No passado sábado estivemos
presentes numa das muitas concentrações de futebol de iniciação que tomam lugar
dos pavilhões/relvados/pelados por esse Portugal fora. Num torneio de Sub11,
tivemos o privilégio de assistir (para além de treinar uma das equipas) ao
desfrutar (?) do Jogo por parte de dezenas de crianças, que com muita alegria
(?) procuram divertir-se (?).
Pois bem, os nossos pontos-de-interrogação
presentes acima vão de encontro ao que são as nossas dúvidas sobre o propósito
das pessoas que acompanham as crianças, nomeadamente os treinadores e os
encarregados de educação.
Enquanto maior parte das
crianças tentavam desfrutar do jogo com alegria e diversão, fruto da
especificidade relativa à sua idade e à estrutura competitiva (na AF Guarda não
há campeonato para escalões abaixo do Sub13), no banco e na bancada
assistiam-se a comportamentos, no mínimo, desajustados com a própria intenção
das crianças. E a pergunta principal é essa mesmo… este tipo de competições não
está estruturado para as crianças se divertirem e manifestarem a sua
aprendizagem? Ou está feita para as crianças ganharem?
Como “românticos do
futebol”, acreditamos que esta competição
deve servir a criança (sim, criança!!!) como parte do processo aquisitivo de
competências e comportamentos – como o treino também o deve ser – onde a
valorização dessa aprendizagem deva sobrepor-se à procura de uma vitória.
Assim, defendemos que os treinadores de iniciação procurem introduzir nas suas
crianças as noções básicas da complexidade do jogo de futebol (perspectiva mais
colectiva) e os comportamentos que à la
longue lhes permitirão serem melhores jogadores (perspectiva mais
individual).
Por isso temos como
objectivos pedagógicos que durante a presente época as crianças sejam o mais
capacitadas possível no entendimento dos oito princípios específicos de jogo –
reconhecendo que nestas idades isso seja “apenas” uma introdução – assim como
sejam competentes a valorizar determinados comportamentos-base individuais
defensivos e ofensivos que os ajudem a ser mais fortes colectivamente:
Defensivos – colocação dos apoios e orientação do
adversário; e desarme-recuperação (não desarme-destruição).
Ofensivos – colocação dos apoios; visão periférica;
mudanças de direcção; finta-ilusão (enquanto comportamento de simulação e de “engano”
sobre o adversário); passe “entre-linhas”; recepção orientada; cabeceamento.
É com base nestas crenças
que cada vez mais valorizamos o processo de treino, e os detalhes da sua
estruturação, tal como tentamos que os feedbacks direccionados às crianças
sejam cada vez menos ruidosos – em decibéis e em importância…
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