quinta-feira, 17 de agosto de 2017

O 2x0 do Man United contra o West Ham - há faltas boas?

Com um jogar mais colectivo e menos vertical, o United venceu o West Ham por 3x0 na primeira jornada da Premiel League – versão 2017/2018.

Com dinâmicas mais móveis na sua organização ofensiva, colocando as suas linhas mais subidas e mais preparadas para uma transição defensiva em zonas adiantadas, o United deixou uma bela imagem daquilo que poderá ser o seu jogar ao longo da época. Esperaremos para ver se se mantém esta proposta, em especial contra equipas mais “perigosas”.

Contudo, essa reflexão sobre o seu modelo de jogo ficará para quando tiverem sido disputados mais jogos na Premier League.

O que aqui trazemos para reflexão, é o lance do segundo golo do Manchester United. Decorreu na segunda-parte, com o United já menos agressivo e pressionante mas mais expectante, que o irrequieto Rashford com a sua velocidade ganhou uma falta a Pablo Zabaleta.


O defesa argentino, experiente, antecipando o perigo que Rashford poderia provocar já no seu terço defensivo de campo, recorreu à falta para parar a jogada. Embora tivesse sido, a nosso ver, tecnicamente exemplar na primeira fase da abordagem ao lance, com um posicionamento corporal e com os apoios colocados devidamente, ao ver que não conseguia fazer mais contenção, atacou o seu adversário de uma forma mais displicente que transmitiu a sensação de que o seu objectivo foi mesmo a falta.

Após a infracção, o comentador SPORT TV Acácio Santos – canal que seguíamos para ver o jogo, classificou este lance como sendo um bom lance para Zabaleta, mesmo lhe tendo custado o cartão amarelo. O comentador refere que Zabaleta fez o que devia ter feito, pois caso Rashford passasse por ele poderia ter causado muito perigo.

No seguimento das palavras de Acácio Santos nós questionámo-nos: “e se esta falta dá golo?”

E aconteceu. Na cobrança do livre indirecto, Romelu Lukaku fez o dois-zero, com tarefa bastante facilitada por parte das marcações do West Ham, que deixaram que o adversário directo do avançado belga fosse o baixote Masuaku – lateral esquerdo.

Por esta e por outras razões, temos muitas dúvidas sobre a importância das faltas. Em especial quando já são cometidas em zonas do campo que permitam ao adversário cobrar livres directos ou indirectos para a grande-área. A nosso ver, a utilização deste recurso é ainda mais perigosa quando o adversário se apresenta muito forte nos esquemas tácticos e/ou a nossa equipa apresenta algumas debilidades nos mesmos. 


Além disso e pegando nas palavras de Acácio Santos deixamos a nossa reflexão final. Não queremos estar a complicar o Futebol, mas para nós as “verdades absolutas” só são válidas noutras ciências. Como nos dizia o Professor José Guilherme Oliveira nas suas aulas de Futebol na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto quando lhe fazíamos uma questão: “Depende”… 

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

O 3v2 de Pogba

O Real Madrid venceu o Manchester United por 2x1, na Supertaça Europeia.

Contudo, um dos lances do jogo mais discutidos foi a falta de qualidade demonstrada por Pogba na tomada de decisão de uma situação de 3v2, quando a partida ainda estava empatada a zero.



Lembrámo-nos logo de um episódio com Fernando Valente. Aquando de um Congresso de Futebol na UTAD, o treinador português abordou a necessidade prioritária dos seus jogadores saberem resolver bem este tipo de situações. Chegou mesmo a referir que apenas passava para um nível de complexidade mais exigente, quando a taxa de sucesso dos jogadores em superioridade numérica nesta situação mais “simples” de 3v2 fosse bem elevada.

Toda essa intencionalidade ideológica foi partilhada em vídeo, mostrando a importância e a valorização que Fernando Valente dá ao sucesso destes comportamentos em jogo.

Esse proposta de Fernando Valente criou-nos impacto e fez-nos valorizar mais em Treino e em Jogo a eficácia e eficiência destes confrontos.

Mesmo em idades mais precoces, no caso Sub11, dedicámos ao longo desta última época muitos exercícios para que as crianças fossem capazes de ter uma taxa de sucesso elevada nas situações de 3x2.

Curiosamente, Pogba resolveu da mesma forma que as nossas crianças resolviam no início, antes das nossas sugestões: conduzir a bola de forma vertical e chutar. Achamos que esta não é solução ideal para resolver o problema, embora também possa ser considerada válida.

Às nossas crianças sugerimos então o seguinte: que a condução deve ser feita em diagonal, seja para atacar o adversário – fixando-o – ou atacar o espaço; e que a própria corrida de desmarcação do colega deve também ser diagonal, confundindo o adversário com uma mobilidade mais aleatória e caótica. Chamamos ainda a atenção para a necessidade dos movimentos das deslocações não serem feitos somente no sentido do eixo do corredor central, impedindo que se criem comportamentos de “afunilamento”. Assim, entre os dois jogadores mais extremados deve existir largura suficiente para se criarem diagonais eficazes.

De salvar que esta é apenas a nossa proposta, já que acreditamos que seja a que melhor cria condições para que os 3 consigam ultrapassar os 2 que lá aparecerem.


Por fim uma referência a José Mourinho. Será que um treinador que tanta importância dá à dimensão estratégica do Jogo não terá treinado esta problemática? Será que treinada, Mourinho considera o “avança e chuta” como a decisão prioritária? Será correcta a sangria feita a Pogba se o jogador é guiado pelo modelo de jogo do seu treinador?

Fonte do vídeo - Domínio Táctico:

https://www.facebook.com/Dom%C3%ADnio-T%C3%A1ctico-386490444850972/?ref=br_rs