domingo, 2 de abril de 2017

Como se pode avaliar a qualidade do Treino sem o Jogo?

Ao contrário de muitas outras associações, a Associação de Futebol da Guarda, não tem um quadro competitivo regular para o escalão de Sub11.

Aqui, que é onde estamos inseridos, as equipas de “escolinhas” defrontam-se esporadicamente – normalmente de 3 em 3 semanas – em torneios de 4 equipas, alterando o futebol de 5, dentro de pavilhão, e o futebol de 7, nos estádios, dentro da própria época desportiva.

Pelo que já nos foi transmitido pelos coordenadores técnicos da Associação, esta estrutura competitiva vai de encontro às premissas definidas pela própria Federação Portuguesa de Futebol, que pretende dar um carácter bastante lúdico e recreativo à prática do futebol nestas idades.

Respeitando a filosofia da FPF e da AFG sobre este assunto, não podemos negligenciar as suas consequências no nosso Processo de Ensino do Jogo. Desde 7 de Fevereiro que temos estado a orientar o nosso treino para o futebol de 7, com uma estrutura de jogo diferente da usada nas épocas anteriores (passámos do 1x2x3x1 para o 1x1x2x1x2), exigindo uma adaptação diferente às suas diferentes dinâmicas. Acreditamos que as crianças estão a assimilar bem os princípios que balizam o nosso jogar, mas sobretudo estão a evoluir enquanto individualidade no Jogo.

É aqui que surge o derradeiro problema desta reflexão. Como poderemos nós dizer que eles estão a evoluir, a crescer, a desenvolverem-se se desde dia 7 de Fevereiro nós só ainda estivemos presentes num Torneio? Ou seja, como poderemos nós avaliar a qualidade do nosso processo de ensino e a qualidade do processo de aprendizagem das crianças se não realizamos jogos?  

Passámos a jogar com dois avançados, em vez de um – fizemos bem ou fizemos mal? Criámos o papel de organizador de jogo ao nosso médio ofensivo, com o intuito da equipa desenvolver jogadores que possam vir a ser excelentes nº 10 no futuro, fruto do desaparecimento deste modelo de jogador – certo ou errado? A dinâmica de coberturas defensivas é mais exigente por as equipas adoptarem normalmente um sistema diferente do nosso – somos mais ou menos eficazes a defender? O nosso defesa tem um papel mais redutor ao nível da progressão e construção mas mais especializado na organização defensiva – é ainda cedo para especializar tanto? Deixámos de ser tão largos a jogar – quem deverá assegurar a largura que falta, os médios, os avançados, depende de onde a bola está?

Julgamos que as respostas a estas perguntas não são imediatas e que só com a realização de vários jogos poderemos obter um esboço das mesmas.

É verdade que já deveriam ter sido realizados dois Torneios, fruto da falta de organização de um deles por parte de um dos clubes, mas não é mais verdade que existe um grande descompromisso por parte da Associação de Futebol da Guarda relativamente a estes escalões.

Acreditamos que já está na altura de se mudar o paradigma e ajustar o quadro competitivo, pegando no exemplo de outras Associações de Futebol, como é o caso da de Vila Real. Não estamos a falar de um processo competitivo baseado em classificações, pois acreditamos que não fará muito sentido nessas idades, mas sim de um quadro competitivo regular, com jogos semanais, semelhante a outros escalões mais velhos.


Talvez nesse momento o jogador e a equipa do distrital da Guarda comece a ser mais valorizado…

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