E
se tal como acontece no African Nations Championship (conhecida como CHAN) existisse uma competição
europeia de selecções onde apenas se pudessem levar os jogadores nacionais a
actuar no próprio país?
Pois
bem, pegando nessa possibilidade, e aproximando-nos do Euro’2016, resolvemos
sugerir o nosso 23, tendo em conta este cenário hipotético.
Em
primeiro lugar é importante balizarmos o nosso jogar para melhor se compreender
as nossas escolhas.
Organização ofensiva:
• Posse e circulação de bola em W’s;
• Promover ao mesmo tempo uma posse de
bola paciente (zona defensiva e intermédia) e de risco (zona ofensiva);
• Posicionamento dinâmico em diferentes
linhas de largura e profundidade, com vários jogadores na zona da bola.
Transição ataque-defesa:
• Mudança rápida de atitude ofensiva
para defensiva;
• Pressionar rápido o portador da bola,
impedindo a progressão da bola.
Organização defensiva:
• Defesa à zona pressionante com
privilégio sobre o corredor central;
• Linhas subidas;
• Valorização das coberturas defensivas
ao jogador que pressiona.
Transição defesa-ataque
• 1º passe em segurança e 2º passe de
progressão;
• Abrir linhas em profundidade mas
principalmente em largura.
Os
critérios da nossa escolha seriam os seguintes, tendo que ser vistos de forma
não-linear, interrelacionando-se entre si:
· Qualidade do jogador –
competências demonstradas nas diferentes sub-dimensões do jogo;
· Perfil de
competitividade – qualidade demonstrada em contextos de exigência top;
· Existência de lesões –
condicionante desfavorável à chamada de jogadores para este tipo de
competições.
Assim,
e começando obviamente pela baliza as nossas escolhas recairiam pelo Rui
Patrício (Sporting CP), por Carlos Marafona (SC Braga) e por Ricardo Nunes
(Vitória Setúbal).
Rui Patrício – com uma qualidade interessante entre os postes e um
bom posicionamento na baliza, não é por acaso que os adeptos leoninos lhe
chamam São Patrício. Constantemente criticado pelos adeptos adversários pelos
erros cometidos é muitas vezes subvalorizado nas suas boas exibições.
Carlos Marafona – uma das surpresas da Liga NOS que conseguiu fixar-se
na competitiva baliza do Sporting de Braga. Bastante comunicativo, com uma
postura sóbria e segura na baliza, não tremeu ao sair do Paços de Ferreira para
o SC Braga no “mercado” do Janeiro.
Ricardo Nunes – não é por acaso que é considerado por muitos o melhor
guarda-redes português a actuar fora dos três grandes. Com 33 anos, Ricardo faz
valer da sua boa experiência e da consolidação das suas competências ao serviço
da Académica e do FC Porto. A sua concentração, sentido posicional e segurança
entre os portes são mais-valias para o grupo.
Para
laterais esquerdos levaríamos Hélder Lopes (Paços Ferreira) e Eliseu (SL
Benfica).
Hélder Lopes – lateral de propensão ofensiva, é um destaques desta
delicada posição do campo, a nível nacional. Tem crescido muito – defende cada
vez melhor – e seria bastante interessante vê-lo jogar numa equipa mais regularmente
competitiva.
Eliseu
– jogador importante pela sua experiência. Forte a atacar e a dar profundidade pelo
lado esquerdo, está moralizado pelo que conseguiu nas duas épocas ao serviço do
Benfica.
No
eixo defensivo, levaríamos Paulo Oliveira e Rúben Semedo (Sporting CP), Ricardo
Ferreira (SC Braga) e Yohan Tavares (Estoril).
Paulo Oliveira – muito forte tacticamente na leitura do jogo. Exímio no
desarme e na antecipação, faz da eficácia do seu comportamento defensivo a sua
maior arma. Já quando a bola lhe chega aos pés, ganha outra classe.
Rúben Semedo – defesa central com um desenvolvimento muito
interessante no eixo da defesa que aproveitou muito bem o seu empréstimo ao
Vitória de Setúbal. Forte, principalmente, no jogo aéreo, no desarme e na antecipação,
tem uma perna longa que lhe permite recuperar bolas quando parecem perdidas.
Ricardo Ferreira – o pilar defensivo do SC Braga. Sempre muito
concentrado e assertivo a defender, sente-se ainda bastante confortável com a
bola nos pés permitindo-lhe ter um papel importante na primeira fase de
construção da equipa.
Yohan Tavares – sempre muito concentrado, inteligente no
posicionamento, forte no desarme e na antecipação, o luso-francês é dos jogadores
mais valiosos da sua equipa. Capitão no seu Estoril, tacticamente é dos
melhores centrais do campeonato.
Completando
a linha defensiva com os defesas-direitos os nossos nomes seriam os de João
Pereira (Sporting CP) e de André Almeida (SL Benfica).
João Pereira – outro jogador bastante experiente que ainda tem
qualidade para oferecer ao futebol nacional. Extremamente agressivo, mas de uma
forma mais positiva do que há alguns anos atrás, João Pereira evoluiu o seu
comportamento defensivo colectivo, sabendo defender cada vez mais e melhor.
André Almeida – no seu ano de
consagração enquanto defesa-direito, o André foi muito forte nos(as) jogos/fases
importantes da época, batendo-se muito bem nos duelos contra excelentes
avançados. O jogador cresceu muito no seu posicionamento, em especial na sua
relação com o defesa-central do seu lado.
Passando
para o meio-campo e começando pelos pivots-defensivos as escolhas cairiam sobre
William Carvalho (Sporting CP) e Danilo Pereira (FC Porto).
William Carvalho – um dos melhores do nosso campeonato e um dos melhores
do mundo na posição 6. Embora pareça por vezes um jogador sofrido, William é
dos jogadores mais eficazes a defender, atacar e transitar, no nosso campeonato.
Excelente tomada de decisão, acompanhada por uma excelente qualidade de passe
(até no tão questionável passe vertical), o William encaixaria perfeitamente no
nosso modelo de jogo. Até enquanto líder.
Danilo Pereira – outro excelente número 6 do nosso campeonato – que pode
também jogar a defesa-central ou até na posição 8 – encaixaria também muito bem
nas suas tarefas defensivas e construtivas do nosso modelo de jogo. Muito voluntarioso
e concentrado, poderá faltar-lhe alguma regularidade no momento em que tem bola
para ser um jogador ainda mais top.
Para
a dupla de médios estruturados à frente dos pivots, chamaríamos Adrien Silva e
João Mário (Sporting CP), Rúben Neves (FC Porto) e Renato Sanches (SL Benfica).
Adrien Silva – o capitão do Sporting CP acaba a época como um dos
melhores médios da Europa. Agressivo a defender e inteligente a atacar, tem
muito futebol nos pés, jogando (em termos individuais) e fazendo jogar (o
colectivo) como poucos.
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Rúben Neves – um dos jogadores mais interessantes do FC Porto, da
Liga NOS e dos que tem mais potencial a nível internacional. Curiosidade ou não
(definitivamente achamos que não), quando o Rúben Neves está em campo, a
qualidade de jogo do FC Porto é muito melhor do que sem ele. Muito disso fruto da
sua extrema competência táctica e decisões tomadas quando a bola lhe está nos
pés.
Renato Sanches – também com um potencial tremendo, o Renato tem tudo
para vir a ser dos melhores médios-centro do mundo. Consegue aplicar as suas
características táctico-físicas de uma forma muito intensa que às vezes até
pecam por excesso. Com um bocadinho mais de estabilidade emocional e táctica
seria pesa fulcral em qualquer plantel do mundo.
Para
o ataque, e começando nas alas, Rafa Silva (SC Braga), André Claro (Vitória
Setúbal), Diogo Jota (Paços de Ferreira) e Gelson Martins (Sporting CP) seriam
as nossas escolhas.
Rafa Silva – talvez, o jogador mais interessante fora dos “três
grandes” do futebol português. Jogador que tanto cativa por dentro como por
fora é dos mais habilidosos do campeonato e faz do drible (em velocidade) a sua
maior arma.
André Claro – o extremo do Vitória de Setúbal foi o jogador mais
regular e influente da sua equipa. Com 13 golos marcados em quase 40 jogos
realizados, tal como a sua equipa, também ele se foi abaixo na parte final da temporada.
Muito evoluído na dimensão táctico-técnica do jogo, cabe-lhe ser mais regular
nas suas performances para crescer ainda mais como jogador.
Diogo Jota – com 14 golos marcados na sua primeira época de futebol
profissional, este prodígio encantou de tal maneira os adeptos de futebol que o
Atlético de Madrid já o recrutou. Pode desempenhar diferentes posições no
ataque da equipa, consegue ser um bom rompedor tanto por dentro como por fora.
Gelson Martins – jovem em crescendo no Sporting CP, o esguio Gelson Martins
cativa em todos os duelos 1v1, jogando na sua equipa como se estivesse a jogar
na rua. Com o desenvolvimento do seu jogo colectivo, acaba a época no Sporting,
com um papel bastante importante.
Já
para PL, Hélder Postiga (Rio Ave) e Bruno Moreira (Paços de Ferreira) seriam os
nossos nomes.
Hélder Postiga – o seu recente momento de forma no Rio Ave, faz dele um
dos jogadores mais influentes nesta fase final do campeonato. Não é tão eficaz
como se desejaria, mas a sua experiência e qualidade são das melhores que temos
em Portugal, para esta posição.
Bruno Moreira – o melhor marcador português do campeonato teria de
fazer parte das contas. Com 18 golos marcados em 33 jogos na presente
temporada, o Bruno mostrou uma extraordinária inteligência posicional nos espaços
curtos e próximos da baliza, fazendo movimentos muito inteligentes e criativos
na procura de espaço-tempo para finalizar.
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