quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

O Olheiro sugere: Cristiano Ferreira!

O Cristiano Ferreira é um médio-centro Sub14 de características ofensivas que joga na equipa de iniciados (ao sábado) e de juvenis (ao domingo) do GD Foz Côa.
É um jogador que temos o privilégio de ter treinado desde os Sub10 até à época passada. Contudo, temos noção que a nossa influência no seu processo de aprendizagem do jogo seja ínfimo comparado ao que a Rua lhe tem deu e tem dado ao longo da vida. Isto porque o Cristiano é daquelas crianças que vem dessa grande academia de formação que é o Futebol de Rua.
Tem a técnica aprimorada, domina o jogo com os dois pés, é extremamente competente a atacar e forte a defender, dominando já muito bem os princípios específicos do jogo, é fortíssimo nas mudanças de direcção, muito assertivo no passe e cada vez melhor na tomada de decisão, é muito concentrado e esforçado, tendo ainda consigo toda a malandragem, as manhas e a rebeldia que o Futebol de Rua oferece às crianças.
Indo para uma observação ainda mais específica, existem alguns comportamentos que nos cativam muito neste miúdo: a sua qualidade a jogar de primeira, tanto no passe como na finalização, o seu domínio de trajectórias na realização do passe, sabendo ele quando é que tem de usar a parte de dentro/fora do pé, quando tem que usar o pé esquerdo ou pé direito e quando tem de jogar rasteiro ou levantar a bola do solo, e a sua criatividade e imprevisibilidade, que lhe permitem ter uma visão/interpretação do jogo muito acima da média para a sua idade.
Mas a característica que mais nos agrada nele é a paixão pelo jogo. A alegria que ele transporta para dentro de campo só por poder estar a fazer aquilo que mais gosta, deixa quem o vê contagiado com o seu estilo de jogo. Está constantemente à procura da bola para poder brincar com ela em campo como brinca com ela na rua. Gosta de fazer “rodriguinhos”, “cuecas”, “vírgulas” e todas essas habilidades, mas (quase) sempre no sentido colectivo, não tendo o hábito de as fazer apenas “por fazer”.
Outra ponto a seu favor é a sua resiliência. Ainda tão novo, e fruto de algumas contrariedades familiares, o Cristiano tem já alguma responsabilidade paternal junto dos seus dois irmãos, o que lhe enaltece ainda mais as suas boas notas escolares.
Mas como ele não é o melhor do mundo, é também importante realçar alguns comportamentos mais negativos da sua forma de jogar.
O Cristiano precisa de trabalhar bastante os seus apoios para o jogo. Sobretudo em processo ofensivo, está muitas vezes de costas para a baliza do adversário.
Também no plano emocional, embora tenha vindo a ganhar alguma estabilidade, ele tem o hábito de ser muito conflituoso e “aziado” quando as coisas não correm como lhe convêm, começando a “disparar” em todas as direcções mesmo quando as falhas são suas. Além disso, tem uma personalidade muito exigente com ele próprio e nem sempre consegue reagir bem às adversidades que o jogo lhe proporciona. Embora seja humilde, por vezes tem um discurso arrogante no balneário, fruto desse temperamento mais volátil.
Outra dificuldade que ele está a encontrar nesta época é a falta de adaptação táctico-física ao futebol de 11. Embora na época transacta, ainda como infantil, tenha realizado uma época inteira no futebol de 11, esta temporada não parece estar tão eficaz em acompanhar as exigências específicas do terreno de jogo. As distâncias maiores do campo de 11 implicam uma intensidade, uma velocidade, e uma resistência específicas que o Cristiano tarda em adaptar-se.

Reconhecemos que a nossa ligação emocional à criança possa estar a distorcer a nossa análise às suas competências como jogador. Mesmo assim, queremos julgar que o Cristiano deva ter uma oportunidade num clube de dimensão nacional, e que a qualidade é real. Se não tivesse a mínima qualidade não estaria na Selecção Sub14 da AF Guarda… 

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