segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Futebol de Iniciação - Uma questão de prioridades

No passado sábado estivemos presentes numa das muitas concentrações de futebol de iniciação que tomam lugar dos pavilhões/relvados/pelados por esse Portugal fora. Num torneio de Sub11, tivemos o privilégio de assistir (para além de treinar uma das equipas) ao desfrutar (?) do Jogo por parte de dezenas de crianças, que com muita alegria (?) procuram divertir-se (?).

Pois bem, os nossos pontos-de-interrogação presentes acima vão de encontro ao que são as nossas dúvidas sobre o propósito das pessoas que acompanham as crianças, nomeadamente os treinadores e os encarregados de educação.

Enquanto maior parte das crianças tentavam desfrutar do jogo com alegria e diversão, fruto da especificidade relativa à sua idade e à estrutura competitiva (na AF Guarda não há campeonato para escalões abaixo do Sub13), no banco e na bancada assistiam-se a comportamentos, no mínimo, desajustados com a própria intenção das crianças. E a pergunta principal é essa mesmo… este tipo de competições não está estruturado para as crianças se divertirem e manifestarem a sua aprendizagem? Ou está feita para as crianças ganharem?

Como “românticos do futebol”, acreditamos que  esta competição deve servir a criança (sim, criança!!!) como parte do processo aquisitivo de competências e comportamentos – como o treino também o deve ser – onde a valorização dessa aprendizagem deva sobrepor-se à procura de uma vitória. Assim, defendemos que os treinadores de iniciação procurem introduzir nas suas crianças as noções básicas da complexidade do jogo de futebol (perspectiva mais colectiva) e os comportamentos que à la longue lhes permitirão serem melhores jogadores (perspectiva mais individual).
Por isso temos como objectivos pedagógicos que durante a presente época as crianças sejam o mais capacitadas possível no entendimento dos oito princípios específicos de jogo – reconhecendo que nestas idades isso seja “apenas” uma introdução – assim como sejam competentes a valorizar determinados comportamentos-base individuais defensivos e ofensivos que os ajudem a ser mais fortes colectivamente:

            Defensivos – colocação dos apoios e orientação do adversário; e desarme-recuperação (não desarme-destruição).

            Ofensivos – colocação dos apoios; visão periférica; mudanças de direcção; finta-ilusão (enquanto comportamento de simulação e de “engano” sobre o adversário); passe “entre-linhas”; recepção orientada; cabeceamento.



É com base nestas crenças que cada vez mais valorizamos o processo de treino, e os detalhes da sua estruturação, tal como tentamos que os feedbacks direccionados às crianças sejam cada vez menos ruidosos – em decibéis e em importância…

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