quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Uma Ode ao Taarabt - ou o que é uma reflexão sobre Criatividade

O ano de 2020 está a ser um ano um ano bem difícil que por razões óbvias, já todos o sabemos.

Paralelamente, também o está a ser no que diz respeito à Criatividade. No mesmo ano perdemos Sir Ken Robinson, expoente máximo da investigação e reflexão sobre Criatividade; e Diego Maradona, um dos jogadores mais Criativos da História do Futebol, senão aquele que melhor manifestou esta capacidade.

Por coincidência, já há muitos anos que não era exigida à sociedade que fosse tão criativa como nos dias de hoje. Seja por uma questão de tentar encontrar formas de se divertir, de trabalhar ou até de sobreviver em contexto de tamanhos constrangimentos e confinamentos.

Também no Futebol, e fruto da evolução (?) do Jogo, urge a necessidade do jogador e da equipa serem criativos e imprevisíveis perante o adversário, como forma de ultrapassar a crescente preponderância da dimensão estratégica que o Futebol de hoje acarreta.

Ao vermos Futebol português, existe um jogador que nos últimos anos nos tem cativado a tentar contrariar essa tendência mais “fechada” que o jogo tem tido: Falamos de Adel Taarabt.

Na mesma altura que choramos a morte de Maradona e nos lamentamos de uma forma gritante da ausência de Criatividade no Futebol actual, assistimos a uma crucificação daquele que poderá ser o jogador mais Criativo que passou por Portugal nos últimos anos.

Quem ataca o marroquino justifica-o na maior parte das vezes com o reducionismo da estatística das “bolas perdidas”, desprezando a premissa preconizada por Vítor Frade de que a estatística é muitas vezes como o biquíni, mostrando muita coisa mas tapando o essencial.

Outro “problema” que Taarabt parece manifestar prende-se com o facto de ele não ser um jogador que goste muito daquilo a que muito chamam das “amarras tácticas” do jogo. Ao contrário do que muitos treinadores (?) querem para a sua equipa, Taarabt nem sempre respeita uma cobertura defensiva, nem sempre preenche o espaço do duplo-pivot de uma forma mais eficaz e nem sempre toma uma opção demasiado segura. Ou seja, Taarabt mostra muitas vezes dificuldade em respeitar os sub-princípios dos sub-princípios que muitos treinadores procuram ver implementados nas suas equipas.

Treinadores esses que enquanto choram pelo desaparecimento do “Futebol de Rua”, são muitas vezes os primeiros a castrar ou a condenar os jogadores que trazem aquilo que melhor as ruas lhes deram para o Estádio.





Com todo o devido respeito, por aqui seremos sempre a favor dos Taarabts desta vida. Enquanto podermos, escolheremos sempre a Criatividade, a Imprevisibilidade e a Fantasia…

 

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