Seremos
só nós a encontrar muitas semelhanças entre a Equipa do Atraco da Casa de Papel
e uma Equipa de Futebol de topo da Liga dos Campeões?
Ao
avançarmos pela série a dentro, ficámos cada vez mais fascinados com as
semelhanças que existem entre o Professor e aquilo que achamos ser um Treinador
de Rendimento Superior. A obsessão pelo detalhe, o poder de antecipação de
comportamentos internos e externos ao seu grupo, a gestão emocional daquilo que
é um acontecimento extremamente intenso e fatigante, foram valências que vimos
no Professor que nos levam a querer projectá-los para o nosso mundo de
Treinadores…
Tudo
começou na selecção dos melhores assaltantes. O Professor, mediante as
necessidades estratégicas que tinha, fez uma selecção daqueles que considerou
serem os melhores executantes de determinada labora. Pelo que inferimos da
série, os assaltantes foram escolhidos pelas suas competências técnicas, mas
também pelas suas características humanas. Ou seja, para além de serem
extremamente competentes nas suas tarefas específicas, teriam de funcionar bem
numa escala mais macro.
Embora
não tenha sido discriminado durante os episódios, não achamos que seja por
acaso que o Professor tenha escolhido os nomes das cidades que escolheu para os
seus colaboradores. Homens frios do leste com nomes de cidades escandinavas;
Nairobi, uma mulher bastante calorosa e afável; Moscovo, um homem industrial,
de valores e da velha escola… e por aí em diante, mostrando a importância do
lado humano na construção de todo o assalto.
Após
esta primeira fase de recrutamento, o Professor passou à fase de preparação.
Fazendo uma analogia ao Futebol, o Professor preparou um bom Estágio, de cerca
de 5 meses, onde tudo foi operacionalizado em função do grande evento (Jogo).
Foi exposta uma Ideia, uma Filosofia de Vida, em que tudo girou para a
concretização da mesma.
Toda
a Intenção Prévia já existia há muitos anos. Já tinha sido imaginada pelo
Professor desde o momento da morte do seu pai. Mas só com a presença dos 8
assaltantes ele conseguiu Modelar essa mesma Ideia. O Professor, mesmo depois
de já ter um bom conhecimento dos seus “Jogadores” conseguiu compreender melhor
as suas dinâmicas e hierarquias grupais, para poder tirar o melhor de cada um
neles próprios e no todo.
É
verdade que se trata de uma série de ficção que ajuda a que muitas variáveis
aleatórias não existam, mas todo aquele período do Estágio foi
extraordinariamente brilhante do ponto de vista estratégico. Saber
meticulosamente o que fazer ao longo de todo o Assalto, preparar a equipa para
possíveis debilidades próprias, contar com períodos de fadiga, antecipar
potenciais ataques da polícia, sempre num ambiente rico do ponto de vista da
emoção e da aprendizagem.
Foi
sobretudo aqui, a ver este Treino, que mais nos questionámos a nós próprios. Há
vários anos que temos uma Ideia de Futebol, mas só ao ver a série percebemos
que não é suficientemente rica para poder vir a singrar em termos competitivos.
Ao vermos a série começámos a pensar de uma forma ainda mais Complexa, Sistémica
e Caótica sobre o Jogo e as suas Nuances e Detalhes.
Verificámos
que não colocamos “ses” suficientes no nosso Modelo de Jogo Ideal, ao nível das
diferentes escalas de organização, não conseguiremos ter a adaptabilidade e
diversidade de respostas – soluções – para os diferentes questões – problemas –
subjacentes a cada jogo.
Sem comentários:
Enviar um comentário