Ao ver os resumos da primeira jornada da Liga Europa, vários
foram os jogos que nos chamaram a atenção. Um, em especial, do ponto de vista
da Psicologia.
Como gostamos de complexificar tudo, tentámo-nos colocar
no papel dos Treinadores do jogo entre o APOEL Nicósia vs F91 Dudelange que
acabou com o resultado favorável para os forasteiros por 4x3.
Em primeiro lugar, e olhando para a previsão do jogo de
uma forma desinformada, não deixa de ser uma surpresa verificarmos esta derrota
cipriota.
O APOEL, embora sem nunca se ter conseguido consolidar
internacionalmente, é campeão no Chipre desde 2012/2013, com algumas prestações
na fase de grupos dos últimos anos da Liga dos Campeões. Enquanto que o F91
Dudelange, embora também seja (tetra) campeão, vem do modesto campeonato
luxemburguês. Julgamos por isso natural, e ao olharmos para o historial de uma
forma bastante superficial, sermos levados a julgar que o APOEL seja o favorito
a vencer esta partida.
Mais do que o resultado em si, o que mais nos fez
reflectir foram aquela meia-dúzia de minutos no início da segunda parte em que
assistimos a quatro golos marcados! Sim, do minuto 51 ao minuto 58 marcaram-se
4 golos!
Não descurando tudo o que já antecedeu desde o início da
época, como por exemplo as trocas técnicas em ambas as equipas e o seu percurso
nas diferentes fases de qualificação europeias, queremo-nos focar em aquilo que
são aqueles minutos de alvoroço.
Mais do que respostas ou teses temos sobretudo muitas
perguntas na nossa cabeça, quando assumimos o papel de um ou outro treinador desta
partida.
Começando pelo da casa, Thomas Doll:
·
Que tipo de discurso poderá
ter feito ao intervalo para contrariar o resultado negativo de 0x1, tendo em
especial atenção o facto de ter feito logo duas alterações?
·
Como geriu o segundo
golo sofrido minutos após ter feito essas alterações?
·
Como ajudou a dar a
volta à desvantagem de 0x2 para 3x2 em apenas 4 minutos?
·
Como permitiu que a
sua equipa perdesse novamente a vantagem, estando a equipa a jogar em casa e
ser teoricamente superior?
·
Como conseguirá
ultrapassar esta derrota num contexto mais instável como o sul-europeu um
treinador vindo da europa central?
Passando agora para a cabeça de Emilio Ferrera:
·
Como geriu a alegria
presente no balneário ao intervalo do jogo?
·
Que contributo
negativo poderá ter tido na passagem do 0x2 para o 3x2 em tão curto espaço de
tempo?
·
Que tipo de feedbacks
deu aos 2 jogadores que entraram após a equipa ter ficado em desvantagem?
·
Como abordou o resto
do encontro após a empate a 3x3, sabendo que estava a jogar num ambiente
minimamente hostil?
·
Que transfer
emocional poderá fazer para o campeonato interno sabendo que está nas últimas
posições?
Por nos sentirmos mais confortáveis na dimensão
estratégica do Jogo, descuramos muitas vezes aquilo que deverá ser a gestão
psicológica individual e colectiva numa equipa. E conhecendo minimamente
através da comunicação social o ambiente de um jogo em casa do APOEL, quão
intenso deveria ter sido este jogo a nível Emocional para todos os seus
intervenientes...
Com certeza estas 10 inquietações se poderiam ter
multiplicado para termos uma vaga ideia de como foi vivenciar este jogo por
dentro. Sim, porque ninguém vivencia sem Emoção, e nada melhor que 4 golos em 7
minutos para deixar qualquer um à beira de um ataque de êxtase. Em especial,
quando passados mais alguns minutos verificamos que todo o esforço de uns cai
em função da glória de outros.
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