quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Obrigado Silas! Já abalaste o Futebol em Portugal!

O treinador Jorge Silas foi apresentado no passado dia 19 de Janeiro como novo treinador do histórico Belenenses.

Não somos do tempo em que o clube era um colosso nacional, mas crescemos a ver este clube repleto de jogadores interessantes. O próprio Silas foi um deles. Outros haviam como Tuck, Neca, Antchouet, Marco Paulo, Zé Pedro, Ruben Amorim, Rolando e André Almeida.

Desde logo o Silas, na sua apresentação, manifestou um discurso de quem pensa em grande, é ambicioso e tem paixão pelo clube por já ter passado alguns anos. E acreditamos que não o fez só da boca para fora, já que logo no dia a seguir conseguiu que o Belenenses empatasse com o Marítimo nos Barreiros.

E ao contrário do que muitas vezes acontece, houve coerência nas palavras de Silas com aquilo que o Belenenses manifestou com o Benfica.

Ficamos extraordinariamente encantados com a proposta do Jogar desta equipa. Fixação pela posse através do passe, com criação de linhas de passe constantes por parte dos colegas do portador da bola, crença na colectivização do jogo que foi desde o guarda-redes ao ponta-de-lança, transições em segurança para consequente valorização da bola, dinâmicas de espaço muito bem equilibradas e preparadas para possível transição defensiva e escalonamentos de coberturas muito bem distribuído na organização defensiva. E toda esta eficácia contra o tetracampeão português para valorizar ainda mais o feito de Silas!

Contudo, mais do que a tão romântica ideia de jogo, foi a sua concretização em tão curto espaço de tempo! Foi precisamente este hiato tão curto entre a sua apresentação e o jogo contra o Benfica que nos deixou estupefactos com aquilo que aconteceu.

Por aqui já falámos naquilo que são os Hábitos. Mas a transformação seja táctico-técnica ou emocional dos Hábitos operacionalizados do Domingos Paciência para os de Silas deixam qualquer especialista em Neurociências de boca aberta!

Ter a Ideia de querer jogar da maneira como jogou é uma coisa. Fazê-lo é outra totalmente diferente. E ou muito nos enganamos, ou o Treino não teve muito de escadas de coordenação, estacas e barreiras. Teve sim muitos contextos de propensão para que toda essa Ideia Macro fosse possível de se manifestar.

No entanto, apreciamos ainda mais o trabalho do Silas por ele ter conseguido que os seus jogadores acreditassem na sua ideia com uma crença, uma paixão e uma emoção tão grandes quanto aquela que mostraram no Jogo. Pois ver sair o primeiro “chutão” aos 90 e tal minutos contra um grande é um feito para poucas equipas.

O facto de ser um treinador “descredenciado” faz aumentar ainda mais o valor deste seu empate. Segundo as regras da Liga NOS, o Silas não tem a totalidade da certificação para ser treinador-principal nesta competição por não possuir o Nível IV de Treinador. Contudo, Silas mostra-nos que, por um lado, não são precisos canudos para mostrar a real competência do indivíduo; por outro leva-nos a inferir que ele valoriza o acto de treinar de uma forma partilhada com os seus adjuntos.

Em relação a este último ponto, Silas, escolheu nomes como Zé Pedro, um ex-colega de meio-campo no próprio Belenenses, que até se iniciou nas lides do treino de uma forma interessante ao serviço do Alcochetense. E Nuno Presume, ex-colega nos painéis da SportTV que pela obrigatoriedade regulamentar de ter alguém com o Nível IV na sua equipa técnica terá forçosamente de ser respeitado pelo próprio Silas. No caso de Nuno Presume, parece ser alguém que na teoria e comunicação social mostra excelentes análises daquilo que é o a complexidade do Jogo.


Esperamos muito que esta partida não tenha sido um acidente no caminho do Silas e que esta proposta de jogo lhe permita vir a alcançar todo o sucesso que merece. A jogar assim podemos não saber se ganha, mas estará mais perto de o fazer do que maior parte das outras equipas da Liga NOS.