quinta-feira, 31 de março de 2016

Entre-Linhas com Gil Sousa

Para esta nossa primeira conversa, temos o privilégio de conhecer melhor as ideias de Gil Sousa, treinador e colaborador do Talent Spy – plataforma de futebol especializada em observação. Em especial, quisemos saber sobre o seu trabalho diário na identificação e desenvolvimento de talentos no futebol.
Conhecemos o Gil numa formação de Coerver Coaching em Braga. Nesse evento ele logo mostrou ser uma pessoa de partilha e de paixão pelo futebol, manifestando interesse em saber mais sobre os formandos que o rodeavam.
Com passagens pelo futebol de formação – com destaque para o Dragon Force, EA Sporting e o GDU Torcatense - e pelo futebol semi-profissional – SC Maria da Fonte e FC Tirsense, o Gil colabora ainda com a empresa TalentSpy, especialista no Scouting de jogadores de futebol.
Pelo seu currículo e pelas suas vivências pretendemos vir a aprender muito com ele nos próximos parágrafos…

1.            Quando na investigação científica se procura estudar o “Top” das mais diversas áreas de intervenção, tem-se concluído que existem determinados “parâmetros fantasma” comuns a muitos deles. Data e local de nascimento, resiliência, tipo de prática (especializada vs multidisciplinar), são parâmetros “ocultos” ao olho nu, mas que a comunidade científica julga serem cada vez mais importantes… Deverá o departamento de scouting de um clube olhar para estes elementos?

GS: Numa primeira fase não acredito.
O primeiro ponto que tem de nos prender é a qualidade, a qualidade do jogar… Agora esses aspetos mais invisíveis não deixam de ser importantes, até para compreender aquilo que é o jogador, tanto quanto ao seu jogar, como quanto ao seu lado humano. Na verdade isso trata-se de uma contextualização. E para contextualizar, quantos mais dados conseguirmos obter de forma fidedigna melhor. Mas sem nunca perdermos o foco naquilo que é o cerne da questão: a qualidade.

2.            Na nossa tese de mestrado, concluímos que 44% dos jogadores seleccionados para as diversas equipas jovens nacionais, dos Sub15 aos Sub21, eram nascidos no primeiro quartil de nascimento. Deverá a data de nascimento (em especial o quartil de nascimento) ser tida em conta na identificação e recrutamento de um jogador? E no seu desenvolvimento no treino?

GS: Não. Uma vez acredito que a qualidade do jogar tem de ser o fator que medeia tanto o critério de seleção, como o de desenvolvimento. Se há coincidências devemos é perceber o porquê de elas acontecerem. Isso é outro assunto e que pode estar relacionado com inúmeras questões. (Desde o facto de poder existir uma seleção natural, e com naturalidade, entre as próprias crianças, até ao passar dos anos em que de uma forma ou de outra, se esse factor maturacional tiver de facto alguma preponderância vai sendo dissipado na medida em que o jogador se aproxima do escalão sénior)

3.            No mesmo estudo, verificámos que mais de 20 jovens jogadores internacionais português nesses mesmos escalões compreendidos entre os Sub15 e os Sub21 nasceram na Guiné-Bissau. Por outro lado, Castelo Branco, Guarda e Portalegre, por exemplo, não “oferecem” nenhum jogador ao estudo. Partindo do pressuposto que não existe falsificação de idades – tão badalada quando se fala do futebol de formação em África – dos jogadores em questão, o que poderá ter este contexto de tão especial para ser tão profícuo na “criação” e desenvolvimento de jogadores talentosos?

GS: Voltamos à questão do desempenho, ou performance se preferível. Esses jogadores continuam a ter sucesso quando chegam ao escalão principal do futebol?! Tenho a querer que sim. Essa é principal questão, a qualidade que o jogador apresenta para vingar em diferentes contextos. “Nenhum vencedor acredita no acaso.”
Quanto à proveniência dos jogadores parece-me uma associação que faz todo o sentido. Mas isso é um fenómeno da sociedade. Cá em Portugal não há uma cultura relativa ao hóquei no gelo, por exemplo. O mesmo acontece em termos micros com as zonas do país de onde provêm neste caso os futebolistas. Mas isso não acontece só em Portugal. Acontece também nos outros países, em alguns de forma mais evidente do que outros. É uma questão interessante para ser pensada até em várias vertentes, como também no caso dos clubes que formam mais jogadores a conseguir alcançar os principais patamares.
Tudo isto para não entrarmos num ramo da ciência que é a Epigenética, que também nos ajuda a compreender muito daquilo que é a influência do meio sobre o desenvolvimento de uma pessoa. Somos o que vivemos… E é natural que determinados meios propiciem influências que mais tarde vão proporcionar fortes vantagens ao jogador de futebol. Uma vez mais destaco, isto é como qualquer outra coisa na vida.

4.            Aquando da nossa presença na Academia do Ajax, foi-nos dito que determinados jogadores eram recrutados não para serem desenvolvidos mas para potenciar o desenvolvimento de outros jogadores. O jogador em questão era um sub13 bastante avançado maturacionalmente que com um perfil morfológico robusto ajudava a criar espaço-tempo para os seus colegas mais franzinos mas tecnicamente dotados conseguirem jogar mais e melhor… Estaremos nós a ser justos para com o primeiro e os segundos? Isto é, devemos nós estar a criar ilusões no grandalhão e facilitar a vida aos segundos?

GS: Esse jogador não pode vir a ser importante também no futebol profissional?!
Quando constituímos um plantel partimos de uma ideia, mas toda a ideia necessita de ganhar forma através dos jogadores, de um contexto… Se para o jogar que se procura fazer acontecer esse espaço é importante, acredito que vai ser tão importante hoje, como quando esses jogadores forem profissionais.
O mais importante é perceber as características dos jogadores e a forma como estes se podem relacionar indo de encontro a uma ideia (mais) comum.
O exemplo apresentado é ótimo! Ilusão seria abdicarmos de algo que necessitamos.

5.            Alguns clubes europeus utilizam sistemas de simplificação no que toca à identificação de jogadores talentosos. O original e o mais conhecido provém, precisamente do Ajax e chama-se TIPS onde as siglas são referentes à técnica, ao insight (podendo ser traduzido como inteligência), à personalidade e à velocidade. Na Premier League alguns clubes utilizam o TABS (talento, atitude, equilíbrio e velocidade) e o SUPS (skills, interpretação, personalidade e velocidade). É aceitável definirmos um jogador talentoso utilizando quatro parâmetros de avaliação? Se tivermos em conta que os domínios do expertise presentes na literatura são também quatro…

GS: Esses “sistemas” de…organização, mais do que simplificar permitem-nos organizar entre nós, profissionais técnicos. Em sociedade temos a necessidade de criar uma linguagem comum para nos entendermos, seja ela por figuras; verbal… Importa de facto saber trabalhar em equipa e conseguirmos relacionar informação. Não conseguimos estar em todo o lado ao mesmo tempo, e como tal não faz sentido cada um organizar as coisas à sua maneira. Precisamos de nos relacionar. (O futebol até nisso é um exemplo para a sociedade, enquanto jogo coletivo)
Mas na verdade também temos de estar despertos para o facto de que criar parâmetros é um caminho para “empobrecer” a informação. Com a criação de parâmetros aumentamos o risco de subtrair conteúdo ao potencial que as coisas possam alcançar, até em termos de descrição. Contudo, se tivermos atentos a este fator é já uma janela importante para estarmos mais preparados. Por exemplo, até a encontrar algum jogador que possa não se conseguir descrever (só) nesses critérios.
Em suma, respondendo concretamente à pergunta, considero que é possível definirmos um jogador através de parâmetros. O importante é criar um entendimento comum.

6.            Como treinadores, sobre que comportamentos individuais devemos nós focar o nosso processo de EnsinoAprendizagem para fazer crescer o jogador? Mesmo que determinado jogador seja bom, podemos sempre fazê-lo evoluir…

GS: É o contexto que nos dá as respostas. Tudo isso parte do jogo, ou dos jogos se preferirem. Um jogador pode numa época estar a sentir determinadas dificuldades, e num outro contexto apresentar outras que lhe sejam distintas até a esse momento. O crucial é nós estarmos familiarizados com o maior número de experiências até então, para que a nossa sensibilidade também seja capaz de poder perceber o que está a acontecer. Não acredito em checklists que nos permitam validar ou não um processo de crescimento. Aliado a isto temos de perceber se o jogador tem o mesmo entendimento que nós. Por vezes, é necessário preparar o jogador para também se adaptar… “evoluir”. Se o jogador não estiver preparado para receber informação, então estaríamos a falar de um processo de ensino, sem aprendizagem. Algo em que não acredito.

7.            Que estratégias no treino deverá utilizar o treinador para desenvolver determinado jogador com extremo potencial, quando o contexto em que ele está inserido não é o mais estimulante? Ou seja, por vezes existem jogadores que parecem estar um “patamar” evolutivo acima dos seus colegas… E quando isso acontece, não é fácil, no treino, conseguirmos que ele “cresça”…

GS: Todo o profissional quer ganhar, tanto o jogador, como o treinador. Quando estamos a ganhar sentimo-nos mais confiantes e até com mais prazer na forma em como as coisas se desenvolvem, é natural. Agora, mesmo na vitória é possível continuar a crescer e a melhorar. Aí entramos na dinâmica da transcendência, ou seja, ultrapassarmos o patamar do que já é conhecido. Isso parece-me o melhor até.
Fora da dinâmica da vitória o caminho do crescimento é o de ir encontrando o erro que nos permita resolver os nossos problemas. Neste caso, mesmos os “melhores” jogadores, dentro do processo coletivo, têm o seu respetivo enquadramento e responsabilidade. As coisas não existem de forma separada.

8.            O treino orientado para o desenvolvimento das capacidades individuais poderá ter um papel importante para a exponenciação do talento de um jogador? Se sim, quais as orientações pedagógicas/metodológicas em que se deve basear?

GS: O jogo diz-nos que precisamos do melhor de cada um. E quando percebemos que isso não se está a consumar temos de perceber com quem e de que forma. A partir do momento em que compreendemos a situação temos de ter a capacidade de metodologicamente nos organizarmos e constituir uma resolução no tempo para com os nossos problemas. O jogar vai estar sempre subordinado pela perspetiva coletiva, e dentro dessa esfera temos de perceber o timing certo na preparação para o jogo, por forma a limar as tais arestas individuais.
O treino proporciona-nos momentos para atingirmos o melhoramento de aspetos micro, isto é individuais.

9.            Nem todas as metodologias de treino são iguais, é um facto. Contudo, poderemos nós afirmar que existem determinados princípios metodológicos mais eficazes do que outros no processo de formação de um jovem jogador? Isto é, poderão os diferentes princípios metodológicos de treino ser considerados igualmente importantes na exponenciação do talento de um jogador? Ou deveremos nós optar por focar-nos enquanto treinadores em determinados princípios?

GS: A resposta à primeira e segunda pergunta é, claro que sim. A nossa base metodológica é a nossa conjetura sobre as coisas. Se quisermos, é aquilo que idealizamos para determinada forma de ser/estar. Esse ideal necessita de referências para que possamos ter uma lógica. E a lógica é que dá o significado ao contexto.
A lógica cria-se através da definição de princípios metodológicos, que nos vão permitir sistematizar e periodizar o nosso trabalho. Para vivermos de forma coletiva precisamos de uma organização, para que o sucesso possa emergir pelo todo. Agora, para mim essa organização tem de ser o mais natural possível.
Quanto à última pergunta torna-se vaga porque princípios podem ir em muitas direções, desde o jogo à minha vida pessoal – que procuro que não tenha de ser distinta do que é profissionalmente. E princípios não são leis. Uma vez mais, os princípios é o que define a lógica das coisas, e a lógica é o que dá significado ao contexto.

10.         Com que idade se deve começar a fazer um recrutamento de jogadores provenientes de áreas geográficas afastadas? Utilizando um exemplo concreto, acreditamos que é totalmente diferente para um clube como o Sporting CP recrutar para o seu plantel Sub11 um jogador da Amadora ou de Bragança…

GS: Nesse caso temos de estar atentos a um dado muito importante, o lado pessoal. O qual não pode ser descurado, nunca. Nada existe de forma independente. Ainda assim não é nenhum desses fatores que vai orientar o talento do jogador. Se um talento for detetado, seja com que idade for, o mesmo deve ser assinalado. E só a partir daí devemos então fazer o enquadramento de tudo o resto. Pois, por muito que às vezes estejamos desenquadrados com aquilo que possa ser um cenário normal, é apenas a norma e não a realidade de algo que desconhecemos. Concretizando, e partindo do exemplo apresentado: como sabemos que o jogador que encontramos em Bragança não possa estar ou vir a estar ligado a Lisboa, neste caso?! É apenas um cenário possível. Há que procurar saber…
Refletir sobre cenários hipotéticos leva-nos a uma grande margem de erro. Devemos procurar concretizar o mais possível.

11.         Existe a ideia no futebol de que “os melhores devem estar com os melhores para se desenvolvem melhor”. Por norma, deverá o jogador de formação optar por jogar nas competições nacionais quando é convidado?

GS:O melhor é quando nos sentimos bem. “A prática é o critério da verdade”. O mais importante é o jogador evoluir de forma consistente até alcançar o patamar profissional, e que um dia lhe permita ter a sorte de fazer daquilo que gosta uma profissão. Agora se o jogador se sente bem com desafios maiores, e que também sejam melhores, parece-me algo apenas com fatores positivos. Mas cada caso é um caso…


Com esta “conversa” ficámos a conhecer melhor as ideias do Gil e sobre a sua visão orientada para “ecologização” da problemática que é a identificação e o desenvolvimento do talento desportivo.
A ideia que mais retemos e partilhamos é mesmo a da necessidade de termos de saber contextualizar e relativizar as questões do treino e do recrutamento, olhando para ambas como questões específicas e complexas, fugindo das muitas leis “absolutistas” que muitas vezes assolam os pensadores do Futebol…


domingo, 6 de março de 2016

Notas sobre o jogo do título (?)


Considerado na comunicação social como o Jogo do Título (quando ainda faltam 9 jornadas achamos um exagero) muita expectativa criámos sobre este derby onde muito se lutou mas nem sempre se jogou…
O jogo entrou a um ritmo alto, intenso, mas sobretudo emocional. Ambas as equipas, quando em posse, cometeram muitos erros e fartaram-se de perder bolas. Constantes contactos físicos não deixavam tempo-espaço para uma eficácia desejada pelos seus treinadores. Ao nível da intencionalidade da decisão os jogadores não entraram nada bem, estando o jogo em constante reboliço táctico-técnico.
Somos bastante admiradores da qualidade demonstrada pela “armadilha” do fora-de-jogo promovida pela linha defensiva do Benfica. No entanto, a única vez que nos recordamos que esse comportamento tenha falhado, veio a originar a bola à trave do Jefferson, o que demonstra a necessidade desse comportamento ter de ser extraordinariamente exímio. Caso contrário pode ser fatal por apanhar a equipa em contra-deslocamento com os seus adversários.
Durante a primeira parte, ambas as equipas privilegiaram o seu processo ofensivo pelo lado dos bancos de suplentes. O Benfica, sobre a sua esquerda, a tentar explorar a profundidade do João Pereira e a relação entre este e Coates; e o Sporting, pela direita, a procurar massacrar o jogo defensivo do Eliseu.
Em especial após o golo marcado, o Benfica parece mais forte a nível táctico-psicológico. O golo serviu como um balão anímico que tornou a equipa mais calma, serena, a lidar melhor com o derby. Mesmo com o jogo a ser jogado a um nível táctico-físico muito intenso, o Benfica pareceu estar mais tranquila. Coincidência ou não, o treinador do Sporting até se mostrou muito mais sossegado do que é costume, ao contrário da sua equipa.
Muita falta fez o William Carvalho ao Sporting durante a primeira-parte. Também Bryan e João Mário não tiveram a bola como deveriam, mas sobretudo o luso-angolano realizou uma primeira-parte muito passiva. Parece que está mais lento e pesado que o melhor William que conhecemos. Muito ausente na construção e pouco agressivo a defender. É estranho que um jogador tão forte na dimensão táctica tenha sido um jogador meramente reactivo e não proactivo como se deseja que seja um jogador de top.
O Sporting entrou com ligeiro ascendente na segunda parte, embora tivesse sido propositado pelo Benfica, na nossa opinião. A estratégia defensiva do Benfica foi mais expectante, com os seus médios mais contidos na pressão. Foram uns primeiros 15min igualmente intensos mas mais bem jogados comparados aos primeiros 15min do jogo.
Já com William “em campo”, o futebol do Sporting foi outro. A vontade em assumir o jogo, em ter a bola e em fazê-la chegar com qualidade aos seus companheiros ajudou imenso a melhorar o jogo ofensivo (e defensivo também) do Sporting.  
Com excepção do André Almeida que foi batido várias vezes individual e grupalmente pelos seus adversários, a linha defensiva do Benfica foi fortíssima ao nível da concentração e sobretudo do desarme. Lindelöf tem crescido bastante nas últimas duas épocas e parece estar cada vez mais competente. Foi muito melhor ontem – em termos individuais e sectoriais com André Almeida e Jardel – do que foi com o FC Porto, deixando adivinhar um salto na sua carreira. Mesmo que continue dentro do Benfica, não acreditamos que continue como 4º defesa-central.
Quando muito se admira a “entrega” do Renato, nós julgamos que o miúdo deva começar a correr menos. Por mais do que uma vez, a sua linha de pressão  (diferente da linha de pressão do Samaris) foi ultrapassada por se “entregar” de mais ao jogo, saindo da sua zona de contenção para pressionar a linha defensiva do Sporting de uma forma individual e descontextualizada daquela que era a atitude dos os seus colegas.  
A quantidade de passes falhados pelo Sporting é preocupante para uma equipa de top. Acreditamos que uma equipa que ambicione ser campeã tenha de ser bem mais forte neste capítulo. Das duas, uma: ou melhoram bastante a precisão táctico-técnica do passe; ou gerem melhor a decisão-acção de risco que tantas bolas os obrigam a perder.  
Quanto mais se aproximava do fim do jogo, mais o Benfica se mostrava eficaz a defender e o Sporting desorganizado a atacar. As substituições do Sporting foram inconsequentes e a criatividade tão necessária para desmantelar uma estrutura defensiva tão forte como foi a do Benfica – a par da linha defensiva, Samaris esteve exemplar – não apareceu quando mais os “leões” precisavam.

Com 9 jornadas para o fim, muitos pontos se podem perder. Mas sobretudo muitos pontos ainda há para jogar, e nesse capítulo, o Benfica parece estar à frente…   

sexta-feira, 4 de março de 2016

O Olheiro sugere: Diogo Braz!

A par dos muitos jogadores de campo de qualidade que existem nos distritos de Viseu, Guarda e Bragança, também nas balizas se pode encontrar muita qualidade.
Com apenas 15 “aninhos” o Diogo Braz é um dos mais belos exemplos disso. Sendo ainda juvenil de primeiro ano, o Diogo disputa já a segunda-divisão nacional de Juniores A ao serviço do GD Moncorvo, depois de na primeira parte da época ter brilhado ao serviço do SC Mêda no nacional de Juvenis.
Nascido a 19 Julho 2000, o Diogo faz da técnica a sua maior qualidade. Tem uma boa colocação dos apoios, uma bela técnica de queda, é ágil e rápido nos reflexos e tem um bom jogo de mãos. No 1v1 é também bastante competente conseguindo por muitas vezes levar a melhor sobre os seus adversários.
Com os pés, o Diogo também se consegue notabilizar. Para a idade em questão, não é habitual existir um guarda-redes que consiga colocar a bola com tanta força e precisão como ele consegue, tendo já chegado a fazer assistências para golo durante a presente época.
Em termos tácticos, o Diogo precisa de melhorar a sua relação com a linha defensiva. Embora esteja sempre muito concentrado e controle muito bem a profundidade das bola longas, o mesmo não acontece na abordagem aos cruzamentos. Nessa situação ele opta quase sempre por jogar em segurança mantendo-se “entre os postes”. Contudo, muitos cruzamentos exigem-lhe que ele tome outro tipo de decisões, sobretudo naqueles em que a bola é cruzada para zonas muito chegadas à baliza e que precisam que ele adopte uma atitude mais proactiva. Talvez com uma maior comunicação e um maior à vontade em sair da sua zona de conforto, o Diogo consiga ser mais eficaz.
Já no processo ofensivo, ele é bastante comunicativo e bastante disponível à sua linha defensiva, estando sempre muito disponível para receber a bola, caso necessário.
Ainda em fase de crescimento e maturação biológica, o Diogo não tem, para já, a altura e dimensão atlética que muitos técnicos procuram num guarda-redes, podendo esse aspecto atrapalhar-lhe o desenvolvimento da sua carreira como jogador. Reconhecemos a importância desta dimensão táctico-física na posição específica de guarda-redes, mas acreditamos também que num escalão de Sub16 os treinadores deverão ser pacientes e tentar exponenciar antes, os seus atributos específicos técnicos de guarda-redes, enquanto aguardam que a natureza trabalhe o “resto”. O facto de já estar a ser convocado para os seniores mostra toda a sua capacidade potencial, com os seus "15 aninhos".
Como se não bastassem essas qualidades, o Diogo é um exímio defensor de grandes penalidades, tendo já defendido cerca de 10 penáltis!

Para além dos seus belos desempenhos na baliza, o Diogo brilha também na escola, onde tem apresentado excelentes notas. Como se não bastasse, o Diogo já se iniciou também na sua carreira como treinador de guarda-redes, tendo já colaborado com algumas selecções da Associação de Futebol de Bragança.