Quando um clube é
considerado bom na formação, um ponto que se exige que esteja presente nessa
qualidade é o recrutamento de jovens jogadores. Principalmente quando a
perspectiva resultadista está bem assente, e o clube tem algumas condições
financeiras para oferecer condições a jogadores de "fora", o recrutamento
é uma premissa diária na estrutura da formação. A maioria dos clubes utiliza e
precisa desse trinómio deteção, seleção e recrutamento de talentos, pois até os
melhores treinadores precisam de boas uvas para fazerem bons vinhos.
Esse mesmo aproveitamento
dos melhores, deverá surgir nos escalões jovens, para melhor potenciar todo o
processo de formação de determinado clube, onde o chamado “Departamento de
Scouting” tem o seu papel fundamental (Moita, 2008). Hoje em dia, o
recrutamento e toda a sua envolvência, chegou a um ponto bastante precoce, onde
a prospecção chega a idades tão precoces como absurdas!
Assim como os jogadores
começam a chegar às academias, escolas e clubes de futebol com idades bastante
reduzidas, chegando algumas crianças a essas instituições com apenas 3 anos de
idade (!) (http://www.portoccd.org/293), também o recrutamento se dá em crianças
com idades a partir dos 7 anos.
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Relativamente à questão do
“modelo/perfil do jogador” numa equipa de formação, concordamos que o mesmo
deva existir mas de uma forma bem flexível. No entanto, mesmo que este esteja
subjacente a um referencial ou a um padrão qualitativo, tal como por exemplo o
do Ajax, o “modelo/perfil de jogador” deverá ser, sobretudo, flexível e deverá
potenciar a adaptabilidade do jogador de formação a diferentes filosofias ou
modelos de jogo. Concordamos por isso com o Jean Paul (in Moita, 2008), na altura
diretor técnico da formação do Sporting, quando afirma que “o que faz sentido é
que nós sejamos capazes de formar jogadores aptos para se adaptarem a qualquer
modelo de jogo ou sistema”. Para isso acontecer caberá ao jogador ser
inteligente e autónomo para colocar em prática essa adaptabilidade.
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Assim, concordamos com
algumas das competências propostas por Proença (1982), que definem um bom
desempenho de função de Scout, como a imparcialidade, o conhecimento do jogo, a
mente aberta, o perfecionismo e o conhecimento dos jogadores da própria equipa
(para comparações) (Santos, 2012). Acrescentamos ainda o fator “sensibilidade”,
de interpretação de comportamentos positivos ou negativos em determinado contexto,
e o fator “conhecimento maturacional do indivíduo” relacionado com conhecimento
sobre o processo de maturação biológica do indivíduo.
Moita, M. (2008). Um
percurso de sucesso na formação de jovens de Futebol. Estudo realizado no
Sporting Clube de Portugal – Academia Sporting/Puma. Monografia não publicada, Faculdade
de Desporto da Universidade do Porto, Porto.
Proença, J. (1982). A
observação e a intervenção do professor. Ludens, 7, 33-44.
Santos, P. (2012). O modus
operandi de um Departamento de Scouting de Futebol – Estágio Profissionalizante
realizado na Futebol Clube do Porto – Futebol, SA. Relatório de Estágio Profissionalizante,
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Porto.