sexta-feira, 20 de março de 2020

La Casa de Papel e a semelhança com o Futebol


Seremos só nós a encontrar muitas semelhanças entre a Equipa do Atraco da Casa de Papel e uma Equipa de Futebol de topo da Liga dos Campeões?

Ao avançarmos pela série a dentro, ficámos cada vez mais fascinados com as semelhanças que existem entre o Professor e aquilo que achamos ser um Treinador de Rendimento Superior. A obsessão pelo detalhe, o poder de antecipação de comportamentos internos e externos ao seu grupo, a gestão emocional daquilo que é um acontecimento extremamente intenso e fatigante, foram valências que vimos no Professor que nos levam a querer projectá-los para o nosso mundo de Treinadores…

Tudo começou na selecção dos melhores assaltantes. O Professor, mediante as necessidades estratégicas que tinha, fez uma selecção daqueles que considerou serem os melhores executantes de determinada labora. Pelo que inferimos da série, os assaltantes foram escolhidos pelas suas competências técnicas, mas também pelas suas características humanas. Ou seja, para além de serem extremamente competentes nas suas tarefas específicas, teriam de funcionar bem numa escala mais macro.
Embora não tenha sido discriminado durante os episódios, não achamos que seja por acaso que o Professor tenha escolhido os nomes das cidades que escolheu para os seus colaboradores. Homens frios do leste com nomes de cidades escandinavas; Nairobi, uma mulher bastante calorosa e afável; Moscovo, um homem industrial, de valores e da velha escola… e por aí em diante, mostrando a importância do lado humano na construção de todo o assalto.

Após esta primeira fase de recrutamento, o Professor passou à fase de preparação. Fazendo uma analogia ao Futebol, o Professor preparou um bom Estágio, de cerca de 5 meses, onde tudo foi operacionalizado em função do grande evento (Jogo). Foi exposta uma Ideia, uma Filosofia de Vida, em que tudo girou para a concretização da mesma.

Toda a Intenção Prévia já existia há muitos anos. Já tinha sido imaginada pelo Professor desde o momento da morte do seu pai. Mas só com a presença dos 8 assaltantes ele conseguiu Modelar essa mesma Ideia. O Professor, mesmo depois de já ter um bom conhecimento dos seus “Jogadores” conseguiu compreender melhor as suas dinâmicas e hierarquias grupais, para poder tirar o melhor de cada um neles próprios e no todo.

É verdade que se trata de uma série de ficção que ajuda a que muitas variáveis aleatórias não existam, mas todo aquele período do Estágio foi extraordinariamente brilhante do ponto de vista estratégico. Saber meticulosamente o que fazer ao longo de todo o Assalto, preparar a equipa para possíveis debilidades próprias, contar com períodos de fadiga, antecipar potenciais ataques da polícia, sempre num ambiente rico do ponto de vista da emoção e da aprendizagem.

Foi sobretudo aqui, a ver este Treino, que mais nos questionámos a nós próprios. Há vários anos que temos uma Ideia de Futebol, mas só ao ver a série percebemos que não é suficientemente rica para poder vir a singrar em termos competitivos. Ao vermos a série começámos a pensar de uma forma ainda mais Complexa, Sistémica e Caótica sobre o Jogo e as suas Nuances e Detalhes.

Verificámos que não colocamos “ses” suficientes no nosso Modelo de Jogo Ideal, ao nível das diferentes escalas de organização, não conseguiremos ter a adaptabilidade e diversidade de respostas – soluções – para os diferentes questões – problemas – subjacentes a cada jogo.

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