segunda-feira, 29 de março de 2021

A retoma do Futebol de Formação e os Essugos desta vida

"No regresso, na retoma, vão aparecer aqueles que são mais empenhados, dedicados, aqueles que realmente fazem do Futebol a sua Paixão." (Luís Dias, Futebol Total - Canal 11)

Ainda a propósito de Dário Essugo.

Vivemos um momento muito interessante para avaliarmos aqueles que realmente estão na busca do sonho do Futebol profissional. Aqueles que aproveitaram o tempo de pandemia de uma forma tão positiva quanto possível, continuando com a força emocional e mental necessárias para virem a atingir o sonho que tanto dizer querer alcançar.

Numa altura em que, se tudo correr bem, estamos perto da retoma do Futebol de Formação, existe muita expectativa daquilo que será o nível motor (já nem diremos técnico) das crianças e jovens.

Fica assim preparada a nossa pergunta para o primeiro dia de regresso aos treinos:
- será que te empenhaste e dedicaste o suficiente para alcançar o teu sonho no Futebol!?

quinta-feira, 25 de março de 2021

Relatório de Scouting #1 - Andreas Schjelderup

Parecem estar na moda os miúdos de 16 anos que jogam! Andreas Schjelderup tem estado em altas na últimas semanas. Um verdadeiro diamante nascido no
FK BODØ/GLIMT que está ser limado no FC Nordsjaelland.

👍É daqueles jogadores excitantes só pela forma como se relaciona com bola. O seu jogo de pés faz lembrar o daqueles jogadores habilidosos de Futsal, dada a relação tão próxima que ele tem com a bola, sendo por isso natural que a qualidade de drible é aquilo que nos chama mais a atenção no Andreas.
É um jogador muito ágil no 1v1, fazendo valer uma superioridade qualitativa individual num enquadramento colectivo. Ou seja, embora se faça valer do individual, não é individualista.
Destro, já marcou e assistiu com a canhota.

👎Precisa de melhorar a sua capacidade defensiva. Tanto a uma escala mais individual como colectiva, o Andreas mostra pouca agressividade e determinação no processo defensivo. Muitas vezes apenas "esboça" uma ligeira pressão ao portador da bola, permitindo que este tenha bastante liberdade para atacar.
Dado o posicionamento que ocupa muitas vezes em campo, que lhe exige maior competência defensiva, esta sua abordagem mais ligeira pode comprometer bastante a sua equipa, pelo que poderá ser necessário reflectir melhor sobre o seu posicionamento.

💡Fazer parte de um clube com a cultura de juventude do Nordsjaelland assim como de toda uma geração de talentos noruegueses, permite antever uma boa oportunidade de investimento neste jogador.
O facto de ter passado ainda pela formação do Bodø/Glimt antevê que Andreas esteja a criar boas bases desportivas e humanas para o futuro.
Mantendo a irreverência, imaginação e criatividade no seu jogar, estamos perante um miúdo que pode desbloquear individual e colectivamente uma estrutura defensiva adversária bastante coesa.

⚠️Trata-se de um miúdo com enorme potencial, podendo assim chamar a atenção de grandes clubes europeus, à semelhança do que fez outro talento adolescente Norueguês, Martin Odegaard. Caso desperte a atenção de colossos europeus, fica mais difícil para clubes mais humildes conseguirem adquirir o seu passe.
O facto de ainda ser bastante novo e vir a ser contratado por um clube de topo mundial, pode criar no jogador algum deslumbramento, sendo assim necessário avaliar melhor a componente emocional do jogador.



segunda-feira, 22 de março de 2021

Antony e a sua auto-avaliação

"Tenho muito que melhorar ainda...
A perna direita tenho que melhorar... Algumas vezes a moviementação, o posicionamento tenho que melhorar." (Antony)

Acreditamos que todos os jogadores queiram melhorar.

Aliás, através das redes sociais vemos que são muitos os exemplos de jogadores que tentam melhorar através da realização de treino complementares.

Treinos esses, maioritariamente realizados em ginásio. Ou seja, é hábito vermos jogadores a treinar "por fora" para serem mais rápidos ou mais fortes.

Mas não faria mais sentido vermos os jogadores que optam por realizar treino complementar a irem mais de encontro ao pensamento de Antony do Ajax!?

Se os jogadores dispendessem tempo de treino complementar a melhorar o pé não-dominante, a melhor a imprevisibilidade, a melhorar recepção, etc. como passam a dispender para tentarem ser mais rápidos e mais fortes, de certeza que teríamos um Futebol bem mais rico!

terça-feira, 16 de março de 2021

José Fonte e as suas parelhas


"Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és"

Johann van Goethe foi o autor desta célebre expressão que parece estar a ser imortalizada por José Fonte.

O defesa-central português tem mostrado que a idade é apenas um detalhe que está no cartão de cidadão, e não pára de ajudar jovens defesas-centrais a potenciar todo o seu Talento.

Virgil Van Dijk
Tiago Djaló
Dejan Lovren
Sven Botman
Toby Alderweireld
Gabriel Magalhães

Com esta lista podemos concluir que:

"Joga com o José Fonte, e serás dos melhores defesas-centrais da Europa."

quarta-feira, 10 de março de 2021

O orgasmo e a primeira fase de construção

"Agora o orgasmo no Futebol já não é o golo, é a primeira fase de construção. Atingem o orgasmo na primeira fase, para depois, por vezes, passarem aquela pressão e esticarem para a profundidade…”
Fernando Valente in Descodificando o Treino e o Jogo, de Rémulo Jónatas

Muitos dizem que é para atrair e ganhar espaço nas costas dos médios adversários... mas será mesmo com essa intencionalidade? 

domingo, 7 de março de 2021

Crítica de Leitura - "Descodificando o Treinador e o Jogo" de Rémulo Jónatas

Depois de termos acompanhado o Rémulo Jónatas e a sua “Quarentena da Bola” através das suas partilhas diárias em vídeo, achamos importantíssimo que as mesmas tivessem sido escritas em papel.

O autor do fenómeno achou o mesmo e criou o livro “Descodificando o Treinador e o Jogo – Do Jogo Pensado ao Jogo Jogado – Um guia completo” da editora Prime Books.

Contudo, desengane-se quem achaque o livro é uma transcrição linear das conversas em directo das redes sociais. Como o próprio disse “não escrevemos como falamos”, já que “a linguagem escrita pressupõe maior objectividade e uma maior atenção às normas gramaticais”. Além disso, com tantos “episódios” seria normal não ser possível passar todo o conteúdo das conversas para um só livro.

Ao contrário dos diferentes programas em directo, em que o mesmo estava direccionado para os treinadores convidados, e a temática subjacente ao seu domínio, o livro tem uma estruturação orientada para os diferentes tópicos descritos. Ou seja, dentro dos seus 11 capítulos, existem depois diferentes sub-temas que são abordados, estando aí descritos as linhas de pensamento de cada Treinador.

Por exemplo, no Capítulo 2 “Descodificando o Treino”, vários treinadores falam sobre “Exercícios de Treino; Criação de Exercícios; A Importância do Exercício; O Treino como Espelho do Jogo e como Mola e Molde de Comportamentos”.

 

O facto de ficarmos a saber através desta “Quarentena” como pensam e operacionalizam alguns dos melhores treinadores portugueses da actualidade, por si só, já era um facto de leitura obrigatória.

O livro está muito bem estruturado, ajudando o leitor a ter uma fluidez de leitura bastante interessante e conectada sobre as diferentes temáticas.

Por ser um livro em que achamos ser, fundamentalmente, de “Treinadores para Treinadores”, é muito rico e completo, já que toca nos mais diversos pontos de interesse sobre o Jogo e sobre o Treino.

Torna-se ainda mais importante para aqueles treinadores de equipas mais humildes que muitas vezes têm de assumir quase na totalidade os diferentes papéis de uma equipa técnica, sendo por isso e ao mesmo tempo os Treinadores Principais, Treinadores-Adjuntos, Treinadores de Guarda-Redes, Scouts, etc.

No entanto, por questões de proximidade de pensamento e de admiração profissional gostaríamos de ter lido mais vezes ao longo do livro, as ideias do Vítor Matos, Jorge Maciel e Vítor Severino.

 

Mesmo assim, foram vários os pensamentos sublinhados, podendo encher uma dúzia de folhas de citações que nos irão acompanhar nos próximos tempos. Para não sermos demasiadamente maçudos, deixamos aqui três transcrições de pensamentos de três treinadores diferentes.

Sobre o Jogo.

“Agora o orgasmo no Futebol já não é o golo, é a primeira fase de construção. Atingem o orgasmo na primeira fase, para depois, por vezes, passarem aquela pressão e esticarem para a profundidade…” Fernando Valente

Sobre o Treino.

“Num exercício o importante é avaliar o grau de satisfação dos jogadores, e não do treinador. Podemos achar que criamos um excelente exercício, mas se os jogadores não estão satisfeitos a realizá-lo, se não estão a conseguir captar o que queremos daquele exercício para o jogo, então temos que perceber que aquele não é o exercício certo. Porque os jogadores são quem defendem a forma de pensar do seu treinador.” Luís Castro

Sobre a Formação.

“Quando falo de futebol de formação em Portugal relembro sempre os casos do Bernardo Silva e do João Félix. Dois jogadores com um talento extraordinário, ninguém dirá o contrário, mas que tiveram muitas dificuldades em impor-se em algumas fases do seu percurso formativo. Ou seja, suscitaram muitas dúvidas àqueles que foram responsáveis pelo seu percurso de formação. E para mim isso só pode ser visto por um prisma: aquilo que as pessoas queriam não era que aparecesse o Bernardo Silva ou o João Félix que vemos hoje. Queriam sim era ganhar jogos e campeonatos.” José Boto

 

Para além de recomendarmos a sua aquisição e leitura, julgamos que este livro está muito bem elaborado para que todos os treinadores estruturem a sua linha de pensamento sobre as temáticas abordadas.

Ou seja, sugerimos que, através dos diferentes tópicos, criem o seu próprio livro, assentando em papel as ideias que têm sobre o treinador, o treino, sobre o jogo, sobre o treino dos guarda-redes, sobre a análise, o scouting e a identificação de talento, sobre o seu desenvolvimento, sobre a formação e sobre a gestão… a nós tem-nos ajudado imenso.

 

Assim sendo, resta-nos agradecer ao Rémulo e à sua “Quarentena da Bola” por este maravilhoso projecto transcrito para papel. Bem-haja.

segunda-feira, 1 de março de 2021

Simão Sabrosa e a questão de quem joga em função de quem

"Antes os laterais jogavam em função dos extremos.
Agora são os extremos que jogam em função dos laterais." Simão Sabrosa

Será uma simples moda!? Será uma evolução estratégica dos jogares!? Será uma necessidade das alterações funcionais destes jogadores!?

Ou estará Simão Sabrosa errado na sua visão!?