sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Como se gerem 4 golos em 7 minutos!? As reviravoltas de Nicósia


Se há áreas no Futebol que nos sentimos confortáveis, esta, sem dúvida, não é uma delas.

Ao ver os resumos da primeira jornada da Liga Europa, vários foram os jogos que nos chamaram a atenção. Um, em especial, do ponto de vista da Psicologia.

Como gostamos de complexificar tudo, tentámo-nos colocar no papel dos Treinadores do jogo entre o APOEL Nicósia vs F91 Dudelange que acabou com o resultado favorável para os forasteiros por 4x3.

Em primeiro lugar, e olhando para a previsão do jogo de uma forma desinformada, não deixa de ser uma surpresa verificarmos esta derrota cipriota.

O APOEL, embora sem nunca se ter conseguido consolidar internacionalmente, é campeão no Chipre desde 2012/2013, com algumas prestações na fase de grupos dos últimos anos da Liga dos Campeões. Enquanto que o F91 Dudelange, embora também seja (tetra) campeão, vem do modesto campeonato luxemburguês. Julgamos por isso natural, e ao olharmos para o historial de uma forma bastante superficial, sermos levados a julgar que o APOEL seja o favorito a vencer esta partida.

Mais do que o resultado em si, o que mais nos fez reflectir foram aquela meia-dúzia de minutos no início da segunda parte em que assistimos a quatro golos marcados! Sim, do minuto 51 ao minuto 58 marcaram-se 4 golos!

Não descurando tudo o que já antecedeu desde o início da época, como por exemplo as trocas técnicas em ambas as equipas e o seu percurso nas diferentes fases de qualificação europeias, queremo-nos focar em aquilo que são aqueles minutos de alvoroço.

Mais do que respostas ou teses temos sobretudo muitas perguntas na nossa cabeça, quando assumimos o papel de um ou outro treinador desta partida.

Começando pelo da casa, Thomas Doll:
·         Que tipo de discurso poderá ter feito ao intervalo para contrariar o resultado negativo de 0x1, tendo em especial atenção o facto de ter feito logo duas alterações?
·         Como geriu o segundo golo sofrido minutos após ter feito essas alterações?
·         Como ajudou a dar a volta à desvantagem de 0x2 para 3x2 em apenas 4 minutos?
·         Como permitiu que a sua equipa perdesse novamente a vantagem, estando a equipa a jogar em casa e ser teoricamente superior?
·         Como conseguirá ultrapassar esta derrota num contexto mais instável como o sul-europeu um treinador vindo da europa central?

Passando agora para a cabeça de Emilio Ferrera:
·         Como geriu a alegria presente no balneário ao intervalo do jogo?
·         Que contributo negativo poderá ter tido na passagem do 0x2 para o 3x2 em tão curto espaço de tempo?
·         Que tipo de feedbacks deu aos 2 jogadores que entraram após a equipa ter ficado em desvantagem?
·         Como abordou o resto do encontro após a empate a 3x3, sabendo que estava a jogar num ambiente minimamente hostil?
·         Que transfer emocional poderá fazer para o campeonato interno sabendo que está nas últimas posições?

Por nos sentirmos mais confortáveis na dimensão estratégica do Jogo, descuramos muitas vezes aquilo que deverá ser a gestão psicológica individual e colectiva numa equipa. E conhecendo minimamente através da comunicação social o ambiente de um jogo em casa do APOEL, quão intenso deveria ter sido este jogo a nível Emocional para todos os seus intervenientes...

Com certeza estas 10 inquietações se poderiam ter multiplicado para termos uma vaga ideia de como foi vivenciar este jogo por dentro. Sim, porque ninguém vivencia sem Emoção, e nada melhor que 4 golos em 7 minutos para deixar qualquer um à beira de um ataque de êxtase. Em especial, quando passados mais alguns minutos verificamos que todo o esforço de uns cai em função da glória de outros.

O Tridente do AZ Alkmaar - Quando a todo é maior que a soma das partes


Temos visto alguns resumos da Eredivisie, um campeonato que gostamos de acompanhar dada a abordagem romântica que muitos treinadores têm sobre o Jogo.
Dentro de um estilo de posse o AZ Alkmaar tem sido das equipas que mais nos tem cativado, com uma criatividade e imprevisibilidade apaixonantes, sustentada numa constante mobilidade dos seus jogadores.
Individualmente Calvin Stengs, Myron Boadu e Oussama Idrissi têm-nos “enchido o olho”. São estes os jogadores que compõem a frente de ataque do AZ Alkmaar, e nos 12 jogos realizados até agora, divididos entre a Eredivisie e a Liga Europa, estes meninos de 20, 18 e 23 anos respectivamente, já marcaram 16 e deram a marcar 17 dos 26 golos concretizados pela equipa.
Até aqui, tratasse apenas de uma estatística interessante por parte deste trio de ataque. Contudo, houve algo que nos chamou a atenção ao vermos o resumo do jogo do empate contra o Partizan de Belgrado. O jogo teve o resultado final de 2x2, e para os holandeses quem marcou um golo, assistiu o outro. No caso Boadu e Stengs, um golo e uma assistência para cada.
Já nos tínhamos apercebido que existe na dinâmica ofensiva uma “química” muito forte entre os 3 jogadores de ataque, mas só com uma análise mais aprofundada constatámos que essa relação é verdadeiramente eficaz.
Peguemos nos dados dos 12 jogos realizados até agora pela equipa de Alkmaar sobre o ponto de vista reducionista: Stengs, 4 golos/7 assistências; Boadu 6 golos/6 assistências; Idrissi 6 golos/4 assistências.
Agora olhemos para os dados com uma visão sistémica: do total de 17 assistências para golos que este tridente realizou, 13 delas foram “internas”! Ou seja, de um desses jogadores, para outro desses jogadores.
Tendo ido por um caminho que não dominamos que é o da Estatística, tentámos justificar ou mesmo comprovar com estes dados que “o Todo é superior à soma das partes”. Ou seja, a qualidade e a força da relação que estes jogadores exercem entre eles é, a nosso ver, maior que a qualidade e a força (técnica, obviamente) individual que cada um tem.
São jogadores fantásticos, bastante evoluídos com um futuro muito promissor no Futebol Holandês, tendo, na nossa opinião, capacidade e potencial para chegarem a clubes com maior reputação a curto prazo – Stengs é quem vemos que possa vir a alcançar um patamar superior. Mas as dinâmicas que o tridente consegue criar entre si, é que são a essência da sua qualidade superior.   
Mérito para o seu treinador, Arne Slot, que tem feito um trabalho fantástico ao conseguir potenciar a qualidade das intra-relações deste tridente, sem nunca descurar as relações deste tridente com o resto da equipa – que ao contrário da imagem que podemos estar a passar, estão longe de estarem fechadas entre eles e os seus colegas.   

PS: os dados obtidos têm como referência o site zerozero.pt. Segundo outras plataformas, como o transfermarkt.pt os dados poderão ser diferentes.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

40km de Escolas de Futebol dos "TrêsGrandes"


Com cerca de 40 kms de distância, os “Três Grandes” estabeleceram-se com ainda mais força no centro de Portugal para a época 2019/2020.
Fornos de Algodres viu começar uma “Benfica Escola”. O Grupo Desportivo de Mangualde assinou protocolo com o Sporting Clube Portugal para ali funcionar um “Pólo de Recrutamento” e desenvolvimento de jovens leões. Viseu, novamente através do Clube de Futebol Os Repesenses receberá a 23ª “Dragon Force”.
Nada contra este tipo de protocolos e parcerias. Até porque já tivemos o privilégio de trabalhar numa Dragon Force e numa Escola Academia Sporting e quão enriquecedor foi para nós essa passagem… Mas volvidos alguns tempos, reflectimos bastante acerca do trabalho destes projectos.
O seu impacto é sempre extremamente positivo na comunidade. São habitualmente escolhidas pessoas extraordinariamente competentes para desempenhar as funções de Coordenadores, com experiência e conhecimento metodológico bem acima da média, que acabam por ser ao mesmo tempo excelentes formadores de treinadores (normalmente) locais.
Aqui é que entra a nossa admiração! Não devia esse trabalho ser feito antes pela Federação Portuguesa de Futebol ou até mesmo pelas Associações de Futebol? É vulgar ouvirmos/lermos dos românticos que “os Melhores Treinadores devem estar na Formação”. Então e os Melhores Treinadores de Treinadores, onde devem estar?
O que temos vindo a assistir nos últimos tempos é precisamente um aumento do papel de responsabilização dos clubes-mãe em formar treinadores. A Federação e as Associações de Futebol escusam-se do seu trabalho e estas filiais acabam por beber dos ensinamentos metodológicos e operacionais dos seus clubes-mãe tentando tirar os respectivos dividendos.
Do ponto de vista técnico os dados que temos obtido são positivos, pois o Futebol local acaba sempre por verificar uma melhoria do ponto de vista individual e colectivo. E isso é sempre o que importa mais!
Mas e o resto? Até que ponto deveremos continuar com o endeusamento dos “Três Grandes”? Por este andar, daqui a umas dezenas de anos podemos correr o risco de termos quadros competitivos formados apenas pelos Portos, Sportings e Benficas espalhados por Portugal…   

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Entre-Linhas com José Barbosa


O convidado desta vez para as nossas Entre-Linhas é o José Barbosa. Treinador da equipa Sub11 do Núcleo Sporting de Aveiro, já experimentou diferentes contextos e papéis competitivos, ocupando esta temporada um lugar de destaque neste novo projecto do Sporting CP.
Após termos privado com ele e de o termos ouvido numa palestra na cidade de Viseu, sentimos que seria uma pessoa extremamente interessante para ser “ouvida”, daí lhe termos dirigido o convite para responder a algumas das nossas curiosidades...


1.      Muitas vezes ouvimos ou utilizamos o conceito “Escola do Sporting”… o que é isso em termos metodológicos?
Não é nenhum segredo… aliás, hoje em dia não existem segredos, fórmulas mágicas ou metodologias perfeitas. Tudo depende do que queremos atingir daqui a X anos, e adotar a metodologia que achamos melhor contribuir para esse fim. A “Escola do Sporting” é normalmente associada a atributos como uma excelente capacidade técnica, velocidade, criatividade, espontaneidade etc… Em termos metodológicos é, basicamente, criar condições para que isso aconteça. Potenciar, fazer com que surjam esses comportamentos. O objetivo é formar atletas que se consigam adaptar a qualquer contexto, sistema tático, país, treinador, etc… a sua formação deve prepará-lo então para isso. É verdade que o jogo é coletivo, mas também é verdade que muitas vezes é o individual que desequilibra o coletivo.

2.      Cristiano, Quaresma, Figo, Simão, Nani… nenhum deles “nasceu” no Sporting… como é que nós treinadores podemos “dar à luz” – ou seja, potenciar o aparecimento em idades de iniciação – jogadores extraordinários que possam vir a ser como os grandes símbolos do Sporting?
Estamos a falar de atletas que, para além das horas de treino, tinham também imensas horas de prática, fora do treino. Tudo isso contribui para as preconizadas 10 mil horas de prática, valor médio, meramente indicativo, para se atingir a mestria. Essa prática, fora do treino, é normalmente um tipo de prática com diversos estímulos, adversário e colegas com diferentes idades, diferentes níveis de competência, diferentes campos, etc… Essa é a base que permite a evolução. O treino conduz, aprimora, e dá uma noção coletiva mais organizada. Contudo, dadas as alterações no estilo de vida dos jovens, o treino deve cada vez mais proporcionar o que a prática informal proporcionava. Para além disso, defendemos que não os devemos formatar para um tipo de decisão. A formação de um jovem jogador deve passar, na nossa opinião, por um leque de experiências distintas, para que o jovem atleta tenha de estar em constante análise/seleção das informações que o meio lhe transmite, e consequente decisão. O erro deve e tem de estar presente. É na tentativa, erro, ajuste, afinação que surge a evolução. Então, o treino deve procurar ser desafiante para que surjam alguns insucessos (sempre em equilíbrio com os sucessos), e que o jogador tenha de analisar o que aconteceu e ponderar sobre outras soluções. O caminho será sempre o da paixão pelo jogo, o combustível de tudo. O que estabelece compromissos, o que faz vencer sacrifícios, etc…

3.      Curiosamente, muitos desses símbolos da Formação Sporting mais recente, têm ligações bastante marcadas ao Futebol de Rua. Muitos treinadores se queixam do desaparecimento desta “Academia” mas poucos o tentam levar para o Treino. É possível fazê-lo? Sim, acreditamos que sim. Acima de tudo o treino deve ser um espaço de diversão, de cultivo da paixão pelo jogo. É neste ambiente que pretendemos que o talento cresça. Colocando contextos desafiantes, mas muitas vezes algo abertos, para que seja o próprio jogador a ter de tomar a melhor decisão para o momento, aprendendo com os sucessos e os insucessos. Na rua não havia regulamentos apertados que definissem muito bem os quadros competitivos. Então, ora jogávamos contra colegas mais novos, ora contra mais velhos. Meninos com qualidade, meninos sem. Bolas boas, bolas que se arranjassem. Balizas pequenas, balizas grandes etc…etc..etc… e isso fazia com que os jovens tivessem que estar constantemente em processo de afinação, consoante o contexto daquele dia. Sem ninguém a ensinar-lhe, sem ninguém a dizer: é por aqui, faz isto. Ora, tudo isto são condições que podemos replicar. Relações numéricas pequenas, para que haja o maior número de ações possível, exercícios competitivos, etc…


4.      Que importância o Laboratório de Optimização de Rendimento do Sporting dá à falta de literacia motora consequente à ausência das brincadeiras das crianças? Normalmente associamos o LOR do Sporting a um espaço de trabalho em idades não tão precoces… O desenvolvimento das capacidades motoras é realizado no campo até sensivelmente aos 13/14 anos, com especial enfoque nas capacidades coordenativas, agilidade, força e velocidade (de uma forma lúdica). Dado que a infância está muito diferente do que era, verifica-se cada vez mais essa iliteracia motora. Nestas formas lúdicas no início dos treinos, procuramos ir dotando os atletas do que eles já não trazem da rua. O início dos treinos parece uma aula de educação física, com meninos a saltar à corda, a rastejar, etc… Em idades superiores o trabalho é feito no campo e no ginásio, sob a coordenação do Prof. Carlos Bruno, especialista na área. Aí o planeamento é de acordo com as janelas de oportunidade de cada idade e as lacunas de cada um. Mas sempre com vista a potenciar e desenvolver o atleta no seu global.

5.      E quando já pegamos em jogadores mais velhos, que já ultrapassaram a idade óptima da aprendizagem técnica? É possível que eles melhorem exponencialmente ou irão ter sempre uma melhoria condicionada pela sua pequena bagagem adquirida? É sempre possível que ganhem algo. É claro que estamos a falar de uma capacidade que normalmente está associada ao talento inato, às experiências na infância, à tal literacia motora. Ainda assim, se são jogadores que foram recrutados para este contexto, é porque têm atributos que lhe garantem a integração no grupo. Depois, dada a periodização, mas acima de tudo o contexto – o facto de treinar num ambiente exigente onde as dificuldades são constantes – faz com que haja sempre novas aquisições e aperfeiçoamentos.

6.      Vivemos num Mundo cada vez mais apressado. Exige alguma fórmula mágica que potencie a velocidade de aquisição de competências técnicas nas crianças e jovens? Penso que o segredo é exatamente o respeito pela fases por que passa um jovem praticante de uma modalidade. Por vezes pode parecer que estamos a ir devagar, mas estamos no tempo certo, n ajanela de oportunidade certa, e é aí que “ganhamos tempo”. Se andamos fora dos timings, podemos ter que andar para a frente e para trás no processo, sem que saibamos muito bem onde estamos. E aí…. Por vezes a avaliação é uma, por vezes é outra…

7.      E ao contrário? Que factores criados pelo treinador poderão atrapalhar ou suspender o desenvolvimento de um jogador fazendo com que ele não corresponda a todo o potencial que se lhe antecipava? O não respeitar a individualidade e as etapas a percorrer. Como dizias na pergunta anterior, vivemos sempre apressados. E achamos que um menino de 10 anos, por ser dos melhores da sua idade (naquele momento), e por se perspetivar potencial, já deve ter adquirido este mundo e o outro. Quando mesmo os génios, também têm o seu tempo.



8.      Para além de treinador, existe uma presença muito forte do papel de Observador de Talentos na tua carreira… Existe alguma base de skills que seja transversal a todos os jogadores que tu identificas? Ou é a precisamente a individualidade, diversidade e a especificidade que cada jogador traz ao jogo, que tu tendes a procurar? Não é difícil sentarmo-nos na bancada e identificar quem é o melhor jogador daquele grupo. Contudo, o trabalho é um pouco mais difícil porque não procuramos o que é melhor no presente (que o pode ser por diversas razões), procuramos sim o que vai ser o melhor daqui a alguns anos. E para que não estejamos a tentar adivinhar, procuramo-nos agarrar a indicadores (estudados) que nos digam mais qualquer coisa para além do que estamos a ver. Aquilo a que te referiste: individualidade, diversidade, especificidade, é algo que distingue, ou seja, sim, procuramos isso.

9.      Que estratégias sugeres para esses miúdos que vivem focados em chegarem a patamares superiores, mas que muitas vezes não têm o melhor acompanhamento técnico por parte do seu clube (competências do treinador; contexto competitivo; nº de treinos)? No meio onde estamos inseridos não é fácil eles conseguirem fazer-se equivaler com outros jogadores quando treinam metade das vezes… Há vários casos de jogadores que chegam a alto nível e que vieram desses contextos. Os denominadores comuns são as horas de prática e a paixão pelo jogo. Normalmente esse ambiente a que te referes, é um ambiente que propicia uma maior literacia motora, tem esse lado bom. Depois, é ter aquela paixão que te faz jogar futebol em todos os tempos livres, todos os intervalos. Contra os mais velhos, mais novos, com balizas, sem balizas, bolas boas/más, em inferioridade numérica, etc…. Ou seja, experienciar, experienciar, experienciar. Horas de prática!

10.  Onde é que o Futebol de Formação em Portugal estará a falhar para cada vez mais vermos jogadores nascidos e desenvolvidos no estrangeiro serem chamados às selecções jovens nacionais, quando talentos nascidos na Guarda, Bragança, Castelo Branco, etc. são cada vez mais escassos ou não identificados como tal? Há muita coisa a falhar… Na minha opinião não há um acompanhamento efetivo de quem certifica os treinadores (Associações). Ou seja, lecionam o Curso, certificam, e já está. Poderia haver uma espécie de penalização como na carta de condução. Se o treinador não tem a conduta adequada às idades com que está a trabalhar, vai perdendo pontos na licença, até ter de tirar novamente o curso. A febre de querer ser treinador está no seu auge. Mas depois queremos ter a notoriedade da profissão. E como é que se consegue isso? Com resultados. É muito importante formar a ganhar, claro que é. Contudo, é fácil colocar uma equipa a ganhar, sem estar minimamente preocupado com a correta evolução dos jovens. À parte disso, todo o fenómeno do futebol influencia as expetativas dos treinadores, jogadores e pais. Quem é sempre o principal prejudicado? O jovem! Há ainda a questão do despovoamento do interior, o que faz com que hajam menos jovens a competir, o que naturalmente resulta em menos qualidade. Falando de outros aspetos que não apenas o processo formativo, sabemos que hoje em dia é bastante rentável para muitas partes, o negocio de jogadores estrangeiros.

11.  O que poderá levar a um clube como o Sporting não estar a conseguir acolher na sua equipa principal muitos dos jogadores que foram recentemente campeões nacionais nos escalões da formação? Isso não é bem uma verdade… É verdade que houve muito trabalho por parte dos outros clubes, que dificultou o nosso sucesso. Ainda assim, os mais recentes acontecimentos é que fizeram sair alguns dos jogadores que estariam a aparecer na equipa A. Francisco Geraldes, Daniel Podence, Rafael Leão, Matheus Pereira, Jovane Cabral, etc…. Temos de perceber que nem todos os atletas que jogam na formação de um clube grande, vão ser jogadores das equipas principais dos clubes grandes. Há um número limitado por geração. E a grande guerra é essa, tentar ficar com a maior parte da cota.