segunda-feira, 6 de julho de 2020

A Defesa a 5 na Liga NOS - o que os últimos jogos da época nos têm dito


Após a paragem forçada por causa do Covid-19, várias foram as equipas em Portugal que manifestaram em campo o recurso a uma estrutura defensiva composta por 5 defesas (ou 3 defesas-centrais, se preferirem).

Dos 6 primeiros classificados em Portugal, Sporting CP, SC Braga e Rio Ave, já utilizaram neste período uma defesa com três defesas-centrais, apesar das diferentes nuances estratégicas e dinâmicas estruturais de cada um.

A partir da observação de alguns jogos temos tirado alguns apontamentos acerca de pontos mais positivos ou negativos que essas dinâmicas posicionais nos têm mostrado.

Começamos pelo que constatamos de positivo.

1. boa associação numa primeira fase de construção, fruto de uma superioridade numérica em zonas mais recuadas do relvado. Quem procura uma construção através de passes mais curtos e apoiados, parece estar a conseguir ter uma maior facilidade neste sub-momento do jogo, utilizando muitas vezes 5 jogadores + o guarda-redes para “sair a jogar”;





2. variação rápida e eficaz do centro de jogo, de um corredor para o outro, devido a uma aproximação mais curta das coberturas ofensivas. Por estarem em grande parte das vezes três jogadores atrás da linha da bola, permite através de uma forma segura e eficaz, que a bola passe de um corredor lateral para o outro com relativa facilidade;

3. utilização do apoio frontal, facilitando a dinâmica do “terceiro-homem” em espaços mais adiantados, devido ao deslocamento do extremo para terrenos mais interiores. A largura é muitas vezes assegurada pelo ala, convidando o extremo a ir mais para dentro.



Contudo, nem tudo tem sido manifestado da melhor maneira.

1. dificuldades na ligação associativa entre o sector intermédio e o sector atacante, principalmente quando as equipas se encontram em posse em terrenos mais adiantados e o espaço para jogar é bastante mais reduzido, com o aumento do número de adversários;

2. dificuldade em atacar "por fora", por muitas vezes serem utilizados jogadores nestes espaços com mais dificuldades no momento ofensivo. Ou seja, como muitas vezes os alas são escolhidos predominantemente devido às suas competências defensivas, mostram alguma dificuldade no momento ofensivo, consequência de uma maior debilidade em acções como o drible, a finta, o último passe, etc.;

3. falta de complementaridade das duplas, seja a de duplo-pivot em meio-campo a dois; ou dupla de avançados, em meio-campo a três. Por ser uma estrutura que coloca muitas vezes estas duplas em inferioridade numérica, exige tacticamente muito dos jogadores, obrigando-os a serem bem mais fortes no seu todo do que a soma das suas partes.




Embora, sabendo que não deveríamos desassociar os momentos das transições, não o fizemos por opção própria neste texto, esperando reflectir sobre isso numa próxima vez…
Resumindo, e vendo jogar estas equipas com esta estrutura, verificamos que tem tudo para ter vindo para ficar.



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