domingo, 6 de março de 2016

Notas sobre o jogo do título (?)


Considerado na comunicação social como o Jogo do Título (quando ainda faltam 9 jornadas achamos um exagero) muita expectativa criámos sobre este derby onde muito se lutou mas nem sempre se jogou…
O jogo entrou a um ritmo alto, intenso, mas sobretudo emocional. Ambas as equipas, quando em posse, cometeram muitos erros e fartaram-se de perder bolas. Constantes contactos físicos não deixavam tempo-espaço para uma eficácia desejada pelos seus treinadores. Ao nível da intencionalidade da decisão os jogadores não entraram nada bem, estando o jogo em constante reboliço táctico-técnico.
Somos bastante admiradores da qualidade demonstrada pela “armadilha” do fora-de-jogo promovida pela linha defensiva do Benfica. No entanto, a única vez que nos recordamos que esse comportamento tenha falhado, veio a originar a bola à trave do Jefferson, o que demonstra a necessidade desse comportamento ter de ser extraordinariamente exímio. Caso contrário pode ser fatal por apanhar a equipa em contra-deslocamento com os seus adversários.
Durante a primeira parte, ambas as equipas privilegiaram o seu processo ofensivo pelo lado dos bancos de suplentes. O Benfica, sobre a sua esquerda, a tentar explorar a profundidade do João Pereira e a relação entre este e Coates; e o Sporting, pela direita, a procurar massacrar o jogo defensivo do Eliseu.
Em especial após o golo marcado, o Benfica parece mais forte a nível táctico-psicológico. O golo serviu como um balão anímico que tornou a equipa mais calma, serena, a lidar melhor com o derby. Mesmo com o jogo a ser jogado a um nível táctico-físico muito intenso, o Benfica pareceu estar mais tranquila. Coincidência ou não, o treinador do Sporting até se mostrou muito mais sossegado do que é costume, ao contrário da sua equipa.
Muita falta fez o William Carvalho ao Sporting durante a primeira-parte. Também Bryan e João Mário não tiveram a bola como deveriam, mas sobretudo o luso-angolano realizou uma primeira-parte muito passiva. Parece que está mais lento e pesado que o melhor William que conhecemos. Muito ausente na construção e pouco agressivo a defender. É estranho que um jogador tão forte na dimensão táctica tenha sido um jogador meramente reactivo e não proactivo como se deseja que seja um jogador de top.
O Sporting entrou com ligeiro ascendente na segunda parte, embora tivesse sido propositado pelo Benfica, na nossa opinião. A estratégia defensiva do Benfica foi mais expectante, com os seus médios mais contidos na pressão. Foram uns primeiros 15min igualmente intensos mas mais bem jogados comparados aos primeiros 15min do jogo.
Já com William “em campo”, o futebol do Sporting foi outro. A vontade em assumir o jogo, em ter a bola e em fazê-la chegar com qualidade aos seus companheiros ajudou imenso a melhorar o jogo ofensivo (e defensivo também) do Sporting.  
Com excepção do André Almeida que foi batido várias vezes individual e grupalmente pelos seus adversários, a linha defensiva do Benfica foi fortíssima ao nível da concentração e sobretudo do desarme. Lindelöf tem crescido bastante nas últimas duas épocas e parece estar cada vez mais competente. Foi muito melhor ontem – em termos individuais e sectoriais com André Almeida e Jardel – do que foi com o FC Porto, deixando adivinhar um salto na sua carreira. Mesmo que continue dentro do Benfica, não acreditamos que continue como 4º defesa-central.
Quando muito se admira a “entrega” do Renato, nós julgamos que o miúdo deva começar a correr menos. Por mais do que uma vez, a sua linha de pressão  (diferente da linha de pressão do Samaris) foi ultrapassada por se “entregar” de mais ao jogo, saindo da sua zona de contenção para pressionar a linha defensiva do Sporting de uma forma individual e descontextualizada daquela que era a atitude dos os seus colegas.  
A quantidade de passes falhados pelo Sporting é preocupante para uma equipa de top. Acreditamos que uma equipa que ambicione ser campeã tenha de ser bem mais forte neste capítulo. Das duas, uma: ou melhoram bastante a precisão táctico-técnica do passe; ou gerem melhor a decisão-acção de risco que tantas bolas os obrigam a perder.  
Quanto mais se aproximava do fim do jogo, mais o Benfica se mostrava eficaz a defender e o Sporting desorganizado a atacar. As substituições do Sporting foram inconsequentes e a criatividade tão necessária para desmantelar uma estrutura defensiva tão forte como foi a do Benfica – a par da linha defensiva, Samaris esteve exemplar – não apareceu quando mais os “leões” precisavam.

Com 9 jornadas para o fim, muitos pontos se podem perder. Mas sobretudo muitos pontos ainda há para jogar, e nesse capítulo, o Benfica parece estar à frente…   

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