segunda-feira, 16 de maio de 2016

E se só se pudessem convocar para o Euro'2016 os que jogam em Portugal?

E se tal como acontece no African Nations Championship (conhecida como CHAN) existisse uma competição europeia de selecções onde apenas se pudessem levar os jogadores nacionais a actuar no próprio país?


Pois bem, pegando nessa possibilidade, e aproximando-nos do Euro’2016, resolvemos sugerir o nosso 23, tendo em conta este cenário hipotético.


Em primeiro lugar é importante balizarmos o nosso jogar para melhor se compreender as nossas escolhas.


            Organização ofensiva:
•          Posse e circulação de bola em W’s;
•   Promover ao mesmo tempo uma posse de bola paciente (zona defensiva e intermédia) e de risco (zona ofensiva);
•         Posicionamento dinâmico em diferentes linhas de largura e profundidade, com vários jogadores na zona da bola.

Transição ataque-defesa:
•          Mudança rápida de atitude ofensiva para defensiva;
•          Pressionar rápido o portador da bola, impedindo a progressão da bola.

Organização defensiva:
•          Defesa à zona pressionante com privilégio sobre o corredor central;
•          Linhas subidas;
•          Valorização das coberturas defensivas ao jogador que pressiona.

Transição defesa-ataque
•          1º passe em segurança e 2º passe de progressão;
•          Abrir linhas em profundidade mas principalmente em largura.
 
Os critérios da nossa escolha seriam os seguintes, tendo que ser vistos de forma não-linear, interrelacionando-se entre si:
·       Qualidade do jogador – competências demonstradas nas diferentes sub-dimensões do jogo;
·        Perfil de competitividade – qualidade demonstrada em contextos de exigência top;
·     Existência de lesões – condicionante desfavorável à chamada de jogadores para este tipo de competições.

Assim, e começando obviamente pela baliza as nossas escolhas recairiam pelo Rui Patrício (Sporting CP), por Carlos Marafona (SC Braga) e por Ricardo Nunes (Vitória Setúbal).

Rui Patrício – com uma qualidade interessante entre os postes e um bom posicionamento na baliza, não é por acaso que os adeptos leoninos lhe chamam São Patrício. Constantemente criticado pelos adeptos adversários pelos erros cometidos é muitas vezes subvalorizado nas suas boas exibições.  

Carlos Marafona – uma das surpresas da Liga NOS que conseguiu fixar-se na competitiva baliza do Sporting de Braga. Bastante comunicativo, com uma postura sóbria e segura na baliza, não tremeu ao sair do Paços de Ferreira para o SC Braga no “mercado” do Janeiro.

Ricardo Nunes – não é por acaso que é considerado por muitos o melhor guarda-redes português a actuar fora dos três grandes. Com 33 anos, Ricardo faz valer da sua boa experiência e da consolidação das suas competências ao serviço da Académica e do FC Porto. A sua concentração, sentido posicional e segurança entre os portes são mais-valias para o grupo.

Para laterais esquerdos levaríamos Hélder Lopes (Paços Ferreira) e Eliseu (SL Benfica).

Hélder Lopes – lateral de propensão ofensiva, é um destaques desta delicada posição do campo, a nível nacional. Tem crescido muito – defende cada vez melhor – e seria bastante interessante vê-lo jogar numa equipa mais regularmente competitiva.

Eliseu – jogador importante pela sua experiência. Forte a atacar e a dar profundidade pelo lado esquerdo, está moralizado pelo que conseguiu nas duas épocas ao serviço do Benfica.

No eixo defensivo, levaríamos Paulo Oliveira e Rúben Semedo (Sporting CP), Ricardo Ferreira (SC Braga) e Yohan Tavares (Estoril).

Paulo Oliveira – muito forte tacticamente na leitura do jogo. Exímio no desarme e na antecipação, faz da eficácia do seu comportamento defensivo a sua maior arma. Já quando a bola lhe chega aos pés, ganha outra classe.

Rúben Semedo – defesa central com um desenvolvimento muito interessante no eixo da defesa que aproveitou muito bem o seu empréstimo ao Vitória de Setúbal. Forte, principalmente, no jogo aéreo, no desarme e na antecipação, tem uma perna longa que lhe permite recuperar bolas quando parecem perdidas.

Ricardo Ferreira – o pilar defensivo do SC Braga. Sempre muito concentrado e assertivo a defender, sente-se ainda bastante confortável com a bola nos pés permitindo-lhe ter um papel importante na primeira fase de construção da equipa.

Yohan Tavares – sempre muito concentrado, inteligente no posicionamento, forte no desarme e na antecipação, o luso-francês é dos jogadores mais valiosos da sua equipa. Capitão no seu Estoril, tacticamente é dos melhores centrais do campeonato.

Completando a linha defensiva com os defesas-direitos os nossos nomes seriam os de João Pereira (Sporting CP) e de André Almeida (SL Benfica).

João Pereira – outro jogador bastante experiente que ainda tem qualidade para oferecer ao futebol nacional. Extremamente agressivo, mas de uma forma mais positiva do que há alguns anos atrás, João Pereira evoluiu o seu comportamento defensivo colectivo, sabendo defender cada vez mais e melhor.

André Almeida –  no seu ano de consagração enquanto defesa-direito, o André foi muito forte nos(as) jogos/fases importantes da época, batendo-se muito bem nos duelos contra excelentes avançados. O jogador cresceu muito no seu posicionamento, em especial na sua relação com o defesa-central do seu lado.

Passando para o meio-campo e começando pelos pivots-defensivos as escolhas cairiam sobre William Carvalho (Sporting CP) e Danilo Pereira (FC Porto).

William Carvalho – um dos melhores do nosso campeonato e um dos melhores do mundo na posição 6. Embora pareça por vezes um jogador sofrido, William é dos jogadores mais eficazes a defender, atacar e transitar, no nosso campeonato. Excelente tomada de decisão, acompanhada por uma excelente qualidade de passe (até no tão questionável passe vertical), o William encaixaria perfeitamente no nosso modelo de jogo. Até enquanto líder.  

Danilo Pereira – outro excelente número 6 do nosso campeonato – que pode também jogar a defesa-central ou até na posição 8 – encaixaria também muito bem nas suas tarefas defensivas e construtivas do nosso modelo de jogo. Muito voluntarioso e concentrado, poderá faltar-lhe alguma regularidade no momento em que tem bola para ser um jogador ainda mais top.

Para a dupla de médios estruturados à frente dos pivots, chamaríamos Adrien Silva e João Mário (Sporting CP), Rúben Neves (FC Porto) e Renato Sanches (SL Benfica).

Adrien Silva – o capitão do Sporting CP acaba a época como um dos melhores médios da Europa. Agressivo a defender e inteligente a atacar, tem muito futebol nos pés, jogando (em termos individuais) e fazendo jogar (o colectivo) como poucos.

João Mário – provavelmente o jogador mais completo do nosso campeonato. Qualidade de passe (10 assistências na Liga NOS) e recepção, tomada de decisão, leitura de jogo, desarme, intensidade, o João tem tudo isso a top mundial, com apenas 23 anos.

Rúben Neves – um dos jogadores mais interessantes do FC Porto, da Liga NOS e dos que tem mais potencial a nível internacional. Curiosidade ou não (definitivamente achamos que não), quando o Rúben Neves está em campo, a qualidade de jogo do FC Porto é muito melhor do que sem ele. Muito disso fruto da sua extrema competência táctica e decisões tomadas quando a bola lhe está nos pés.

Renato Sanches – também com um potencial tremendo, o Renato tem tudo para vir a ser dos melhores médios-centro do mundo. Consegue aplicar as suas características táctico-físicas de uma forma muito intensa que às vezes até pecam por excesso. Com um bocadinho mais de estabilidade emocional e táctica seria pesa fulcral em qualquer plantel do mundo.

Para o ataque, e começando nas alas, Rafa Silva (SC Braga), André Claro (Vitória Setúbal), Diogo Jota (Paços de Ferreira) e Gelson Martins (Sporting CP) seriam as nossas escolhas.

Rafa Silva – talvez, o jogador mais interessante fora dos “três grandes” do futebol português. Jogador que tanto cativa por dentro como por fora é dos mais habilidosos do campeonato e faz do drible (em velocidade) a sua maior arma.

André Claro – o extremo do Vitória de Setúbal foi o jogador mais regular e influente da sua equipa. Com 13 golos marcados em quase 40 jogos realizados, tal como a sua equipa, também ele se foi abaixo na parte final da temporada. Muito evoluído na dimensão táctico-técnica do jogo, cabe-lhe ser mais regular nas suas performances para crescer ainda mais como jogador.  

Diogo Jota – com 14 golos marcados na sua primeira época de futebol profissional, este prodígio encantou de tal maneira os adeptos de futebol que o Atlético de Madrid já o recrutou. Pode desempenhar diferentes posições no ataque da equipa, consegue ser um bom rompedor tanto por dentro como por fora.  

Gelson Martins – jovem em crescendo no Sporting CP, o esguio Gelson Martins cativa em todos os duelos 1v1, jogando na sua equipa como se estivesse a jogar na rua. Com o desenvolvimento do seu jogo colectivo, acaba a época no Sporting, com um papel bastante importante.

Já para PL, Hélder Postiga (Rio Ave) e Bruno Moreira (Paços de Ferreira) seriam os nossos  nomes.

Hélder Postiga – o seu recente momento de forma no Rio Ave, faz dele um dos jogadores mais influentes nesta fase final do campeonato. Não é tão eficaz como se desejaria, mas a sua experiência e qualidade são das melhores que temos em Portugal, para esta posição.


Bruno Moreira – o melhor marcador português do campeonato teria de fazer parte das contas. Com 18 golos marcados em 33 jogos na presente temporada, o Bruno mostrou uma extraordinária inteligência posicional nos espaços curtos e próximos da baliza, fazendo movimentos muito inteligentes e criativos na procura de espaço-tempo para finalizar.  

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