domingo, 26 de julho de 2020

Onze Alternativo do Ano - Liga Nos 19/20


A poucas jornadas do fim, fomos desafiados pelo amigo Rui Pedro Pimenta para fazer o nosso “Onze Alternativo do Ano”. Dessa forma, quisemos excluir os jogadores que compõe os quatro primeiros classificados da presente edição da Liga Nos, dando espaço a jogadores menos mediáticos mas aos quais reconhecemos bastante Talento.

E se é verdade que concordamos com o Carlos Daniel quando nos diz que “o campeonato foi fraco, com poucas equipas a escapar à mediocridade” também reconhecemos que individualmente até foi um ano com muita competência, entre estreias, consolidações e regressos de muitos e bons jogadores.

Em relação ao nosso XI, o mesmo é escolhido segundo os referenciais comportamentais que nós mais apreciamos, sejam eles colectivos ou individuais. Sendo assim, poderemos estar a ser moldados por uma análise mais emocional e menos racional no que ao valor dos jogadores diz respeito.


  
Por fim, gostaríamos ainda de referir a nossa escolha para treinador. Como se exige talento para lidar com talento, escolhemos Carlos Carvalhal como aquele que para nós foi um dos melhores treinadores do campeonato. Em especial no plano da intencionalidade, o Rio Ave apresentou-se como a equipa mais rica do campeonato, pecando por vezes por alguma falta de estabilidade para se apresentar ainda de melhor maneira.

Numa época bastante atípica, aguardamos já pela próxima. Com a esperança que seja muito melhor do que aquela que hoje terminou…

domingo, 12 de julho de 2020

Os Pequenos Grandes Génios de La Liga 19/20


Na Espanha o tamanho conta. Quase todos os clubes da principal liga espanhola têm nos seus plantéis, pequenos génios que deslumbram talento pelos relvados do nosso país vizinho. De Brahim a Kubo, quisemos aqui nomear os que para nós são alguns dos “Pequenos Grandes Génios” de La Liga.

Contudo, não quisemos nomear jogadores como Modric, Marcelo, Hazard, Cazorla, Messi, Jordi Alba, Arthur ou mesmo Ansu Fati, que têm já o seu Talento consagrado no panorama internacional. Preferimos antes valorizar outros, que mesmo fazendo parte de alguns dos melhores clubes do mundo, ainda não atingiram o patamar que se prevê que eles atinjam.

Ou seja, colocando os nomes acima de parte, tal só vem comprovar o objectivo desta reflexão. Para os espanhóis, o tamanho conta!

Brahim – Real Madrid – 1,71m

Ainda com muita idade para crescer, nascido no ano vintage de ’99, Brahim é um médio ofensivo hispano-marroquino, formado no Malaga e no Manchester City. Canhoto, tecnicamente dotado, é muito forte no drible e na imprevisibilidade nos momentos de 1v1. Muitas vezes tenta, com sucesso coisas que só parecem ser  possíveis nos videojogos e no YouTube, mostrando um nível de relação bola/corpo, muito acima da média.
Está com dificuldades em se conseguir afirmar no Real, podendo não ter feito a melhor escolha na saída do Manchester City. Talvez lhe tivesse sido mais ideal um contexto com um nível de exigência ligeiramente inferior, mas que lhe permitisse, ao mesmo tempo, jogar ao mais alto nível.



Riqui Puig – Barcelona – 1,69m

O mais baixo desta lista. Puig é um médio-centro com perfil tipicamente blaugrana. Embora destro, parece jogar melhor sobre o lado centro-esquerdo. Identifica muito bem aquilo que é a dimensão do Espaço, tanto para jogar, penetrando com bola com relativa facilidade na estrutura defensiva do adversário – parece fazer a finta longe do seu adversário, como para fazer jogar os seus colegas. Parece mesmo que tem aquele sexto-sentido de premonição, por estar constantemente a ler o jogo para identificar espaços vazios. Tem ainda a capacidade de esconder a bola como poucos o fazem.
Formado no Barcelona, ainda não conseguiu estabilizar-se na equipa principal de uma forma tão recorrente como se antecipava. Daí muitos comentadores, acharem que uma saída do Barcelona faria crescer muito o jovem espanhol de ’99.



Óliver Torres – Sevilla – 1,75m

Um dos mais belos jogadores que passaram por Portugal nos últimos anos. Mais do que jogar, Óliver faz jogar a equipa, com a sua tomada de decisão fantástica, acompanhada por uma qualidade executória igualmente extraordinária. Tem muito passe nos pés, seja ele para perto, para longe, com o pé esquerdo ou com o direito. Se Puig domina o Espaço, Óliver domina o Tempo como ninguém. Acelera com tem que o fazer, e trava quando há pressa a mais, mostrando ser um jogador extremamente inteligente nesta leitura.
Oriundo das escolas do Atlético de Madrid, não é dos jogadores com o habitual perfil de Simeone, embora tenha feito mais de 30 jogos na época 2015/2016 sobre o seu leme. Outrora apontado como o “próximo Xavi” talvez tenha perdido esse comboio com épocas menos conseguidas no Porto, fruto de um modelo de jogo menos exploratório das suas capacidades.



Marc Cucurella – Getafe – 1,75m

Talvez o jogador menos virtuoso desta lista, mas dos mais eficazes nas suas acções. Faz com qualidade qualquer uma das posições do corredor esquerdo e parece também poder encaixar com qualidade em diferentes jogares. Daí não ser fácil identificar se é mais forte a defender ou a atacar. Tecnicamente dotado do seu pé esquerdo – não usa muito o direito – é bastante bravo e combativo, encarando o jogo sempre a altas velocidades. Cucurella tem ainda uma boa capacidade de último passe, levando 6 assistências na La Liga. 
Embora seja produto do Barcelona, não é dos jogadores que se note claramente essa escola, embora tenha traços comuns ao perfil blaugrana. Depois de empréstimos ao Eibar e ao Getafe, já estará certa a sua continuidade no clube madrileno.



Iker Muniain – Athletic Bilbao – 1,70m

Embora destro, joga habitualmente no lado esquerdo do ataque, procurando naturalmente os espaços mais interiores para assim poder usufruir melhor do facto de jogar com o “pé trocado”. Além disso, funciona muitas vezes como um segundo-avançado nas dinâmicas ofensivas do Athletic, procurando espaços deixados em aberto por Iñaki Williams. Com uma personalidade forte, é o capitão do Athletic, tendo também nos escalões de formação espanhola, desempenhado as mesmas funções. Com um drible curto, de muitas simulações e  pára-arranca,
Nascido e criado no Athletic, de lá nunca saiu, e corre o risco de nunca sair, seguindo a cultura de muitos outros grandes jogadores bascos, que permaneceram neste ambiente basco muito particular. Com 3 lesões graves ao longo da sua carreira, mesmo sem ainda ter completado 28 anos, fica a dúvida e o “se” poderia ter sido diferente sem essas adversidades.



Kangin Lee – Valencia – 1,73m

Sul-coreano canhoto, ainda com idade júnior (!!!), manifesta um estilo asiático muito presente no seu jogar. Tanto no lado mais colectivo, onde se mostra muito irrequieto na procura constante de linhas de passe; quer no lado mais individual, sempre muito ágil e rápido nas suas acções. É um jogador muito forte no 1v1, embora às vezes não tenha necessidade desse confronto, adornando por vezes demais essas suas acções. Isso mostra-se ainda mais um handicap, porque Lee até tem uma boa qualidade de passe, fazendo muito bem a ligação entre meio-campo e o ataque.

Embora tenha vindo para a Europa com apenas 10 anos de idade, não se nota muito. Está desde essa altura nos quadros do Valencia, mas a sua impressão digital futebolística ainda nos remete muito para as suas origens asiáticas. Tem ainda muito para crescer, e nada melhor que um bom clube espanhol para o fazer.


Enis Bardhi – Levante – 1,72m

Dos melhores jogadores Macedónios da actualidade, Bardhi é um médio-ofensivo destro, muito forte no último passe. Graças a uma excelente tomada de decisão e leitura de jogo enquanto tempo e espaço, Bardhi é o motor do jogo ofensivo do Levante. Embora jogue normalmente como médio-centro, gosta muitas vezes de fugir, literalmente, para os corredores laterais, para assim poder construir o jogo com menos adversários por perto. Bardhi é ainda muito forte nas mudanças de direcção e de velocidade quando encara os adversários em situações de 1v1.
Tem um percurso de carreira bastante exótico, saindo cedo do seu país para a Escandinávia. Contudo foi no Újpest da Hungria que alcançou um patamar qualitativo mais interessante, antes de ser recrutado pelo Levante. Tem sido associado ao Arsenal de uma forma muito intensa, e com a ligação do clube à Espanha, é bastante credível que essa mudança possa acontecer.



Rafinha Alcântara – Celta de Vigo – 1,74m

Internacional brasileiro já por duas ocasiões, o mais novo dos Alcântaras é um médio-centro canhoto com qualidade, tanto para defender como para atacar. Tecnicamente evoluído, não tem qualquer problema em ser agressivo a defender, indo muitas vezes ao choque na procura da conquista da bola, sendo um jogador com um número interessante de recuperações de bola. Quando está em terrenos mais próximos da baliza adversária, não tem qualquer problema em procurar o golo, através do remate exterior. De drible curto, mas pouco explosivo, tanto gosta de um futebol mais prático de toca e passe, como gosta de adornar os lances à bela maneira brasileira, com simulações de corpo e toques de habilidade.
Embora nascido no Brasil, é o melhor “produto” da geração de ’93 de La Masía, se considerarmos que Icardi não foi um “produto” acabado lá, tendo iniciado em 2007 o seu percurso na Academia do Barcelona. E desde então, nunca perdeu a ligação com os blaugrana, mesmo tendo já representado o Inter e estando já na sua segunda passagem pelo Celta. Contudo, e embora já tenha muitos quilómetros na Europa, há algo de muito brasileiro no seu Futebol.



Takefusa Kubo – Mallorca – 1,73m

Um dos jogadores mais empolgantes desta lista. Ainda um miúdo com idade júnior, já marcou 4 golos e fez 5 assistências em La Liga, sendo também já internacional japonês. Embora seja mais um canhoto, joga maioritariamente partindo do corredor direito para assumir o papel de organizador de jogo. Tem um footwork extraordinário, muito rápido e ágil na finta, mas também muito rápido e ágil na interpretação do jogo. Não se “esconder” do jogo é mesmo uma das suas melhores características, utilizando constantemente o “jogo de pescoço” para observar o que se passa à sua volta. Tanto “destrói” um adversário mais modesto como brilha contra o Real, Barça ou Atlético de Madrid. Por vezes parece entusiasmar-se de mais, perdendo um pouco o timing para tomar uma decisão mais acertada.
Veio em tenra idade para a Catalunha, onde se desenvolveu no Barcelona entre 2010 e 2015, antes de regressar ao seu país. Com muitos jogos pelo FC Tokyo, no início da presente temporada foi novamente recrutado para jogar na Espanha, fazendo neste momento parte dos quadros do Real Madrid. Depois de uma época brilhante ao serviço do modesto Mallorca, tem tudo para assegurar um lugar nos Merengues para a próxima época.



Estes foram apenas 9 dos pequenos grandes génios que brilham em Espanha.

Recordamos que a lista foi baseada na informação recolhida no site zerozero.pt e referente a jogadores com, no máximo, 1,75m de altura.

Ficou algum por referenciar?

segunda-feira, 6 de julho de 2020

A Defesa a 5 na Liga NOS - o que os últimos jogos da época nos têm dito


Após a paragem forçada por causa do Covid-19, várias foram as equipas em Portugal que manifestaram em campo o recurso a uma estrutura defensiva composta por 5 defesas (ou 3 defesas-centrais, se preferirem).

Dos 6 primeiros classificados em Portugal, Sporting CP, SC Braga e Rio Ave, já utilizaram neste período uma defesa com três defesas-centrais, apesar das diferentes nuances estratégicas e dinâmicas estruturais de cada um.

A partir da observação de alguns jogos temos tirado alguns apontamentos acerca de pontos mais positivos ou negativos que essas dinâmicas posicionais nos têm mostrado.

Começamos pelo que constatamos de positivo.

1. boa associação numa primeira fase de construção, fruto de uma superioridade numérica em zonas mais recuadas do relvado. Quem procura uma construção através de passes mais curtos e apoiados, parece estar a conseguir ter uma maior facilidade neste sub-momento do jogo, utilizando muitas vezes 5 jogadores + o guarda-redes para “sair a jogar”;





2. variação rápida e eficaz do centro de jogo, de um corredor para o outro, devido a uma aproximação mais curta das coberturas ofensivas. Por estarem em grande parte das vezes três jogadores atrás da linha da bola, permite através de uma forma segura e eficaz, que a bola passe de um corredor lateral para o outro com relativa facilidade;

3. utilização do apoio frontal, facilitando a dinâmica do “terceiro-homem” em espaços mais adiantados, devido ao deslocamento do extremo para terrenos mais interiores. A largura é muitas vezes assegurada pelo ala, convidando o extremo a ir mais para dentro.



Contudo, nem tudo tem sido manifestado da melhor maneira.

1. dificuldades na ligação associativa entre o sector intermédio e o sector atacante, principalmente quando as equipas se encontram em posse em terrenos mais adiantados e o espaço para jogar é bastante mais reduzido, com o aumento do número de adversários;

2. dificuldade em atacar "por fora", por muitas vezes serem utilizados jogadores nestes espaços com mais dificuldades no momento ofensivo. Ou seja, como muitas vezes os alas são escolhidos predominantemente devido às suas competências defensivas, mostram alguma dificuldade no momento ofensivo, consequência de uma maior debilidade em acções como o drible, a finta, o último passe, etc.;

3. falta de complementaridade das duplas, seja a de duplo-pivot em meio-campo a dois; ou dupla de avançados, em meio-campo a três. Por ser uma estrutura que coloca muitas vezes estas duplas em inferioridade numérica, exige tacticamente muito dos jogadores, obrigando-os a serem bem mais fortes no seu todo do que a soma das suas partes.




Embora, sabendo que não deveríamos desassociar os momentos das transições, não o fizemos por opção própria neste texto, esperando reflectir sobre isso numa próxima vez…
Resumindo, e vendo jogar estas equipas com esta estrutura, verificamos que tem tudo para ter vindo para ficar.