sexta-feira, 19 de junho de 2020

Nuno Tavares e o que as suas recepções nos ensinam


Com uma filosofia de louvar, o Benfica tem feito uma “aposta” interessante nos seus talentos oriundos dos escalões de formação.

O lateral-esquerdo Nuno Tavares é um deles. Aproveitando a ausência de Grimaldo por lesão, Nuno Tavares mostra ser uma boa alternativa para o espanhol, sem, contudo, conseguir oferecer tanta qualidade quanto Grimaldo.

Admitimos que poderemos estar a ser um pouco injustos e a pegar no lado negativo da sua exibição. Mas mais do que personificar o caso do Nuno Tavares, quisemos reflectir sobre o que esse caso representa.

Após uma observação mais atenta à sua prestação no jogo contra o Rio Ave, e focando-nos exclusivamente na primeira-parte, verificámos que o jovem jogador manifestou constantes dificuldades na recepção de bola.

Reflectindo sobre o porquê destas dificuldades, reparámos nos comportamentos que a seguir enumeramos, e que julgamos terem de ser melhorados na equipa do Benfica para que o jogador possa ser mais consequente após o passe dos seus colegas. Sim, porque acreditamos que muitas vezes os jogadores só falham a recepção porque também há um passe fraco antecedente, acreditando que a recepção de bola não seja algo estritamente relacionado com quem a recebe.

  • Posicionamento em profundidade – aquando da bola no defesa-central do lado esquerdo, Nuno Tavares parece estar numa zona um pouco adiantada para ser uma linha de passe fluída. Ou seja, muitas das vezes tem de recuar alguns metros para poder receber a bola, já que se apresenta um pouco adiantado.

  • Orientação corporal – defendemos que, sempre que possível, a bola deva ser dominada com o pé mais afastado do passador, de forma a orientar a mesma para a progressão. Contudo, se não existir uma boa orientação corporal, tal comportamento individual não poderá ser executado.

  • Não domínio do pé não-dominante – é estranho que a top, numa das melhores academias do mundo, um dos seus “produtos” tenha tantas dificuldades em usar o seu pé não-dominante. Se o passe antecedente não tem essa preocupação, não deverá o jogador sentir-se minimamente confortável com o pé não-dominante?

  • Inteligência táctica do passador – com um volume de treinos tão grande no alto rendimento, não deveriam os colegas conhecerem-se melhor? Ou seja, o jogador que procura Nuno Tavares não deveria já saber das suas dificuldades na recepção de bola para quando esta vai para o seu lado direito do corpo? Tal como dissemos anteriormente, julgamos que a culpa de tamanho insucesso não é isolada do receptor…


Com estas considerações, poderemos dizer que algo no processo de treino do Benfica poderá ter de ser melhorado ao nível da escala mais individual. Mesmo tratando-se o Benfica de um dos maiores exemplos do alto-rendimento a nível mundial. Mesmo para alguém que tem uma “boa escola”, já que para além do Benfica passou ainda pelo Casa Pia e pelo Sporting, existe sempre espaço para a melhoria de determinadas capacidades mais ou menos individuais. Acreditamos que o Futebol ganhava bastante com esta preocupação…

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