sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Cesc Fàbregas. O rapazito que já deu mais de 100 golos a marcar...

No Mundo contemporâneo cada vez mais apressado, tendemos a esquecer quem não o merece. O que é mau parece ficar. Já o genial precisa de ferramentas para ser relembrado.
Na presente época desportiva, isso está a acontecer com Cesc Fàbregas. Com um papel diminuto na estratégia de Sarri, os holofotes desapareceram daquele que foi um dos ícones de uma geração espanhola que reinventou o Futebol, e que desde 2004/2005 não faz menos de 30 jogos numa época, ao mais alto nível.

Nascido em 87, Fàbregas é um dos craques da classe vintage de La Masia, a mesma de Piqué e Messi. Quis Wenger que com apenas 17 anos, época de 2003/2004, Fàbregas iniciasse uma bela história de amor com a Premier League.

Embora só agora tornado oficial, a 31 de Dezembro de 2016 e 293 jogos depois da sua estreia para o campeonato, o médio-centro espanhol atingiu o record de menos jogos necessários para realizar 100 assistências para golo na Premier League.

Tentámos ver todas elas. Não conseguimos. Mas fomos à procura de padrões comportamentais que caracterizassem esta difícil arte que é a de dar golos a marcar.

Antes de mais, importa que referir que olhamos para Fàbregas como um dos melhores jogadores do Mundo a Passar a bola aos seus colegas. E quando falamos em Passar, escrevemo-lo com letras maiúsculas de propósito porque para nós o Passe não se mede só pela qualidade da sua direcção.

Aquilo que de melhor vemos neste que é um dos melhores é o seguinte: 
·         O domínio perfeito daquilo que são as trajectórias da bola – quanto a nós é uma das capacidades mais negligenciadas por quem procura qualidade num jogador. Contudo, a competência do domínio da trajectória antes e após a saída da bola do jogador é uma qualidade imprescindível para quem bate records no topo do Alto Rendimento. Fàbregas teria de fazê-lo e isso é visível ao longo de muitas das suas assistências em que usa bolas cortadas com o seu pé dominante para um lado ou para o outro; trajectórias aéreas mais directas ou mais altas; recurso a um pé ou ao outro para aplicar diferentes direcções; etc. Mais do que ter um conhecimento alargado sobre o Jogo que lhe permite fazer essa análise, Fàbregas tem depois a qualidade suficiente para ser eficaz na manifestação prática das mesmas.
·         O controlo exímio da relação entre o tempo e o espaço – Fàbregas manifesta uma qualidade soberba naquilo que é a sua interpretação em relação ao Espaço, nomeadamente àquele que possibilita ao seu colega ficar em posição de golo. Mais do que ele próprio estar no sítio correcto – o que grande parte das vezes parece acontecer, ele precisa é de fazer chegar a bola a determinado espaço específico. Contudo, o controlo do Espaço não chega por si só, precisa do devido ajuste em relação ao Tempo da acção. Por vezes o espanhol tem de antecipar, outras tardar e outras até continuar determinada linha temporal de circunstâncias do contexto que lhe permitam realizar o Passe para golo. Esta qualidade nota-se ainda mais na cobrança de bolas paradas, já que é através de cantos e livres indirectos que Fàbregas tantas vezes assiste;
·         A extraordinária Cultura de Jogo – sobretudo no processo ofensivo, o nº 4 do Chelsea tem um posicionamento fantástico naqueles que são os espaços que ligam meio-campo e ataque. Quer naquilo que é a colocação dos seus apoios, quer na sua visão periférica estática e dinâmica (consideramos aqui o seu constante mexer de pescoço), quer na interpretação da informação circunstancial do jogo, ou seja, aquilo que são as condicionantes que o levam a tomar determinada decisão. Parece haver um processamento quase cibernético daquilo que são o número e a velocidade de soluções que ele  pode oferecer à sua equipa para a resolução de determinado problema. Tal é ainda mais potenciado pelo facto do jogador ter tido a necessidade de se ajustar ao longo da sua carreira a Jogares bem distintos naquilo que é a sua matriz ideológica. Neste particular, acreditamos que a Escola que teve em La Masia foi bastante importante para a sua construção enquanto jogador tão culto e flexível (comportamentalmente falando).

Ainda estamos no início da época, é certo. Mas esperamos que esta ausência de referência a esta recordista mundial, seja apenas um lapso…