracterizar um tipo específico de jogador, acho que existe tantos perfis diferentes quantos jogadores porque o jogador é fruto da formação que recebeu e das experiências que viveu em campo. 
O jogador francês é um jogador que ao final da sua formação terá uma grande cultura física com muito trabalho realizado no desenvolvimento das capacidades físicas e uma grande cultura técnica, com muito trabalho com base de exercícios repetição de movimentos. 
Na contrapartida às vezes é a dificuldade em entender o jogo ou em resolver o problema do jogo. Pode acontecer que alguns jogadores têm dificuldades nas noções de ocupações e explorações dos espaços, na identificação dos momentos do jogo (reação a perda por exemplo) e na compreensão dos princípios fundamentais do jogo como por exemplo nas ações de contenção ou no controlo da profundidade. 
Essas horas de exercícios descontextualizados sem adversarios, ou de corridas na floresta durante o período preparatório estão felizmente compensadas por horas de competição durante o ano, pratica livre na rua ou durante o treino onde há sempre espaço para exercícios mais contextuais desenvolvendo-se todas as vertentes do jogo. Acho que é o equilíbrio de tudo esse trabalho, a dedicação dos formadores e de horas com bola que permite aos clubes franceses formar jogadores de qualidade. 
Também é muito bom para a nossa seleção de Portugal porque muitos luso-descendentes querem seguir o caminho do Anthony Lopes ou do Raphael Guerreiro. 

3. O que achas da ponte que se está a estabelecer entre o Futebol Português e o Francês? Perguntamos isto porque nos parece bastante pertinente a ligação que se está a criar entre os dois países: 

· O Nacional tem recrutado muitos jovens franceses para as suas equipas de formação, parecendo estar a apostar este ano também no mercado francês sénior. 

· O Lille teve protocolo com o Belenenses na época passada, estando este ano já ligado institucionalmente ao Boavista. 

· O Farense estabeleceu parceria com o Lyon. 

· O Vitória, tem uma presença muito activa ao nível do recrutamento de jovens promessas da zona de Paris. 

· O Paços de Ferreira anunciou recentemente parceria com os franceses do Stade de Reims. 

Em primeiro lugar, eu acho que é muito bom para os próprios jogadores porque queremos que todos os jogadores tenham a oportunidade de mostrar as suas qualidades e de poder jogar. Acho que tudo que vai no sentido de progressão, ganhar experiência, aprender e jogar é bom para os jogadores. 
É muito bom também para os clubes portugueses que mostram ano após ano uma adaptação ao contexto e mostram que com inteligência e boa gestão se pode fazer muito com poucos recursos financeiros. 
Espero que estes acordos não prejudique os jovens talentos portugueses. Eu acho que há qualidade em todos os países e espero que sejam negócios feitos com o objetivo de formar jogadores e com foco na progressão dos jogadores e das equipas e não apenas financeiros. 

4. Já ao contrário, o fluxo dá-se sobretudo a nível técnico. Como avalias a prestação dos treinadores portugueses em França? Tem sido uma adaptação bastante irregular, não? 

Não pretendo julgar este ou aquele treinador porque não sabemos em que contexto ele se encontra e a adaptação deles ao campeonato francês pode ser complicado. Eu acho redutor avaliar o trabalho de um treinador no fato de ele ganhar títulos ou não. 
Eu acho que a chegada dos treinadores portugueses permitiu que os dirigentes mudassem de ideias. Em geral, eles têm contribuído enormemente para o futebol francês, em primeiro lugar na progressão dos jogadores a nível tático-técnico. Também provaram que uma nova forma de treinar era possível e, ser antigo jogador profissional ou não, são as competências e o trabalho diário que permitem obter resultados. 
A principal qualidade que surgiu dos treinadores portugueses que vieram para França foi adaptar-se ao contexto e implantar as suas ideias de jogo de maneira rápida. Eles têm sido bem-sucedidos em convencer os jogadores das suas ideias, na consolidação dos princípios de jogo e na utilização da sua metodologia. 
E é nisso que a contribuição dos treinadores tem sido benéfica para os clubes, pois o melhor que podemos desejar aos treinadores não é só conquistar títulos porque só haverá um campeão ao fim. O que temos que desejar é uma construção bem-sucedida de uma equipa que respeite os seus princípios de jogo, que nasce um ADN comum onde todos os jogadores sabem o que fazer a qualquer momento do jogo. 

5. No teu caso, como apareceu um gosto tão grande pela metodologia de treino da Periodização Táctica? Embora sejas luso-descendente fizeste toda a tua formação académica em França, certo? 

Sim, licenciei-me em treino desportivo na Faculdade de Desporto de Nancy e fiz o mestrado em treino e otimização de rendimento desportivo com especialização em análise do jogo na Universidade de Paris Créteil. 
Já sabia que os treinadores portugueses tinham métodos diferentes. O meu conhecimento se resumia em saber que não havia preparação física de maneira tradicional. Antes de entrar a faculdade, li o livro de Thibault Leplat “Le cas Mourinho” graças a um amigo, onde falava da formação académica e dos métodos de treino. 
Comecei então a comprar livros portugueses, espanhóis, ingleses sobre metodologia de treino, sobre o jogo, ciências humanas para criar o meu próprio conhecimento. A ideia de ter um modelo de jogo, de sistematizar suas ideias de jogo, de treiná-las, de entender o jogo como um continuum imprevisível, incerto, me fascinou porque era novo para mim. Fazia sentido porque vivi os treinos de preparação física de pré-temporada e sentia que não estávamos melhor preparados para jogar e, principalmente, que não tínhamos consolidados os nossos princípios de jogo e que não jogávamos como equipa. 
Na faculdade os cursos estavam centrados na visão física da atividade, nas aulas de futebol aprendemos a criar uma preparação física dividida em macrociclo, mesociclo e microciclo, na criação de exercícios predominantemente aeróbicos, na utilização de testes de VAM. Também tínhamos muitas aulas de ciências humanas, era muito enriquecedor e acho que é fundamental na formação como treinador. Mas na minha opinião só nos faltava aprender mais os fundamentos do jogo ou como operacionalizar uma ideia de jogo. Foi a leitura dos livros que me permitiu relacionar o conhecimento teórico da motricidade humana, das capacidades físicas do corpo humano com a atividade do futebol. Ajudou-me a estruturar as minhas ideias, a perceber porque é que nesse dia fazemos isto, porque fazemos esse tipo de trabalho e não outro. 
Tive a sorte de encontrar as boas pessoas que me aprenderam muito. Fiz um estágio no Football Club de Mulhouse com o Mister Carlos Inajeros onde aprendi muito sobre a lógica da periodização tática. Depois tive a oportunidade de aprender o lado mais prático num clube profissional, sendo estagiário analista ao lado de Carlos Secretário durante dois anos no Créteil-Lusitanos. Foram dois anos de muito aprendizagem. Sempre ficarei grato ao Mister Secretário e os seus adjuntos pela confiança e por me permitir aprender ao lado deles. 


6. Porque vês uma necessidade tão grande de implementação da Periodização Táctica na França? 

É o sucesso dos treinadores portugueses conjuntamente com o jogo praticado por essas equipas que faz com que a periodização tática se torne cada vez mais reconhecida. 
Acho que o mais importante é primeiro entender o contexto em que estamos inseridos e ser capazes de fornecer aos jogadores condições para progredir e tomar as decisões certas em campo para o desenvolvimento ideal do jogo da equipa. Isso é possibilitado com a criação de um modelo de jogo estabelecido em relação ao contexto, mas também com a operacionalização dos princípios de jogo e funções dos jogadores dentro da equipa evitando restringir a criatividade deles. 
O que nos torna melhores como treinador é o nosso conhecimento dos nossos jogadores como homens, do nosso contexto, a compreensão da interação entre os jogadores da equipa, da interação entre eles e as nossas ideias de jogo, mas também nossa capacidade de transmitir mensagens, etc. 
Por isso é que há necessidade de implementação da periodização tática, porque não é apenas um método, mas uma forma de compreender toda a atividade do futebol. 
Permite-nos organizar de forma sistémica as nossas ideias de jogo, operacionalizá-las de forma a trabalhar os comportamentos e interações dos jogadores no jogo que pretendemos durante a semana. 
Isso nos faz refletir sobre a atividade dos jogadores, pois o objetivo não é o desenvolvimento de uma qualidade física ou técnica, mas o desenvolvimento do nosso jogo desenvolvendo as tomadas de decisões. Isso é que nos leva a questionar por exemplo o que é a resistência específica do futebol e como treiná-la, incorporando elementos do nosso jogo. 
É o desenvolvimento do nosso modelo de jogo e exercitação dos nossos princípios e sub-princípios do jogo que permitirão à nossa equipa ter um ADN comum onde os jogadores realizam os comportamentos que pretendemos. 
Deste modo se cria uma cultura do jogo coletiva e também individual, com exercícios baseados na nossa forma de jogar, com desempenho das dimensões cognitiva, físicas, técnicas, psicológicas de forma específica porque estão guiados por a dimensão tática. 
Por isso é importante que haja uma democratização desta metodologia, pois permitirá aos jovens jogadores desenvolverem o seu potencial na atividade futebolística de uma forma específica. O vivenciar no treino de ações de jogo imprevisíveis e com constrangimento terá incidências nas emoções e na plasticidade cerebral porque os jogadores estarão mais bem preparados para enfrentar situações complexos num tempo curto. 
Assim, com as qualidades individuais que os jovens franceses possuem em termos técnicos e físicos, o treino em especificidade permitirá aos jogadores combiná-las com a compreensão do jogo, porque o desenvolvimento dos jogadores não tem tanto a ver com uma determinada capacidade física ou a técnica de forma isolada. Tem mais a ver com a identificação da situação, a qualidade de deslocamento para abrir uma linha de passe ou deslocar um defesa criando um espaço para um colega, com qualidade nas tarefas ofensivas de criação e exploração de espaços livres, com qualidade nas tarefas defensivas de proteção dos espaços vitais ou com capacidade cognitiva de tomar as decisões certas no momento certo. 

7. Para além do Treino, tens também uma grande paixão pela observação e análise de jogo. Porque entendes que ainda não se valoriza tanto essa função no Futebol francês? Será porque o próprio Futebol francês não valoriza de mais o lado estratégico? 

Essa função é valorizada no futebol profissional, muitos clubes da primeira e segunda divisão possuem analistas. 
Mas parece as vezes não ser bem definida porque alguns são analistas do jogo, outros apenas cortam imagens do jogo, outros fazem estudos estatísticos. Acho que isso vem da ideia falsa de que o analista não é treinador. 
Na faculdade, recebemos conhecimento técnico sobre o uso de tecnologias para analisar o rendimento dos jogadores. Aprendemos a controlar a carga física dos treinos e menos tempo na análise do jogo em si. Acho que falta uma verdadeira aprendizagem dos conceitos do jogo em detalhes na universidade e acho difícil analisar quando não se tem esse conhecimento porque somos rapidamente inundados de informações. É o nosso conhecimento do jogo que nos permite focar nos elementos-chave e nos permite analisar e compreender de forma eficaz. 
Acho que o futebol francês não valoriza tanto o lado estratégico porque faltamos pessoas como Carlos Queiroz, Jorge Castelo ou Vitor Frade que teoriza conceitos de jogo e treino. Acho que é importante conhecer os fundamentos do jogo, os diferentes tipos de superioridade, os princípios da defesa a zona, controlo de profundidade etc. E infelizmente tenho a impressão de que as aulas não se centram no jogo, é pena porque temos o Gréhaigne ou Mombaerts que realizaram trabalhos muito interessante sobre o jogo. 
Isso leva a não ligar a analise do adversário com o treino. Algumas equipas técnicas mostram o jogo do adversário na véspera ou horas antes do jogo. Eu acho que adiciona uma sobrecarga emocional aos jogadores porque sabemos que a fadiga não pode ser vista apenas do ponto de vista muscular, mas sim do ponto de vista do sistema nervoso central. Se planejamos o treino semanal no âmbito que os jogadores tenham o sistema nervoso central mais descansado possível, ver vídeos do adversário só no dia da partida pode ser uma sobrecarga. Seria mais adequado mostrar como joga o adversário no dia mais distante da partida anterior e da próxima partida para depois treinar em funções das características do próximo adversário. 

8. Precisamente acerca disso. Quase todos os países, mesmo os mais periféricos, têm equipas bastante apreciadas pelos fãs do “Futebol Bonito”. Porque não há grandes exemplos disso vindos da França? Pelo menos de uma forma mais mediática… 

Em primeiro lugar temos que definir o que é o futebol bonito, o que é uma visão pessoal. Para mim o futebol é realmente bonito quando vemos uma verdadeira organização coletiva emergir do comportamento dos jogadores, seja na organização defensiva ou ofensiva e nas transições. 
Aqui os meios de comunicação não falem suficientemente do jogo dessas equipas, mas falam demasiadamente dos resultados do jogo. Muitos treinadores são julgados pelos resultados que obtém e não pela forma de jogar das suas equipas. Isso faz com que alguns treinadores se interessem mais pelo resultado do que pela qualidade do jogo. 
Eu acho que o tratamento mediático do futebol em França e sobretudo na televisão é superficial como prova do tratamento do Bielsa. Falava-se mais dele como uma pessoa que não olhava nos olhos os jornalistas, da sua geladeira do que a qualidade de sua equipa a criar situações perigosas. Há reconhecimento dessas equipes e uma paixão pelo jogo nas redes sociais e na internet. 

9. Consegues dar-nos um exemplo de Jogar que contrariem essa nossa ideia? 

Claro que existem equipas que jogam um futebol bonito aqui e que merecem nossa atenção. As equipas de Gourcuff, o Brest de Dall'Oglio, as equipas do Pelissier, o Stade Rennais de Stéphan, o Clermont de Gastien, o Amiens de Elsner, o Lille de Galtier são exemplos de equipas que jogaram na época passada bom futebol com ideias. Mas o exemplo mais conhecido de bom futebol foi o Nantes de Jean-Claude Suaudau e Raynald Denoueix nos anos 90. 

10. Com um “Futebol Bonito” ou um “Futebol Feio”, a verdade é que o PSG e o Lyon tiveram uma prestação muito interessante na Champions League. Mesmo depois de tanto tempo “paradas”. É justo desvalorizar-se tanto a liga francesa? 

Não, em primeiro lugar, não acho que se avalia a qualidade de um campeonato pelo que as suas equipas produziram nas taças europeias num ano só. 
O campeonato francês é um campeonato com muito margem de progressão, muitas equipas com um nível homogéneo, meios financeiros e um clube que domina tanto desportivamente como economicamente. Também tem, segundo eu, margem de progressão na Liga Europa porque os resultados dos clubes franceses estiveram muitos fracos e nenhum clube conseguiu ganhar a taça. 
É conhecido por ser fechado com muito desafio físico e poucas equipes com grande qualidade de jogo. 
É verdade que ainda há equipas que faltam coragem e treinadores que se refugiam na falta de meios financeiros ou no nível dos jogadores, tipicamente são os treinadores que dizem “não tenho jogadores para fazer uma boa aparência de futebol”. 
Mas não acho justo de tanta desvalorização do campeonato porque há muitas equipas bem preparadas com qualidade de jogo, muitos jovens de boa qualidade com tempo para descobrir o que é o alto nível que encontramos anos depois nos grandes campeonatos. 

11. Para finalizar, gostaríamos que partilhasse connosco como fazes na prática uma análise de determinada equipa. 

O primeiro passo quando observo um jogo é identificar o sistema de jogo que é apenas um ponto de partida antes de analisar em detalhes os comportamentos, interações e ocupação do espaço pelos jogadores. A análise faz-se indo dos grandes princípios coletivos até os pormenores individuais. Em seguida, focarei minha atenção nos comportamentos sectoriais e intersectoriais nos momentos com bola, sem bola e nas transições, dependendo das zonas em campo. 
Quando a equipa estiver organizada ofensivamente observo como eles preparam sua primeira fase de construção, se eles procuram construir o jogo e os mecanismos para penetrar com bola. Se os laterais ficam baixos para fixar o extremo adversário, se jogarem nos corredores para contornar o bloco ou se procurarem jogar por dentro penetrando o bloco adversário entre linhas. Se conseguem criar superioridade numérica, como procuram deslocar os adversários para criar um espaço explorável por um companheiro, mas também a forma como conseguem desmarcar-se. 
Na fase de criação irei focar minha atenção nas rotações entre os médios, os movimentos coordenados entre ala e lateral, as ruturas para criar espaço entre as linhas. Também observo se eles têm a qualidade de jogar sob pressão, se os alas entram no interior e se os laterais trazem a superioridade nos corredores. Identifico qual é o jogador que faz a ligação entre os setores avançados. A um nível mais individual também observo as receções dos jogadores, se forem orientados para atacar a baliza ou se procuram mudar o centro do jogo por exemplo. 
Na fase de finalização observo como exploram jogar na profundidade, como criam espaço na linha de defesa para explorar o espaço nas costas e entre os defesas. Observo as diagonais dos avançados nas costas dos defesas e se o médio acompanha os avançados na área. Observo os tipos de cruzamentos, e por último observo se a equipe sabe defender atacando, se tem um bom equilíbrio defensivo e se está preparada em caso de perda da bola. 
Na fase defensiva observo a altura do bloco, o controle dos espaços, se os princípios da contenção e cobertura defensiva são respeitados ou se há uma falha a ser explorada, identifico as referências de pressão. Tento identificar como evitam saídas curtas, se estão defendendo a zona, ou com referências individuais, se conseguem fechar as linhas de passes e se procuram orientar o adversário em um determinado espaço para pressionar. 
Tentamos identificar os padrões do jogo adverso, ou seja, como nossa maneira de jogar pode prejudicá-los, mas também por qual mecanismo iremos criar espaço para explorar. Também temos que identificar como eles podem nos prejudicar e quais adaptações estratégica eles podem trazer. Por exemplo, a análise nos permitirá determinar a melhor maneira de pressionar a primeira fase de construção de acordo com suas características, mas também nossos princípios de jogo. A análise detalhada também nos permitirá especificar as ações dos jogadores, por exemplo se é identificado um adversário muito rápido e forte no 1v1 pode-se pedir uma distância de contenção maior com muita atenção nas ações de cobertura dos colegas. 
O objetivo fundamental da análise de jogo é entender os comportamentos padrões do adversário. Quais danos eles nos podem nos causar e como podemos causar problemas a eles. Portanto, é essencial conhecer a nossa equipa extremamente bem para entender como condicionar o adversário e evitar ser-se condicionado. Tudo isso nos permitirá criar um plano de jogo em funções dos nossos princípios de jogo e terá de ser trabalhado na semana. Assim os jogadores estarão preparados para jogar contra o que o adversário pretende fazer.


FR Il ne pouvait y avoir de moment plus opportun. La conversation “Entre-Linhas” du jour est avec notre ami luso-français Michael Carvalho. 

Encore jeune, il compte déjà dans son parcours une collaboration avec l’équipe technique de Carlos Secretario à l’US Créteil Lusitanos, ayant aidé le club à atteindre le National comme Observateur et Analyste du Jeu. Nous avons connu Michael à travers les réseaux sociaux pour avoir une forme de voir le jeu et l’entraînement similaire et nous voulions profiter de la très bonne période du football français. 

La présence en finale et en demi-finale du Paris Saint-Germain et de Lyon de la Ligue des Champions mais aussi en quart de finale de la Youth League et les nombreux protocoles établis entre les clubs portugais et français nous ont conduit à vouloir que Michael partage sa connaissance de la réalité française avec nous pour mieux comprendre ce qu’est de jouer et de s'entraîner en France. Et il a accepté ... 

1. Nous commençons par une contextualisation du football de formation en France. Au Portugal, nous avons grandi en entendant des merveilles de « l’école française », mais que possède de si spécial l'entraînement de football en France pour « produire » un si grand nombre de footballeurs de qualité ? 

Le grand nombre de footballeurs de qualité qui parviennent à devenir professionnels est dû à plusieurs facteurs. 
Tout d'abord, la France est un pays avec une grande population et où l'activité physique fait partie de la société avec de nombreux sports populaires, comme l'athlétisme, le handball ou le rugby, mais l'activité la plus populaire est le football. C'est la première fédération avec de nombreuses personnes motivées au sein de clubs amateurs pour apprendre et former les jeunes. Les résultats sportifs de l'équipe nationale augmentent aussi le nombre de pratiquants chaque année. 
La région parisienne est une région très peuplée et contient de nombreux quartiers (également à Lyon, Marseille et dans toutes les grandes villes) où des jeunes jouent au football de rue, sans règles, avec des âges différents, dans de petits espaces sur des terrains irréguliers ce qui valorise la création d’une propre perception du jeu. Cette pratique libre presque toujours en opposition/coopération, où l'enfant a de nombreux contacts avec le ballon, avec des erreurs et des réussites permet une stimulation de la coordination motrice, cognitive, d'anticipation et de décision. 
En France tout est fait pour que les jeunes qui aiment le football puissent jouer autant qu'ils le souhaitent. L'État a investi dans la création de terrains de football de rue, dans des gymnases ainsi les jeunes peuvent jouer au football pendant leur temps libre, mais aussi à l'école. 
Du collège au lycée, les jeunes peuvent apprendre et s'entraîner dans les établissements scolaires et jouer des tournois contre d'autres écoles à l’UNSS. Il y a aussi le « Sport-étude » et les « Pôle Espoir », qui sont des classes qui accueillent de jeunes footballeurs avec des horaires de cours allégées pour pouvoir s'entraîner en semaine. 
Enfin, les clubs de football de première et deuxième division ont l'obligation de créer des centres de formation. Ils sont de très bonne qualité, équipés de terrains de football, salle de sport, internat, toutes les conditions sont réunies pour un développement optimal. Ces centres de formation couvrent tout l'espace national et permettent la détection de joueurs dans toutes les régions.
Comme je l’ai dit, il y a une grande culture sportive en France avec beaucoup de pratique diversifiée. Beaucoup de jeunes commencent le football et l'année suivante pratiquent une autre activité et retournent ensuite au football. Certains pratiquent deux activités physiques en même temps, voire jouent de la musique ou des échecs et je pense que dans le développement des qualités motrices et cognitives la pratique variée est bénéfique. 
En France, la formation des jeunes joueurs, que ce soit dans les centres de formation ou dans les clubs de football amateur, se concentre beaucoup sur la technique individuelle et les qualités physiques. Dans un premier temps le joueur apprend à développer sa technique individuelle puis deviens un athlète pour apprendre plus tard comment résoudre les situations de jeu. 
Malheureusement, les exercices sont souvent abstraits et décontextualisés de la réalité du jeu, où la passe est enseignée de manière isolée. Cela enlève souvent le plaisir de s'entraîner car les jeunes ne retrouvent pas le plaisir qu'ils ont dans la rue, beaucoup d’exercices analytiques avec une file de joueurs qui attendent leur tour et les entraîneurs retirant la prise d'initiative de la prise de décision des joueurs. Et nous sommes tous convaincus que sans plaisir, l'apprentissage devient plus difficile. L'excès de ces types d'exercices fait que les joueurs n'apprennent pas à réagir à l'imprévisibilité des situations du jeu et je pense qu'il faut trouver le bon équilibre. 
Les exercices de technique individuelle et de vitesse isolées ne permettent pas l’apprentissage de la prise d’information et de décision ou une réflexion sur la façon d'occuper et d'attaquer les espaces, le développement de la compréhension du jeu, de la créativité… 
L'accent est toujours mis sur la compréhension des facteurs de la performance de façon isolée, par exemple, il y a encore des concours de jongles lors des tests d'entrée aux centres de formation pour évaluer la technique des joueurs. Un joueur comme Griezmann est entré au centre de formation de la Real Sociedad car en France il était jugé pas assez « physique » pour devenir footballeur. Je me demande combien de jeunes ont été rejetés des centres de formation en raison de l'évaluation de leurs capacités physiques ou de leur taille et non en raison de leur capacité à résoudre les situations du jeu ? 

2. A propos de ces joueurs de qualité, comment pouvons-nous caractériser le joueur français, existe-il un type de joueur en particulier ? 

Je ne pense pas qu'on puisse caractériser un type de joueur en particulier, je pense qu'il y a autant de profils différents qu'il y a de joueurs car il est le résultat de l'entraînement qu'il a reçu et des expériences qu'il a vécu sur le terrain. 
Le joueur français est un joueur qui à la fin de sa formation aura une grande culture physique avec beaucoup de travail effectué dans le développement des capacités physiques et une grande culture technique, avec beaucoup de travail basé sur des exercices de répétition de gestes techniques. 
La contrepartie est parfois la difficulté à comprendre le jeu ou à résoudre le problème du jeu. Il peut arriver que certains joueurs aient des difficultés dans les notions d'occupation et d'exploration des espaces, dans l'identification des moments du jeu (réaction à la perte par exemple) et dans la compréhension des principes fondamentaux du jeu, comme dans les actions de cadrage ou dans le contrôle de la profondeur. 
Ces heures d'exercice décontextualisé souvent sans adversaires, ou de course en forêt pendant la période préparatoire sont heureusement compensées par des heures de compétition pendant l'année, de jeu libre dans la rue ou lors des entraînements car il y a toujours de la place pour des exercices plus contextuels développant tous les aspects du jeu. Je pense que c'est l'équilibre de tout ce travail, le dévouement des formateurs et des heures passées avec le ballon qui permet aux clubs français de former des joueurs de qualité. 
C'est aussi bénéfique pour notre sélection portugaise car de nombreux luso-descendants veulent suivre le chemin d'Anthony Lopes ou Raphael Guerreiro. 

3. Que penses-tu du pont qui s’établit entre le football portugais et français ? Nous demandons car le lien qui se créer entre les deux pays semble assez pertinent : 

• Le Nacional a recruté de nombreux jeunes français pour ses équipes de formation, et cette année, ils semblent miser également sur le marché senior français. 

• Lille avait un protocole avec Belenenses la saison dernière, ayant déjà été institutionnellement lié à Boavista cette année. 

• Farense a établi un partenariat avec Lyon. 

• Le Vitória, a une présence très active en matière de recrutement de jeunes promesses de la région parisienne. 

· Paços de Ferreira a annoncé récemment un partenariat avec les français du Stade de Reims. 

Tout d'abord, je pense que c'est très bien pour les joueurs eux-mêmes car nous voulons que tous les joueurs aient la possibilité de montrer leurs qualités et de pouvoir jouer. Je pense que tout ce qui permet de progresser, d'acquérir de l'expérience, d'apprendre et de jouer est bon pour les joueurs. 
C'est aussi très bien pour les clubs portugais qui font preuve année après année d'une adaptation au contexte et montrent qu'avec une gestion intelligente, il est possible de faire beaucoup avec peu de ressources financières. 
J'espère que ces accords ne nuisent pas aux jeunes talents portugais. Je pense qu'il y a de la qualité dans tous les pays et j'espère que ce sont des accords réalisés avec l’objectif de former en se concentrant sur la progression des joueurs et pas seulement sur l’apport financier. 

4. A l’inverse, l’échange se produit principalement au niveau technique. Comment évalue-tu la performance des entraîneurs portugais en France ? Cela a été une adaptation très irrégulière, n'est-ce pas ? 

Je n'ai pas la prétention de juger tel ou tel entraîneur car on ne sait pas dans quel contexte il se trouve et l’adaptation dans un championnat étranger peut être compliquée. Je pense que c'est réducteur d'évaluer le travail d'un entraîneur sur le fait qu’il remporte ou non des titres. 
Je pense que l'arrivée des entraîneurs portugais a permis aux dirigeants de changer d'idées. En général, ils ont énormément contribué au football français, principalement dans la progression des joueurs au niveau tactico-technique. Ils ont également prouvé qu'une nouvelle façon d’entraîner était possible et, qu'étant un ancien joueur professionnel ou non, ce sont les compétences et le travail quotidien qui permettent d'atteindre des résultats. 
La principale qualité qui s'est dégagée des entraîneurs portugais venus en France a été de s'adapter au contexte et de mettre en œuvre rapidement leurs idées de jeu. Ils ont réussi à convaincre les joueurs de leurs idées, à consolider les principes du jeu et à utiliser leur méthodologie. 
Et c'est là que la contribution des entraîneurs a été bénéfique pour les clubs, car le mieux que l'on puisse souhaiter aux entraîneurs n'est pas seulement de gagner des titres car il n'y aura qu'un seul champion à la fin. Ce que nous devons souhaiter, c'est la réussite dans la construction d'une équipe qui respecte ses principes de jeu, la création d’un ADN commun où tous les joueurs savent quoi faire à tout moment de la partie. 

5. Dans ton cas, comment est venu un tel goût pour la méthodologie d’entraînement de la périodisation tactique ? Bien que d'origine portugaise, tu as fait toute ta formation académique en France, n'est-ce pas ? 

Oui, je suis diplômé d’une licence STAPS Entrainement Sportif à la Faculté des Sports de Nancy et j'ai d’un master en Entraînement et Optimisation de la Performances Sportives spécialité analyse vidéo à l'Université Paris-Est Créteil. 
Je savais déjà que les entraîneurs portugais avaient des méthodes d’entraînements différentes. Mes connaissances se résumaient à savoir qu'il n'y avait pas de préparation physique traditionnelle. Avant d'entrer à l'université, j'ai lu grâce à un ami le livre de Thibault Leplat « Le cas Mourinho », qui parlait de sa formation académique et de ses méthodes d’entraînements. 
Puis j'ai commencé à acheter des livres en portugais, en espagnol, en anglais sur la méthodologie l’entraînement, sur le jeu, les sciences humaines pour créer ma propre connaissance. L'idée d'avoir un modèle de jeu, de systématiser ses idées de jeu, de les entraîner, de comprendre le jeu comme un continuum imprévisible et incertain m'a fasciné parce que c'était nouveau pour moi. Cela avait du sens parce que j'ai vécu les préparations physiques de pré-saison et je sentais que nous n'étions pas mieux préparés pour jouer et, surtout, que nous n'avions pas consolidés nos principes de jeu et que nous ne jouions pas en équipe. 
A l’université, les cours étaient centrés sur la dominante physique de l'activité, dans les cours de football nous avons appris à créer une préparation physique divisée en macrocycle, mésocycle et microcycle, la création d'exercices à prédominance aérobie, dans l'utilisation de tests VMA. Nous avons également eu beaucoup de cours sur les sciences humaines, c'était très enrichissant et je pense que c'est fondamental dans la formation d’entraîneur. Mais à mon avis, il manquait juste d'en savoir plus sur les principes du jeu ou sur la manière d'opérationnaliser une idée de jeu. C'est la lecture des livres qui m'ont permis de relier les connaissances théoriques de la motricité humaine, les capacités physiques du corps humain à l'activité du football. Cela m'a aidé à structurer mes idées, à comprendre pourquoi ce jour-là on fait ça, pourquoi on fait ce type de travail et pas un autre. 
Et puis j’ai eu la chance de rencontrer les bonnes personnes qui m’ont beaucoup appris sur l’entraînement. J'ai effectué un stage au Football Club de Mulhouse avec Carlos Inajeros où j'ai beaucoup appris sur la logique de la périodisation tactique. Ensuite, j'ai eu l'opportunité d'apprendre le côté plus pratique dans un club professionnel, en étant stagiaire analyste avec Carlos Secretario pendant deux ans à l’US Créteil-Lusitanos. C’était deux années de très grand apprentissage et je serai toujours reconnaissant à Carlos Secretario et à ses adjoints pour leur confiance et pour m'avoir permis d'apprendre à leurs côtés. 

6. Pourquoi vois-tu un si grand besoin de mettre en œuvre la périodisation tactique en France ? 

Je pense que le plus important c’est d'abord de comprendre le contexte dans lequel nous évoluons et de pouvoir donner aux joueurs les conditions pour progresser et prendre les bonnes décisions sur le terrain pour le développement du jeu de l'équipe. C’est rendu possible avec la création d'un modèle de jeu établi en fonction du contexte, mais aussi à travers l'opérationnalisation des principes de jeu et des fonctions des joueurs au sein de l'équipe, tout en évitant de restreindre leur créativité. 
Ce qui nous rend meilleurs en tant qu'entraîneur, c'est notre connaissance de nos joueurs en tant qu'homme, notre contexte, la compréhension de l'interaction entre les joueurs d'équipe, l'interaction entre eux et nos idées de jeu, mais aussi notre capacité à transmettre les messages, etc. 
C'est pourquoi il est nécessaire de mettre en place la périodisation tactique, car ce n'est pas seulement une méthode d’entraînement, mais une manière de comprendre toute l'activité du football. 
Cela nous permet d'organiser nos idées de jeu de façon systémique, de les opérationnaliser afin de travailler au cours de la semaine sur les comportements et les interactions des joueurs en fonction du jeu que nous souhaitons. 
Cela nous fait réfléchir sur l'activité des joueurs, car l'objectif n'est pas le développement d'une qualité physique ou technique, mais le développement de notre jeu en développant la prise de décision. C'est ce qui nous amène à nous demander ce qu’est par exemple la résistance spécifique du football et comment l'entraîner en intégrant des éléments de notre jeu. 
C'est le développement de notre modèle de jeu et la mise en pratique de nos principes de jeu qui permettront à notre équipe d'avoir un ADN commun où les joueurs adoptent les comportements que nous souhaitons. 
De cette manière, une culture de jeu collective et individuelle se créer, avec des exercices basés sur notre façon de jouer, avec le développement des dimensions cognitives, physiques, techniques, psychologiques de manière spécifique guidées par la dimension tactique. 
C'est pourquoi il est important de démocratiser cette méthodologie, car elle permettra aux jeunes joueurs de développer leur potentiel de manière spécifique à l’activité. Le fait de pratiquer à l’entraînement des actions de jeu imprévisibles sous les contraintes de l’espace et du temps aura un impact sur les émotions et la plasticité cérébrale car les joueurs seront mieux préparés à affronter en match des situations complexes en peu de temps. 
Ainsi, avec les qualités individuelles que possèdent les jeunes joueurs français en termes techniques et physiques, l'entraînement en spécificité permettra aux joueurs de les combiner avec la compréhension du jeu, car le développement des joueurs ne concerne pas tant une capacité physique particulière ou la technique isolée. Cela a plus à voir avec la compréhension de la situation, la qualité du déplacement pour ouvrir une ligne de passe ou déplacer un adversaire en créant un espace pour un coéquipier. Mais aussi avec la qualité dans les tâches offensives de création et d'exploration d'espaces libres, avec la qualité dans les tâches défensives de protection des espaces ou avec la capacité de prendre les bonnes décisions au bon moment. 

7. En plus du football de formation, tu as également une grande passion pour l'observation et l'analyse du jeu. Pourquoi ce rôle dans le football français n’est-il pas tant valorisé ? Est-ce parce que le football français lui-même ne valorise pas plus l'aspect stratégique ? 

Cette fonction est valorisée dans le football professionnel, de nombreux clubs de première et deuxième division ont des analystes. 
Mais parfois, elle semble mal définie car certains sont analystes du jeu, d'autres ne font que couper des séquences, d'autres font des études statistiques. Je pense que cela vient de la fausse idée que l'analyste n'est pas un entraîneur. 
A l’université, nous avons reçu des connaissances techniques sur l'utilisation des technologies pour analyser les performances des joueurs. Nous avons appris à contrôler les charges d’entraînements et passés moins de temps l’analyse du jeu en elle-même. Je pense qu’il y a un manque d'apprentissage des concepts de jeu dans le détail et je trouve qu'il est difficile d'analyser lorsque vous n'avez pas ces connaissances car on est rapidement inondés d'informations. C'est notre connaissance du jeu qui nous permet de nous concentrer sur les éléments clés. 
Je pense que le football français ne valorise pas autant le côté stratégique car il nous manque des gens comme Carlos Queiroz, Jorge Castelo ou Vitor Frade qui théorisent les concepts du jeu et de l’entraînement. Je pense qu'il est important de connaître les fondamentaux du jeu, les différents types de supériorité, les principes de la défense de zone, du contrôle de profondeur etc. Et malheureusement j'ai l'impression que les cours ne se focalisent pas assez sur le jeu et c'est dommage car nous avons Gréhaigne ou Mombaerts qui ont fait des travaux très intéressant sur le jeu. 
Cela conduit à ne pas lier l'analyse de l'adversaire et à l'entraînement. Certains staffs décident de montrer l’analyse de l'adversaire aux joueurs la veille ou quelques heures avant le match. Je pense que cela ajoute une surcharge émotionnelle aux joueurs parce que nous savons que la fatigue ne peut pas être vue uniquement du point de vue musculaire, mais du point de vue du système nerveux central. Si nous planifions l'entraînement hebdomadaire de manière à ce que les joueurs aient le système nerveux central le plus frais possible, montrer des vidéos de l'adversaire uniquement le jour du match peut être une surcharge. Il serait plus approprié de montrer l’analyse de l’adversaire le jour le plus éloigné du match précédent et du match suivant, puis de s'entraîner en fonctions de ce qui a été montré. 

8. Précisément à ce sujet. Presque tous les pays, même les plus périphériques, ont des équipes très appréciées des fans de "beau jeu". Pourquoi n'y a-t-il pas de grands exemples de cela en France? Au moins d'une manière plus médiatique...
 
Tout d'abord, nous devons définir ce qu'est le beau jeu, qui est une vision personnelle. Pour moi, le football est vraiment beau quand on voit une véritable organisation collective émerger du comportement des joueurs, que ce soit en organisation défensive ou offensive et dans les transitions. 
Ici les médias ne parlent pas suffisamment du jeu de ces équipes, mais parlent trop des résultats du match. De nombreux entraîneurs sont jugés sur les résultats qu'ils obtiennent et non sur la façon dont leurs équipes jouent. Ce qui entraîne certains entraîneurs à être plus intéressés par le résultat que par la qualité de jeu. 
Je pense que le traitement médiatique du football en France et surtout à la télévision est superficiel comme avec le traitement de Bielsa. On parlait plus de lui comme d'une personne qui ne regardait pas les journalistes dans les yeux, de sa glacière, que de la qualité de son équipe à se créer des situations dangereuses. Il y a une reconnaissance de ces équipes et une vraie passion pour le jeu sur les réseaux sociaux et sur internet. 

9. Tu peux nous donner un exemple de jeu qui contredit notre idée ? 

Bien sûr, il y a des équipes qui pratiquent du beau football ici et qui méritent notre attention. Les équipes de Gourcuff, l’équipe de Brest de Dall'Oglio, les équipes de Pelissier, le Stade Rennais de Stéphan, l’équipe de Clermont de Gastien, l’équipe de Lille de Galtier sont des exemples d'équipes qui ont pratiqué du football avec des idées la saison dernière. Mais l'exemple le plus connu de beau jeu est le FC Nantes de Jean-Claude Suaudau et Raynald Denoueix dans les années 1990. 

10. Avec du « beau football » ou du « mauvais football », la vérité c’est que le PSG et Lyon ont réalisés de très bonnes prestations en Ligue des Champions. Même après avoir passé autant de temps arrêtés. Est-il juste d’autant dévalorisé le championnat français ?
 
Non, tout d'abord, je ne pense pas qu’il faut évaluer la qualité d'un championnat sur ce que produit deux équipes en Coupe d'Europe sur une année. 
C’est un championnat avec beaucoup de marge de progression, de nombreuses équipes avec un niveau homogène, des moyens financiers et un club qui domine à la fois sportivement et économiquement. Selon moi, il y a aussi une marge de progression en Ligue Europa car les résultats des clubs français ont été dans l’ensemble insuffisant et aucun club n'a réussi à la remporter. 
Il est connu pour être fermé avec beaucoup de défis physiques et peu d'équipes avec une grande qualité de jeu. 
Il est vrai qu'il y a encore des équipes qui manquent de courage et des entraîneurs qui se réfugient dans le manque de moyens financiers ou au niveau des joueurs, typiquement ce sont les entraîneurs qui disent « Je n'ai pas de joueurs pour pratiquer du beau jeu ». 
Mais je ne pense pas qu’il est juste d’autant dévalorisé ce championnat car il y a beaucoup d’équipes très bien préparées avec de la qualité de jeu et surtout beaucoup de jeunes de bonne qualité qui ont le temps de découvrir ce qu'est le haut niveau et qu’on retrouve plus tard dans les grands championnats. 

11. Enfin, nous aimerions que tu partages avec nous comment se passe en pratique une analyse d'une équipe. 

La première étape lorsque j’analyse un match est d'identifier le système de jeu qui n'est qu'un point de départ avant d'analyser en détail les comportements, les interactions et l'occupation de l'espace des joueurs. L'analyse se fait en allant des grands principes collectifs aux détails individuels. Ensuite, je me concentre sur les comportements sectoriels et intersectoriels dans les moments avec ballon, sans ballon et lors des transitions selon les zones du terrain. 
Par exemple quand l'équipe est organisée offensivement j'observe comment les joueurs préparent leur première phase de construction, la façon dont ils essaient de construire le jeu et les mécanismes pour pénétrer avec le ballon. Si les latéraux sont bas pour fixer les ailiers adverses, s'ils jouent dans les couloirs pour contourner le bloc ou s'ils essaient de jouer à l'intérieur en pénétrant le bloc de l'adversaire entre les lignes. S'ils parviennent à créer une supériorité numérique, comment ils cherchent à déplacer les adversaires pour créer un espace exploitable par un coéquipier, mais aussi la manière dont ils parviennent à se démarquer. 
Dans la phase de création je me concentre sur les rotations entre les milieux de terrain, les mouvements coordonnés entre l'ailier et le latéral, les courses en rupture pour créer de l'espace entre les lignes. J’identifie aussi s'ils ont la qualité de jouer sous pression, si les ailiers entrent à l’intérieur et si les latéraux apportent la supériorité dans les couloirs. J'identifie quel joueur fait le lien avec les joueurs avancés. A un niveau plus individuel, j'observe également les réceptions des joueurs, s'ils sont orientés pour attaquer le but et s'ils essaient de changer le centre du jeu par exemple. 
Dans la phase de finition, j'observe comment ils explorent le jeu en profondeur, comment ils créent de l'espace dans la ligne de défense pour explorer l'espace à l'arrière et entre les défenseurs. J'observe les diagonales des attaquants dans le dos des défenseurs et si les milieux de terrain accompagnent les attaquants dans la surface. J'identifie les types de centres, et enfin, je vérifie si l'équipe sait défendre en attaquant, si elle a un bon équilibre défensif et si elle est préparée en cas de perte du ballon. 
Dans la phase défensive j'observe la hauteur du bloc, le contrôle des espaces, si les principes du cadrage et de la couverture sont respectés ou s'il y a une faille à exploiter et j'identifie les références de pression. J'essaie d'identifier comment ils empêchent les sorties courtes, s'ils défendent la zone, ou avec des références individuelles, s'ils parviennent à fermer les lignes de passes et essayent d'orienter l'adversaire dans un certain espace pour presser. 
Nous essayons d'identifier les patterns de jeu adverse, c'est-à-dire comment notre façon de jouer peut leur faire mal, mais aussi par quel mécanisme nous allons créer un espace à explorer. Nous devons également identifier comment ils peuvent nous poser des problèmes et quelles adaptations stratégiques ils peuvent apporter. Par exemple, l'analyse nous permettra de déterminer la meilleure façon de presser sur la première phase de construction en fonction de leurs caractéristiques, mais aussi de nos principes de jeu. 
L'analyse détaillée nous permettra également de préciser les actions spécifiques des joueurs, par exemple si un ailier est identifié comme très rapide et fort en 1v1, on peut demander une plus grande distance de cadrage avec une grande attention dans les actions de couverture des coéquipiers. 
L'objectif fondamental de l'analyse du jeu est de comprendre les comportements de l'adversaire. Quels problèmes ils peuvent nous causer et comment nous pouvons leur en causer. Par conséquent, il est essentiel de connaître extrêmement bien notre équipe afin de comprendre comment conditionner l'adversaire et éviter d'être conditionné. Tout cela nous permettra de créer un plan de jeu basé sur nos principes qui travaillé au cours de la semaine. Ainsi, les joueurs seront prêts à jouer contre ce que l'adversaire a l'intention de faire.

domingo, 30 de agosto de 2020

Ajax e os Lançamentos Laterais - quando o melhor jogador da equipa pega na bola

Parece ser uma verdade absoluta quando dizemos que as “bolas paradas” são cada vez mais importantes no Futebol de Alto Rendimento. Os treinadores “específicos” deste momento do jogo estão a proliferar, enquanto os analistas se desdobram em observações e estatísticas para avaliar o sucesso deste tipo de lances.

Dentro das “bolas paradas”, aquelas que têm mostrado uma importância de estudo cada vez maior, são os lançamentos laterais.

Recentemente, o Bruno Fernandes falou dos lançamentos laterais, após a equipa sofrer o primeiro golo contra o Sevilla nas meias-finais da Liga Europa em consequência de um lance desses.

Contudo, é sobre o lançamento lateral da nossa a nosso favor que queremos falar. Ainda esta época, assistimos a uma equipa que perdia quase sempre a bola após a execução de lançamentos laterais a seu favor, chegando mesmo a ser ridícula a forma tão fácil de perder a bola, tanto por culpa própria do lançador, como por culpa de quem recebe.

Tentando resolver este problema em espaço mais ofensivo, o Ajax propõe uma solução muito interessante: colocar um dos seus jogadores mais habilidosos com bola a fazer o lançamento, esperando que o receptor lhe devolva a bola. Dessa forma, o lançador fica livre para encarar o jogo.

Curiosamente, esta solução não é nova. Já há vários anos que é treinada no De Toekomst, academia do Ajax, mas aparentemente pouco valorizada no Futebol de topo. Vá-se lá saber porquê...

Hakim Zyiech faz o lançamento para Promes devolver. Com isso, Zyiech fica livre para “pegar” no jogo.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Quando a inferioridade numérica pode evitar golos - O primeiro do Sevilla contra o Man Utd

Novo jogo da Liga Europa. Novo jogo contra o Sevilla e a mesma pergunta: Será que a inferioridade numérica é sempre de evitar?

Parece que no Manchester United não fizeram bem o seu trabalho de casa. O primeiro golo sofrido pela equipa contra o Sevilla é muito parecido com o golo sofrido pela Roma contra os comandados de Lopetegui. Ora vejamos...

O texto em relação à ultima referência sobre este caso até se pode manter, substituindo apenas o nome dos intervenientes.

Lindelof privilegiou a marcação a Ocampos, acompanhando o seu movimento para fora, não acautelando o espaço interior da melhor maneira. Como Maguire também estava muito preso a En-Nesyri não houve o devido preenchimento da zona frontal da baliza que foi devidamente aproveitado por Reguilón.

Neste caso, Fred até esboça uma cobertura defensiva que no entanto não passa disso mesmo.

A nossa ideia continua a ser a mesma. E Lopetegui agradece…

“Respondendo à pergunta inicial, consideramos que uma inferioridade numérica no corredor direito do Manchester Uited, era uma situação mais benéfica do que a procura pela igualdade numérica no acompanhamento a Ocampos.

Contudo, a excepção é precisamente a procura da igualdade numérica – ou até mesmo a superioridade, por isso devemos ser mesmo nós a estar errados...”

 

Imagens Sport TV

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

A Ofensividade do Shakhtar Donetsk

Não sabemos se o conceito de Ofensividade existe. Se existir pode até não ser o mesmo que o nosso. Mas se há equipas na Europa com uma mentalidade (e sobretudo corporalidade) ofensivas, sem dúvida que o Shakhtar Donetsk estará no topo.

A equipa técnica portuguesa tem feito um trabalho extraordinário. Que Luís Castro nos perdoe, mas aqui somos daqueles que acreditamos que o todo é maior que a soma das partes. E talvez Luís Castro não conseguisse alcançar tamanho sucesso se não tivesse ao seu lado Vítor Severino, João Brandão, Darijo Srna, José Costa, Filipe Çelikkaya, Pedro Brito, António Ferreira ou José Boto (dados zerozero.pt).

Mais do que dissecar a equipa ucraniana, através de uma categorização daquilo que manifesta nos diferentes momentos de jogo, quisemos deixar isso para os mais competentes e preferimos antes abordar aquilo que mais nos impressiona que é a sua Ofensividade.

Antes de mais, importa balizar esse conceito. Para nós, Ofensividade é a manifestação no plano intencional e no plano operacional de tentar marcar golo.

E porque consideramos que o Shakhtar Donetsk é exacerbação da  Ofensividade?

No Momento Ofensivo não haverá na Europa equipas que coloquem tantos jogadores perto da baliza adversária, sendo eles avançados, médios ou defesas.

Sempre a atacar com muitos, mas sempre preparado para a perda - com dois jogadores a promover o equilíbrio da equipa. Uma abordagem a encarar o Jogo como uma Inteireza Inquebrantável.


Nesta imagem poderemos ver 6 jogadores englobados no processo ofensivo, mesmo estando já com uma vantagem de dois golos em plenos quartos-de-final de uma competição europeia.



Mesmo aos 87' e com uma vantagem de 3x0, o Shakhtar coloca novamente 6 jogadores nas imediações da área adversária, acabando o remate por resultar no 4x0.


No Momento de Perda de Bola não haverá na Europa equipas que tenham uma reacção à perda tão boa, demorando tão pouco tempo a tornar a recuperá-la.

Não é só no plano intencional que existe reacção à perda. Toda a equipa está estrategicamente preparada para encarar assim o momento de reacção!



O facto de atacar com muitos, promove que a equipa adversária também não tenha muitos no ataque, estando por isso o Shakhtar preparado antecipadamente para qualquer tipo de transição ofensiva do adversário. 


No Momento Defensivo não haverá na Europa equipas com tanta a vontade de ter a bola, seja, muitas vezes qual for a circunstância tempo-espaço do jogo.

Depois de uma vitória fora na primeira-mão, muitos clubes adoptariam outro tipo de estratégia defensiva. Já o Shakhtar, logo aos 4min fez questão de manifestar que estava em jogo para ganhar e não só para passar na eliminatória.


Não importa qual o minuto de jogo, nem qual o resultado. O Shakhtar quer a bola.



Atacar com muitos, e defender com muitos. Aqui, são 11! Sempre a procura da conquista da bola para poder atacar!


No Momento de Recuperação de Bola não haverá na Europa equipas que valorizem tanto essa conquista, optando tanto por a manter segura, como explorando potenciais espaços na estrutura defensiva do adversário. 

Este Shakhtar é a prova viva que é possível haver uma Ordem superior dentro de uma realidade Caótica. Obrigado Luís Castro e companhia.









 

sábado, 15 de agosto de 2020

O 8-2 e o fim de uma era...

Chegou ao fim uma Era.


Uma das mais românticas e belas da história do Futebol Mundial. A era do FC Barcelona. Se o clube já estava longe daquilo que foi há uns anos atrás, ontem, diante daquela que para nós é neste momento a Melhor Equipa da Europa, a equipa catalã teve a sua sentença.

Já aqui tínhamos dito que o Bayern era a nossa favorita para a conquista da Champions. Mas nunca imaginámos como poderia ser tão superior.

Só quem não viu o jogo poderá ficar admirado pelo resultado.

Muitos falam de "intensidade" como a principal diferença entre as duas equipas. Nós achamos que a diferença é Táctica, sustentada nas suas quatro sub-dimensões técnica, estratégica, psicológica e física. Não haverá neste momento, equipa tão forte Tacticamente como o Bayern, mesmo que este não ganhe a Champions. E quando a diferença é tão grande, não “intensidade” que a valha.

O Barcelona de hoje parece um nórdico a querer dançar o samba. Parece um soviético a querer jogar basebol. Parece um esquimó a surfar. Ou seja, o Barcelona é hoje um corpo estranho dentro de uma cultura superior. É um autêntico conflito entre um Corpo e uma Cultura, que tem vindo a deteriorar-se por não se adaptar a uma nova realidade.

O Corpo (ou corpos) não é o mesmo de há dez anos atrás. E as feridas provocadas pelo desgaste dos tempos, não são devidamente saradas. Antes são muitas vezes tratadas precisamente por anti-Corpos. Já a Cultura, deixou de ser tão respeitada, e aquilo que era algo superior e comummente valorizada por uma comunidade, é agora um esboço da força e do impacto que tinham outrora.

Que a nova era saiba aprender com a que ontem acabou. E que a nova era se saiba erguer com as doutrinas de Cruyff, os ensinamentos de Seiru-lo, a paixão de Puyol e o cérebro de Xavi.

Nós seremos eternamente gratos ao Barcelona. Por todas as emoções fantásticas que nos proporcionou e por toda a utopia que conseguiu transformar em realidade, resta-nos dizer Obrigado, FC Barcelona.   

domingo, 9 de agosto de 2020

Quando a inferioridade numérica pode evitar golos - O primeiro do Sevilla contra a Roma

Será que a inferioridade numérica é sempre de evitar?

Embora esta reflexão pegue no exemplo de um lance que dá o primeiro golo do Sevilla contra a Roma a contar para os quartos da Liga Europa, temos assistido a uma repetição sistemática deste tipo de abordagem nas principais ligas europeias.

Notamos que em muitos casos o defesa de cobertura tem uma referência marcadamente individual, permitindo o aparecimento de determinadas zonas livres de penetração. 


Que foi o que aconteceu neste caso. Mancini privilegiou a marcação a Ocampos, acompanhando o seu movimento para fora, não acautelando o espaço interior da melhor maneira. Como Ibañez também estava muito preso a En-Nesyri não houve o devido preenchimento da zona frontal da baliza que foi devidamente aproveitado por Reguilón.


Respondendo à pergunta inicial, consideramos que uma inferioridade numérica no corredor direito da Roma, era uma situação mais benéfica do que a procura pela igualdade numérica no acompanhamento a Ocampos.

Contudo, a excepção é precisamente a procura da igualdade numérica – ou até mesmo a superioridade, por isso devemos ser mesmo nós a estar errados...

Imagens Sport TV